Como na
vida de qualquer ser humano, surpresas fazem arte dela. E se a nossa
vida fosse um parágrafo literário, as surpresas boas não passariam
de vírgulas separando-as das más. Estas, queiramos ou não, formam
o conjunto da obra e cabe a nós administrá-las e torná-las
suportáveis.
Há quem
defina essa situação – as surpresas ruins de uma existência –
como inferno astral, azar, infortúnio, maldição, desgraça, praga.
São constatações que às vezes aliviam a pressão sobre quem passa
por esses maus momentos. No entanto, quando temos a chance de
ponderar sobre a Lei de Murphy - “se algo pode dar errado, dará”
- ,o melhor é não arricar. É aí que entra o dr. Basegio.
O
deputado federal Diógenes Basegio (PDT) foi manchete nacional
acusado por um ex-assessor, Neuromar Gatto, de ficar com parte do
salário de seus funcionários, de ter servidores fantasmas e até de
fraude no odômetro (aumento da quilometragem) de um veículo de seu
gabinete.
Cobrar
pedágio dos salários de servidores contratados (Ccs), diz a lenda,
é algo recorrente nos parlamentos brasileiros, em todas as
instâncias. Provar isso não é fácil, pois a lenda só adquire
alguma veracidade quando tal parceria, quando existe, é rompida.
As
causas dessa ruptura de confiança ocorrem por demissões inesperadas
ou por brigas pessoais e até por rusgas financeiras. Lendas mais
picantes acrescentam sexo nos roteiros dos desentendimentos.
O dr.
Basegio, no decorrer da situação que anima as tardes monótonas da
Assembleia do RS, é inocente até que se promove a acusação na
Comissão de Ética e depois em outras instâncias, culminando com um
provável julgamento em plenário pela cassação, ou não, de seu
mandato.
Às
vezes, uma corporação para se preservar é obrigada a entregar um
de seus membros. No populacho, “entregar os anéis para não perder
os dedos”. O dr. Basegio deve estar precisando de stilnox
para dormir.
É do
ano passado
O
Ministério Público Estadual estava com todas as denúncias desde o
ano passado. Gatto foi até ouvido na Procuradoria-Geral de Justiça.
O real motivo da quebra de amizade entre o dr. Basegio e Neoromar
Gatto poderá ser esclarecido durante os depoimentos na Comissão de
Ética.
Lei de
Murphy (1)
O
criador dessa lei foi o capitão da Força Aérea americana Edward
Murphy, e também a primeira vítima conhecida de sua própria lei.
Ele era um dos engenheiros envolvidos nos testes sobre os efeitos da
desaceleração rápida em piloto de aeronaves. Para poder fazer essa
medição, construiu um equipamento que registrava os batimentos
cardíacos e a respiração dos pilotos.
Lei de
Murphy (2)
O
aparelho foi instalado por um técnico, mas simplesmente ocorreu uma
pane, com isso Murphy foi chamado para consertar o equipamento,
descobriu que a instalação estava toda errada. Daí formulou a sua
lei que dizia: “se alguma coisa tem a mais remota chance de dar
errado, certamente dará”.
Lei de
Murphy (3)
quem se
arrisca a pedir “parceria” em salário de assessor, mesmo que
muitos cometam essa irregularidade, corre o risco de tudo dar errado.
A Lei de Murphy não foi revogada. É cláusula pétrea entre os
praticantes da contabilidade paralela.
Fonte:
Correio do Povo, edição de 11 de junho de 2015, página 6.
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