O que é
mais difícil: administrar uma empresa rural com êxito ou manter a
harmonia em sua família? Difícil saber. Mas há algo ainda mais
complicado: irmãos administrando uma empresa familiar. São
sentimentos e discórdias misturados com balancetes e negociações.
É pouco provável que dessa relação não surjam embates, pois
envolve áreas problemáticas. De um lado, há uma relação com
carga emocional de uma vida inteira; do outro, uma rotina pautada
pela razão, por números e resultados.
O
primeiro aspecto a se levar em conta é que, de uma forma ou de
outra, contratempos surgirão. O âmbito empresarial no agronegócio
é muito dinâmico. Com tantas responsabilidades, é natural que
sócios ( e mesmo demais funcionários) se confrontem.
Agora,
imaginemos as tensões profissionais no meio familiar, em uma
atmosfera em que aquele respeito orientado pelas regras do mercado dá
lugar à informalidade de quem se conhece desde pequeno. Pois os
irmãos sócios estão justamente nesse contexto, permeando de
conflitos racionais, naturais (em função das atribuições
empresariais), com a agravante de elementos emocionais. Em primeiro
lugar, é fundamental ter clareza sobre a origem dessa sociedade. São
sócios porque têm afinidades ou por uma questão sucessória? No
primeiro caso, temos uma escolha: no segundo, uma contingência. E é
aí que pode estar a origem de seus problemas.
Na
segunda geração de direção, o aspecto emocional costuma
prevalecer sobre o jurídico, diferentemente do que ocorre na
terceira geração. Dessa forma, irmãos são mais irmãos que sócios
– e primos são mais sócios que primos. Portanto, é indispensável
que as ferramentas de governança corporativa sejam estabelecidas
levando-se em consideração as particularidades dessa associação.
Com isso
esclarecido, pode-se partir à profissionalização da administração
dos negócios no campo, no sentido de orientar as análises e
decisões à objetividade, minimizando impulsos. Assim, com regras
claras, respeito ao organograma e comunicação franca mas
respeitosa, caminha-se rumo ao controle emocional e à evolução
racional.
Consultor
em Governança e Sucessão Familiar em Empresas Rurais
Fonte:
Correio do Povo, da edição de 13 de junho de 2015, página 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário