Napoleão
Bonaparte, poucos sabem, quando jovem oficial, esteve bem próximo
dos jacobinos, em razão do que chegou a ficar preso por algumas
semanas quando Robespierre foi deposto e executado em 1794. Graças
às instâncias de Augustin Robespierre, o irmão do tirano, Napoleão
Bonaparte tornou-se general aos 24 anos de idade – um general
jacobino.
“Fu
vera gloria? Ai posteri l'ardua sentenza.”
(Foi
verdadeira sua glória? Aos pósteros caberá a sentença)
Manzoni –
Ode a Napoleão
Testemunhando
uma humilhação
No verão
de 1972, o jovem Napoleão Bonaparte, então um desconhecido tenente,
um corso que vivia e se educara na França, caminhava com um amigo
pelas ruas de Paris convulsionada quando resolveu acompanhar a
multidão que se dirigia ao Palácio das Tulherias. A grande
edificação era a morada de Luís XVI desde que ele fora removido de
Versalhes três anos antes. Napoleão se indignou com que viu.
Observou de longe o rei ser conduzido a força até a sacada do
palácio e obrigado a vestir o barrete frigio, o gorro vermelho da
revolução. Lá de cima, constrangido, ainda teve que abanar para a
massa que exultava. Para Napoleão, tudo aquilo poderia ter sido
evitado se o rei, como o mínimo de coragem, houvesse determinado a
que disparassem uma precisa canhonada sobre aquela gente. Desprezou
Luís XVI por sua hesitação e pusilanimidade frente “à hedionda
populaça”. Ele, por sua vez, nunca esquecendo aquele 20 de junho
de 1792, saberia dispor das baterias para fazer carreira. Jamais se
deixaria aviltar frente às multidões, vindas elas em trajos civis
ou em uniforme.
Leitor
Voraz
Desde
que se inscrevera em 1779, ainda um garoto, na Escola Militar de
Brienne, na Champanha, e depois para a de Paris, onde foi aluno do
matemático Monge e de Dagelet, que incendiou sua imaginação com
seu relato de viagens feitas pelo mundo, aquele pequeno corso de
comportamento recluso, revelara-se um leitor voraz. Em Brienne, para
poder ler em paz nos recreios, chegou a construir no pátio da escola
uma pequena cabana com folhagens para que não o atrapalhassem. Foi
assim, em meio aos intensos exercícios de matemática, que deixou-se
embriagar pela conquista da cidade santa pelos cruzados, narrada por
Tasso no Jerusalém Libertada, experimentando então “as
primeiras emoções da glória”, como assegurou ao conde de Las
Cases, o seu memorialista (Memorial de Santa Helena). Nada escapava à
sua curiosidade. Além da sua paixão pela história e pela
geografia, devorou Voltaire, Rousseau, D'Alembert, Mably, o padre
Raynal com a mesma tranquilidade que passou pelos clássicos antigos,
particularmente pelas máximas de Plutarco e por Tito Lívio, e pelos
grandes do teatro francês: Racine, Corneille e Molière.
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