domingo, 7 de junho de 2015

Os Jacobinos

  • O Despotismo da Liberdade -

Os jacobinos foram os mais radicais partidários da Revolução de 1789, que apesar de liderarem a França apenas por um ano, entre 1793 e 94, deixaram uma marca da audácia e sanguinarismo que espantou o mundo. Procuraram conciliar a democracia de massas com uma direção política centralizada, tirânica; o voto universal com a decisão única, a virtude republicana coletiva com o cultivo do talento privado. Foram apontados como o primeiro grupo revolucionário moderno, inspirador de uma série de outros movimentos do seu tempo, estendendo sua influência e exemplo até aos bolcheviques russos de 1917.

É pela violência que se deve estabelecer a liberdade; o momento requer a organização do despotismo da liberdade para esmagar o despotismo dos reis.”
Marat. - O amigo do povo, 1793

O Clube Bretão

As origens do clube dos jacobinos não estão em Paris, mas sim em Versalhes, o palácio do rei perto da capital. Em meio a quase 600 deputados representantes dos comuns, que vinham de todas as partes da França, eleitos para participar dos Estados Gerais, inaugurados em cinco de maio de 1789, um pequeno grupo de homens com ideias mais claras do que estava acontecendo decidiu formar um clube. Chamaram-no de clube bretão, em razão do seu núcleo ter vindo de lá, da Bretanha. Nas reuniões que organizavam, eles procuravam discutir e adotar uma linha de ação em comum, na firme defesa dos interesses do Terceiro Estado. Dada a coesão que demonstraram, rapidamente conquistaram o respeito dos demais. Até Mirabeau, então o mais influente tribuno do Terceiro Estado, e Lafayette, o marquês ultraliberal que fora ajudar os colonos americanos e se libertarem da Inglaterra em 1777, passaram a assistir as seções.

Na Rua Saint-Honoré

Quando a Assembleia Constituinte mudou-se para Paris, em outubro de 1789, os integrantes do clube bretão trataram de encontrar um outro endereço. Adrian Dupont achou-o no Conventos dos Jacobinos na Rua Saint-Honoré, que abriu as portas do seu refeitório para acolhê-los. Não demorou para que os seus frequentadores fossem chamados de “os jacobinos”, aliás como vários outros grupos de revolucionários que passaram a ser designados conforme o local em que se reuniam (como mais tarde deu-se com os Cordellilers e os Feuillants). Nascia assim, dentro de um abrigo de monges, oficialmente intitulada de Société des Amis de la Constitution, a Sociedade dos Amigos da Constituição, o clube dos jacobinos, o mais afamado grupo revolucionário – uma verdadeira máquina política – gerado pelos acontecimentos de 1789. Poder-se-ia dizer, em retrospecto, que o espírito do fanatismo medieval dos dominicanos que lá habitaram, desprendendo-se das paredes do convento, incorporou-se nos que ali estavam presentes, fazendo dos jacobinos, entre outras coisas, os inquisidores da revolução.
Porém, nem sempre o clube tomou posições extremistas. Conforme a revolução avançava o clube metamorfoseou-se, na ideologia e na sua cor, transitando da monarquia constitucional para o republicanismo revolucionário, de cor de rosa ao vermelho berrante.

Fonte: História por Voltaire Schilling



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