CÂNCER DE MAMA METASTÁTICO é tema da campanha, lançada ontem, para disseminar informações e derrubar mitos sobre tratamentos da doença
LARA ELY
São Paulo
Gaúcha de Novo Hamburgo, a técnica de enfermagem Maria de Fátima Camargo Vieira, 42 anos, tem um desejo que parece simples: ela quer viver. A carioca Deise Vilela, 32 anos, sonha em se tornar mãe. Assim como elas, a maioria das pacientes que enfrenta um câncer reincidente não encara o diagnóstico como uma sentença de morte.
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer apontam 57 mil novos casos de tumores malignos na mama em 2015. Hoje, sabe-se que aproximadamente 50% das pacientes atendidas pelo sistema público de saúde no Brasil descobrem o câncer em estágio metastático, quando não há cura.
Para informar a população sobre os mitos relacionados ao tratamento da doença, uma campanha foi lançada ontem em São Paulo pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), pelo Instituto Oncoguia e pelo Laboratório Roche. O objetivo é perguntar às pessoas o que elas fariam se tivessem mais tempo de vida. A mobilização surgiu a partir dos resultados de uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha sobre a impressão da sociedade em relação à doença. No país, a maioria dos brasileiros desconhece que a principal causa de morte no país são doenças cardíacas – 60% pensa que é o câncer.
DOENÇA NÃO SIGNIFICA SENTENÇA DE MORTE
De acordo com Maira Caleffi, presidente da Femmama e chefe do serviço de mastologia do Hospital Moinhos de Vento, ainda não há muita disparidade entre os tratamentos no sistema público e privado. Enquanto os convênios possibilitam mais tecnologias de ponta, no Sistema Único de Saúde o acesso a tratamentos específicos ainda é demorado, o que dificulta a sobrevida os pacientes.
A questão principal ainda é preço dos medicamentos. As pessoas precisam das drogas, mas o SUS não incorpora. Por isso, governo e indústria farmacêutica devem andar juntos para viabilizar melhores tratamentos – afirma.
DETALHE ZH
O câncer de mama metastático é a fase avançada da doença, quando o tumor atingiu outros órgãos do corpo.
Entre as metástases mais recorrentes estão pulmão, ossos, fígado e cérebro. Maira acrescenta que, atualmente uma paciente com metástases pode viver por anos, e não encarar a notícia como uma sentença de morte. Ela acrescenta ainda que é preciso disseminar informações sobre direitos de quem vive com a doença, tai como aposentadoria e medicação gratuita.
Otimista, a oncologia do Hospital Moinhos de Vento Daniela Dornelles Rosa aposta que ganhar tempo de vida significa também ganhar esperança para que novas solução apareçam – já que o câncer de mama é uma das doenças mais estudadas do mundo:
Quanto mais específico for o tratamento, maiores são as chances de viver com qualidade – afirma Daniela.
A repórter viajou a convite da Roche
A IMPRESSÃO DOS BRASILEIROS SOBRE A DOENÇA
66% acreditam que o câncer de mama é a doença que mais mata
Na região Sul, essa é a percepção de 88% dos entrevistados
68% das pessoas afirmam que a paciente terá má qualidade de vida
Em média, 11% dos brasileiros associaram o câncer de mama metastático à morte
O câncer de mama metastático não é conhecido por 49% da população
45% citam a quimioterapia como a forma de tratamento para tratar o câncer de mama metastático, apesar de existirem outras formas de tratamento
Nos Estados da Região Sul, 16% da população associa a doença com a morte
Fonte: Zero Hora, página 32 de 18 de junho de 2015
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