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sábado, 6 de junho de 2015

Gente sem Eira nem Beira

Aliás só com muito boa vontade podia-se chamar de “exército” aquelas guarnições que o jovem general encontrou no sul da França quando assumiu-lhes o comando. Era um amontoado de gente trôpega, semi descalça, parcamente uniformizada e mal-armada, que fazia três anos que se esparramava, enregelada, pela fronteira totruosa do Piemonte. Um quarto deles estava fora de combate, vegetando em enfermarias e hospitais de campanha, os restantes viviam com o que seus soldos miseráveis permitissem, sendo que a sua disciplina era duvidosa. Massena, um dos seus mais destacados generais de divisão, envolvia-se em práticas de contrabando para esforçar os magros vencimentos, o que não impediu que, mais tarde, em seguida à tomada de la Favorita, Napoleão o chamasse de “o filho querido da vitória”.

O Contraste

Imagine-se o espanto dos seus comandados ao se depararem com ele... pequeno, franzino, com uma tez amarelecida, que se alterava para uma palidez esbranquiçada, e, ainda por cima, com apenas 26 anos! Napoleão gostava de vestir um casacão cinzento, sem nenhuma condecoração ou adorno, com a sobriedade e discrição de um capitão de uma falange espartana. Ao seu lado, de guarda, por apreciar o efeito do contraste, ele postava dois imensos granadeiros, cercando-se igualmente de generais amedalhados e com penachos, tais como os usados por Murat, o seu chefe da cavalaria.

O Pequeno Caporal

Apreciava o impacto que causava a sua simplicidade frente aos uniformes vistosos do seu Estado-maior. Os soldados também. Napoleão apesar da extrema mocidade tinha o dom do comando, conseguindo de imediato o respeito de todos que o seguiam, como bem testemunhou o pintor paisagista Biogi, que lhe frequentava o acampamento naquela época. Os soldados logo o apelidaram carinhosamente de Petit Caporal, o pequeno cabo, por demonstrar uma incansável energia em campo de batalha. Era um verdadeiro azougue.


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