Empresas denunciadas na Lava-Jato tentam acordo com o governo federal
Empreiteiras investigadas na Lava-Jato, segundo matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, estão tentando escapar da falência quase inevitável a partir do envolvimento das empresas na operação, desencadeada pela Polícia Federal a partir de denúncias de corrupção na Petrobras.
As empreiteiras se uniram e querem ser perdoadas da culpa pelos danos causados à Petrobras. Em troca, fariam pagamento integral das indenizações. Hoje, os acordos de ressarcimento à estatal e à União estão na Controladoria-Geral (CGU), mas há grandes chances de não prosperarem porque as construtoras ainda têm o risco de serem condenadas pela Justiça e ficarem impedidas de fazer negócios com o governo.
O plano das empreiteiras, segundo a Folha de S. Paulo, é transferir as negociações da CGU para a Advocacia-Geral da União e, se a proposta der certo, as empresas ficariam livres da culpa pagando seus débitos integralmente e à vista. Para evitar qe o governo seja acusado de favorecer empreiteiras, o pagamento seria com ações que dão direito de decisão sobre o rumo das empresas. Assim, os executivos seriam punidos, dando suas ações para sair do negócio. Esses papeis seriam, então, leiloados na Bolsa e qualquer investidor poderia participar da oferta por meio de fundos.
Com um acordo, poderiam voltar a operar normalmente e as ações tendem a se recuperar. Elaborado pelos advogados Walfrido Jorge Warde Jt., Gilberto Bercovici e José Francisco Siqueira Neto, especialistas em mercado de capitais, o projeto foi apresentado aos ministérios da fazenda e Previdência Social, além de CGU e AGU.
Eles negam representar as empresas e dizem que a proposta é uma saída para garantir a “atividade econômica” do setor, responsável por grandes obras de infraestrutura no país. O objetivo das construtoras é ter um substituto para o chamado acordo de leniência, processo que troca a colaboração com as investigações por punições mais brandas. Mesmo tentando preservar a atividade das empreiteiras para evitar demissões e obras paradas, o governo tem reserva à proposta.
Para ministros, o acordo passaria a ideia de que a presidente Dilma Rousseff tenta salvar aqueles que fizeram delitos.
Fonte: Correio do Povo, página 3 de 6 de junho de 2015.
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