O Brasil
tem o maior rebanho bovino comercial do mundo e, mesmo com status
sanitário de livre de aftosa com vacinação, é também o maior
exportador. E o volume certamente aumentará com a abertura das
portas chinesas. Entretanto, alguns parlamentares gaúchos voltaram a
defender a ideia do status de livre de aftosa sem vacinação para o
Rio Grande do Sul.
A aftosa
é uma enfermidade que não afeta o ser humano nem impede o consumo
de carne. Alguns poucos países proíbem a importação de zonas
livres de aftosa com vacinação por razões políticas e
alfandegárias, mas isso não está afetando as exportações do
Brasil. Nem as da Argentina e do Uruguai, cujas lideranças afastam
totalmente a hipótese de postular o status de zona livre sem
vacinação. Mesmo vacinando, o Uruguai exporta in natura para
os EUA 70% da carne que produz. Quando o Nafta aceitou a categoria
“zona livre de aftosa com vacinação” criada pela OIE, operou-se
na prática comercial o fim da distinção entre os chamados
“Circuitos aftósicos e não aftósicos”. Assim, a conquista de
mercados para a carne bovina não é pretexto e muito menos razão
para proceder-se a inclusão do Rio Grande como área livre de aftosa
sem vacinação, não sendo invocáveis os mercados do Japão e da
Coreia, porquanto a logística jamais permitirá competirmos com a
Austrália.
Como se
vê, não há relevância comercial positiva na abolição da vacina.
Seria inoportuna e tangenciaria a irresponsabilidade, pois deixaria
nosso rebanho de 14 milhões de cabeças totalmente desprotegido dos
riscos de acesso da doença pelas imensas fronteiras cada vez mais
abandonadas em face dos cortes orçamentários dos governos. Basta
lembrar o Norte da Argentina, por cuja fronteira se suspeita haver
entrado o vírus na crise do foco da aftosa de Joia em 2001, e sua
ligação com o Paraguai e deste com a Bolívia, países que
sabidamente não mantêm um controle confiável da doença. Ademais,
o vírus pode ser facilmente transmitido por animais silvestres,
meios de transporte, vestimentas das pessoas e até pelo próprio ar.
Outro foco seria desastroso para nossa economia.
Advogado
e pecuarista
Fonte: Correio do Povo,
página 2 de 11 de junho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário