domingo, 28 de junho de 2015

Ditadura Militar: Carneiro relata ameaças

A Subcomissão da Memória, Verdade e Justiça, vinculada à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, ouviu ontem o relato de Paulo de Tarso Carneiro, 73 anos, ex-integrante da Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares). No depoimento, lembrou as torturas que sofreu quando foi preso, em abril de 1970, em Garibaldi. O militante que trabalhava no Banco do Brasil foi levado para uma unidade do Exército em Caxias e depois trazido para o Dops, que funcionava no Palácio da Polícia, Capital, onde foi torturado diversas vezes na cadeira elétrica e no pau de arara. “Pediam os nomes de companheiros e faziam ameças constantes de que iria ser morto.” Ficou preso até 7 de abril de 1971.
Carneiro disse que a tortura do ex-militante da VAR-Palmares foi praticada pelo major Paulo Malhães, “um dos maiores torturadores do regime militar brasileiro”. “Fui colocado diversas vezes na sala da 'Fossa', no Palácio da Polícia, onde o major Malhães realizava as torturas que eram assistidas por pelo menos dez pessoas, todas encapuzadas”, acrescentou.
Malhães, promovido a tenente-coronel, foi encontrado morto em 2014 em sua casa em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Foi amarrado por três homens e assassinado por asfixia. As armas que estavam na casa foram furtadas. Os próximos depoentes serão o ex-deputado Raul Pont e Suzana Lisboa, esposa de Luiz Eurico Tejera Lisboa, morto pela ditadura.


Fonte: Correio do Povo, página 12 de 20 de junho de 2015.

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