Caged já sinaliza corte de vagas maior que o esperado, observam analistas
São Paulo – Dados divulgados em maio sobre a situação do emprego no país confirmam o aprofundamento da desaceleração do mercado de trabalho nos últimos meses. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a eliminação de 97,8 mil postos de trabalho formais (com carteira assinada) em abril, o maior corte de vagas de toda a série histórica iniciada em 1992.
Para o economista Alexandre Andrade, os últimos dados revelados sinalizam deterioração mais intensa do que se imaginava. “A partir de 2015, houve uma piora sensível do mercado de trabalho. O desemprego começou a subir rápido e, em março e abril, a renda caiu fortemente”, avaliou. Na passagem de março para abril, a taxa média de desemprego avançou de 6,2% para 6,4%, o nível mais alto desde março de 2011, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
Para Andrade, esse é apenas o começo de um processo. “A situação ainda vai piorar antes de começar a melhorar”, afirmou. O quadro é mais preocupante na indústria do que em serviços e comércio. O emprego na indústria aponta queda há 42 meses na comparação inter anual e atingiu, em março, o menor nível desde 2000, quando teve início a série histórica da PME. Andrade diz que a situação é mais difícil no segmento de bens de consumo duráveis, devido ao endividamento das famílias.
No que se refere à renda, entre abril do ano passado e abril deste ano, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,9%, segundo apurou o IBGE. O professor da USP Hélio Zylbertajn destaca que muitas negociações salariais fechadas em 2015 não têm obtido índice de reajuste capazes de repor a inflação.
Fonte: Correio do Povo, página 4 de 8 de junho de 2015.
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