“A África, de
onde todos os ancestrais negros vieram, teve passado glorioso.
Superior, em fases, às civilizações bárbaras europeias
contemporâneas.”
(José Luiz Pereira da
Costa)
Se me permitem a
imodéstia na condição de um dos fundadores do Grupo Palmares, que
em 1971 foi o precursor dos eventos culturais da consciência negra,
lembro-me desde lá que os negros vieram para o Brasil como
imigrantes forçados no holocausto de campos de concentração
flutuantes que foram os navios negreiros que castro Alves cantou em
réquiem para a literatura. O regime de escravidão durou 388 anos e
custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de
seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus
descontentes.
O RS tem no gaúcho o
misto de imigrantes alemães, italianos, poloneses, açorianos, que
aqui cruzaram de forma não recomendada com índios e negros
escravos. Na recente Copa do Mundo descendentes dos primeiros
nomeados torceram por suas origens, pois detentores do gen.
Presentes parâmetros em que se percebem essas correntes migratórias
que se evadem do continente africano são recusadas em alguns
países. Em minha recente passagem pela condição de conselheiro
estadual da Cultura, testemunhei e votei favoravelmente a projetos
oriundos da cultura alemã, italiana, açoriana e polonesa, dentre
outras. Razão pela qual aplaudo sem pestanejar o acolhimento aos
imigrantes negros oriundos de quaisquer continentes. Ouçam-se
especialmente haitianos e senegaleses. Por tudo abraço três vezes
meus irmãos negros. Aos apressados de visão na altura da soleira da
porta afirmo que não é atitude demagógica e paternalista o
acolhimento. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade – artigo 5º
da Constituição Federal Cidadã de 1988.
Altruísmo é a ação
praticada em benefício do outro. Ponham a cabeça no travesseiro e
pensem nos seus antepassados que vieram como imigrantes para nosso
país. Olhem no espelho de sua alma e observem que lá dentro há
sentimento que aspira desejar o bem a outrem. A devoção e bondade
de seu coração o aproximam de Deus. Afeição. Ternura é virtude
de fonte inesgotável, que ecoa o som do bandolim o “Hino ao Amor”
junto ao Coral Divino.
Advogado e escritor
Fonte: Correio do Povo,
página 2 de 10 de junho de 2015.
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