Senadores queriam pressionar presidente Maduro a libertar presos políticos
A Comitiva de senadores brasileiros, formada por parlamentares de oposição ao governo Dilma Rousseff e ao regime do presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, passou por dificuldades, ontem, ao desembarcar em Caracas. Viajaram à Venezuela o presidente da Comissão de Relações Internacionais, Aloysio Nunes (PSDB-SP), além dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino (Dem-RN), Ronaldo Caiado (Dem-GO), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros (PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC). O grupo de oito senadores foi à Venezuela, em visita oficial, para pressionar Maduro a libertar presos políticos e marcar eleições parlamentares.
Tão logo os senadores deixaram o aeroporto e ingressaram em um veículo, a comitiva foi cercada por manifestantes, no caminho do presídio onde deveriam visitar Leopoldo López, preso por atuar como líder oposicionista ao governo venezuelano.
Os manifestantes aproveitaram o trânsito engarrafado para cercar o ônibus no qual estavam os senadores com os gritos de guerra “Chávez não morreu, se multiplicou” e “Fora, fora”, aos senadores.
Como o veículo não conseguiu passar de uma alça de acesso à estrada que leva a Caracas, a comitiva decidiu então voltar ao eroporto para aguardar a liberação da via no estacionamento de um anexo do local. Mais tarde, depois de quase seis horas de espera, a comitiva decidiu embarcar de volta ao Brasil.
Tucano cobra posição de Dilma
Em sua conta no Twitter, o senador Aécio Neves (PSDB) disse ontem, em Caracas, que os parlamentares foram “sitiados em via pública” e que a van em que eles estavam foi atacada por manifestantes”. “Acabo de falar com o presidente do senado (Renan Calheiros). Ele fará um protesto formal sobre as agressões que sofremos e cobrará uma posição da presidente Dilma”, publicou o tucano.
“Democracias verdadeiras não convivem com manifestações incivilizadas e medievais”.
Renan Calheiros (PMDB)
Presidente do Senado
Caso suspende votação na Câmara
A Câmara dos Deputados interrompeu, ontem, a votação de projeto que altera as regras de desoneração da folha de pagamento, em razão das notícias de manifestações contra a delegação de senadores brasileiros na Venezuela. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que colocará o projeto em votação na quarta-feira e quinta-feira da próxima semana.
Itamaraty repudia ataques aos senadores
O Itamaraty divulgou uma nota ontem à noite, em que lamentou os incidentes durante a visita da Comissão Externa do Senado a Caracas e classificou de “inaceitáveis” os ataques de manifestantes contra os parlamentares brasileiros. “À luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, o governo brasileiro solicitará ao governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido”, diz o texto. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não havia, no entanto, conseguido falar com sua colega venezuelana.
Na nota, o Itamaraty garante que os parlamentares foram recebidos e tiveram apoio da embaixada brasileira, contrariando as informações divulgadas pelos senadores em Caracas. “O governo brasileiro cedeu aeronave da FAB para o transporte dos Senadores e prestou apoio à missão precursora do Senado”.
Tensão nas ruas de Caracas
Os senadores que foram à Venezuela passaram por momentos de tensão em Caracas. “As estradas estavam bloqueadas e não tivemos condições de continuar”, disse o líder do Dem, senador Ronaldo Caiado (GO), após deixarem o avião e serem cercados numa rua próxima ao aeroporto. “O tráfego está intenso nas vias próximas do aeroporto, e a comitiva desistiu da visita por não haver condições de prosseguir”, afirmou Sérgio Petecão (PSD-AC).
No ônibus que transportava o grupo de senadores, em conjunto com as esposas dos presos políticos, a comitiva fez duras críticas à atuação do embaixador do Brasil no País, Rui Pereira. “Ele só recebeu a comitiva e não esteve ao nosso lado”, afirmou Caiado. O grupo também reclamou da falta de proteção da polícia do governo Maduro. “Não houve reação nenhuma da polícia para nos proteger”, disse Caiado.
Fonte: Correio do Povo, página 3 de 19 de junho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário