O
5º Congresso Nacional do PT, que teve início ontem, em Salvador, em
meio a maior crise de sua história, além de discursos inflamados
(para sinalizar diferenças entre partido e governo), pode até
avançar em alguns pontos reivindicados nas teses de tendências
internas, mas há indicativos de os que esperam por guinada mais
brusca e significativa em posturas do próprio PT e do Planalto
acabarão frustrados. Um exemplo é o movimento deflagrado na véspera
do encontro, pela Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem maioria
no diretório nacional, de necessidade de manutenção das doações
privadas. O argumento, sustentado também pelo presidente nacional
Rui Falcão, é de que o PT não terá como quitar suas dívidas,
principalmente das últimas eleições, sem o auxílio de dinheiro de
empresas. Apenas em São Paulo, o débito seria superior a R$ 55
milhões. A CNB era chamada de Campo Majoritário, integrada por José
Dirceu, e mudou de nome após o escândalo do mensalão. O fim das
doações privadas, bandeira antiga, vinha sendo defendida com mais
ênfase como tentativa de reagir à crise política. Além de
questões práticas, como as verbas de empresas – que confrontam
discurso e prática petistas -, um resultado efetivo do congresso
também está ameaçado por questão mais simples: a incapacidade de
ala majoritária dos próprios petistas em realizar verdadeiramente a
autocrítica e reconhecer erros cometidos desde a chegada ao poder,
há 13 anos. Caso líderes sigam colocando o PT no papel de vítima e
terceirizando suas responsabilidades, ficarão incapacitados de fazer
a avaliação precisa e, obviamente, de traçar a reação
necessária.
Olívio:
PT caiu em vala comum
Em
entrevista ao programa “esfera Pública”, da Rádio Guaíba,
Olívio Dutra – um dos petistas mais coerentes – afirmou que o PT
precisa recuperar sua integridade, pois “caiu em uma vala comum,
com os partidos tradicionais, que usam a coisa pública para os
próprios interesses”. Olívio mencionou ainda o pragmatismo do
partido e a aproximação com o neoliberalismo.
Para
inglês ver
A
reforma política aprovada até agora pela Câmara dos Deputados
-que espera entrar em vigência ainda precisa de nova votação na
Casa e aval do Senado – não atinge interesses partidário se de
parlamentares, tampouco corrige distorções ou garante a moralização
do processo, o que ocorreria, em parte, com o fm das coligações,
nas proporcionais e do financiamento privado.
Fonte:
Correio do Povo, página 3 de 12 de junho de 2015.
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