domingo, 28 de junho de 2015

É possível despoluir Lagoa Rodrigo de Freitas até Olimpíadas, diz especialista


A Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, que será um dos palcos das Olimpíadas de 2016 nas provas de remo, pode ser completamente despoluída até o início das competições, em agosto do próximo ano, evitando cenários que se repetem periodicamente, de grande mortalidade de peixes, garante o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Paulo Cesar Rosman.
Integrante do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente e de Engenharia Costeira e Oceanográfica da UFRJ, ele propõe a construção de grandes dutos subterrâneos, ligando a lagoa ao mar, o que aumenta a troca de água e favorece a oxigenação.
“A solução foi dada há 22 anos, em um estudo que eu coordenei. A ideia de se fazer os dutos afogados é perfeitamente viável e atinge os objetivos. Se não houver uma ligação permanente, com boa troca de água, não tem solução. Hoje temos uma lagoa que é um doente crônico. Em menos de um ano, de hoje para as Olimpíadas, dá para fazer, e resolve o problema definitivamente”, assegurou.
O sistema seria composto de quatro tubulões subterrâneos, com 2,6 metros de diâmetro, se estendendo até 200 metros mar adentro, com valor estimado em US$ 30 milhões, sem utilização de bombas, usando apenas a maré para puxar e empurrar a água. Rosman não afastou a possibilidade de ocorrer nova mortandade de peixes durante as Olimpíadas, quando o Rio e o Brasil estarão sob os holofotes mundiais.
“Mortandades de peixes ocorrem mais comumente na época do verão, quando a água fica mais quente e o metabolismo de microalgas é mais acelerado, ocorrendo os choques de anoxia [falta de oxigênio]. Mas se você olhar os registros de mortandade na lagoa, houve vários casos no inverno. Nunca estamos livres de catástrofes ambientais”, explicou.
Rosman disse que, por causa de décadas de poluição, existe uma camada de 1 metro de extensão, no fundo da lagoa, onde praticamente não há vida, pois é considerada anóxica. Quando venta muito, chove forte ou a temperatura sobe, essa camada se agita e libera substâncias tóxicas, que provocam a mortandade em massa de peixes. O último episódio ocorreu em abril passado, quando mais de 50 toneladas de peixes mortos foram recolhidas. A versão completa do projeto coordenado pelo professor Rosman pode ser acessada na internet.

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