Poucas vezes uma unanimidade de repúdio à Assembleia Legislativa movimentou tanto as redes sociais e os espaços destinados a leitores, ouvintes e telespectadores quanto uma estrovenga em forma de projeto de lei apresentada pelos deputados Catarina Paladini (PSB), Manuela D'Ávila (PCdoB), Pedro Ruas (PSol), Miriam Marroni e Jéferson Fernandes, ambos do PT – passagens gratuitas para detentos e seus familiares em diversas situações.
Quem ainda se espanta com tais propostas vive num mundo fora de nossa realidade, pois a proposta era mais um bode na sala, um balão de ensaio, um jabuti num galho de árvore, um fake ideológico na base do se colar colou.
Diante da verdadeira revolta dos cidadãos de bem, do protesto do ainda restante lado decente deste estado, o recuo dos autores foi geral e agora ninguém mais se responsabiliza pelo desatino que seria cometido contra quem é honesto, trabalha, paga seus impostos e ainda é assaltado por alguns desses que seriam beneficiados pelo projeto.
Nesta terça-feira, depois do clamor popular pelas redes sociais, o projeto foi retirado e começou um jogo de empurra para se saber a paternidade da aberração. O deputado Catarina Paladini disse na sua página no Facebook que “o projeto foi um pedido da Defensoria Pública à Comissão de Direitos Humanos e, como presidente, encaminhei o assunto para ser debatido na Assembleia”.
Que o tema fosse debatido na CDH da Assembleia até se compreenderia, dada a identificação de parcela de seus membros com algumas teses polêmicas, mas daí a ser transformado em projeto de lei apenas confirma que os deputados signatários têm, no mínimo, simpatia pela possibilidade de detentos e seus familiares viajarem de graça no transporte coletivo intermunicipal.
O lado decente deste Estado espera que a Defensoria Pública do Estado apresente uma sugestão à CDH da Assembleia ampliando a gratuidade do mesmo transporte para os parentes das vítimas desses apenados que, por pouco, não foram agraciados com a gentileza parlamentar.
No Facebook
O deputado Catarina Paladini, provavelmente, nunca recebeu tantas críticas de seus seguidores como as recebidas no seu Facebook. Seus “amigos” estão revoltados com a sua posição sobre a passagem gratuita para detentos.
O assunto não morreu (1)
“Os proponentes do projeto decidiram retirá-lo após a manifestação da Defensoria Pública do RS de que não tem mais interesse no projeto que haviam sugerido junto à Comissão da Cidadania e Direitos Humanos, através do envio do ofício número 29 de 2015/Nudep/Dpers. A pauta será debatida na subcomissão do Sistema Prisional Gaúcho”. A informação está no Facebook do deputado Paladini.
O assunto não morreu (2)
Isso significa que o tema não foi arquivado como ideia para um novo projeto de lei. Assim que baixar a poeira, a subcomissão do Sistema Prisional Gaúcho voltará a discutir a mesma pauta: transporte gratuito para detentos e seus familiares.
Pedro Ruas
O deputado Pedro Ruas agora quer passagem gratuita apenas para apenados que cumpriram suas penas e deixam as casas prisionais com o seu alvará de soltura. É assim nos Estados Unidos. Depois da pena cumprida o apenado recebe alguns dólares para tomar um ônibus e se hospedar em algum hotel modesto. Nos regimes com que o parlamentar simpatiza – Cuba, Coreia do Norte e Venezuela – o preso dá graças a Deus por sair com vida, sem olhar para trás.
Fogo!
O deputado estadual Bombeiro Bianchini (PPL) deu uma declaração inflamável, segundo a coluna da colega – sempre bem informada – Taline Oppitz: “Essa história de pegar parte dos salários dos CCs é uma prática na Assembleia”. Em seu primeiro mandato, o deputado bombeiro trocou o extintor por um lança-chamas.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de 18 de junho de 2015.
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