O ano de 1796 foi
aquele em que a carreira militar de Napoleão Bonaparte, então um
jovem general republicano, decolou. Nomeado comandante dos exércitos
franceses que acampavam na fronteira da Itália e inspirando-se em
Aníbal, atacou de uma maneira fulminante as províncias italianas do
império austríaco, as quais conquistou una sensacional operação
relâmpago.
Um Mês e Tanto
“... não se pode
mais amar um outro general depois de ter visto Napoleão agir”.
Stendhal – Napoleão
O mês de março de
1796 foi um mês prodigioso para o jovem general Napoleão Bonaparte.
No dia dois – após ter salvo o regime do Diretório com as
canhonadas do Vindimário (seis de outubro de 1795), quando esmagou
um levante monarquista – , recebera formalmente como compensação
pelos serviços prestados a nomeação para assumir o exército da
Itália. Uns dias depois, antes de desabalar-se para ir à guerra,
esposou Josefina, a viúva Beauharnais, e, na metade do mês, estava
em Nice, sede do QG do comando.
A Espera de um
Comando
A França estava em pé
de guerra há sete anos. A princípio contra sua própria nobreza, a
quem exilou ou guilhotinou, depois lançou-se contra todo o
feudalismo europeu, liderando a célebre guerra das choupanas contra
os palácios. As convocações em massa feita na época da ditadura
jacobina, entre 1793-4, haviam dotado a nação de meio milhão de
homens em armas. Faltava ainda àquela multidão fardada o cérebro,
a liderança, a espada que lhes indicasse o rumo a seguir. Alguém
que transferisse a energia revolucionária, despertada pelos
acontecimentos de 1789, na volúpia de uma guerra de conquista.
Um Exército de
Pés-rapados
O velho exército real
francês se desfizera. Centenas de oficiais experientes, devido a
suas origens sociais e sua identificação com o Antigo Regime,
haviam emigrado. Muitos deles colocando-se abertamente a serviços de
monarcas que se mobilizavam contra a França. A república
revolucionária tratou então de promover, no lugar deles, a gente
comum, vindas das fileiras e daquilo que Balzac chamou de “a borra
social”. Os companheiros de armas de Napoleão eram um ex-sargento,
um ex-barbeiro e alguns oficiais subalternos. Ele mesmo era um
joão-ninguém nativo da ilha da Córsega. Um dos seus ditos
favoritos era assegurar que no regime dele “cada soldado francês
trazia na mochila o bastão do marechalato!” Na França
revolucionária, o exército, logo depois da política tornou-se uma
“carreira aberta a todos os talentos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário