Não é
preciso ir muito longe para observar que as empresas investem milhões
em suas redes de relacionamento. A preocupação com o que o cliente
diz a respeito do tratamento recebido, do produto comprado, constitui
elemento de constante análise, a fim de aprimorar procedimentos e
favorecer um conceito positivo,. Entretanto, nem sempre é possível
obter uma percepção favorável. E consumidores estão cada vez mais
exigentes, afinal, eles “pagam”.
Em
diversos locais, noto uma crescente onda de destrato dos clientes
para com os vendedores. Tudo bem que às vezes o serviço é rum ao
ponto de tirar as pessoas do sério. Mas nem sempre é ruim. Também
há falta de paciência de quem compra. Não consigo compreender essa
situação. O fato de pagar garante ao pagador o poder de impositivo
de apontar dedos, gritar e se portar de forma ofensiva? Não, é
claro que não.
Creio
que as pessoas, estressadas com as imposições massivas de nosso
mundo, buscam subterfúgios, para descontar suas mágoas. E aí
reside uma injustiça muito grande, pois os vendedores são
indivíduos como outro qualquer. Eles sentem, por sua personalidade e
por seu emprego, pois os dirigentes das empresas, igualmente, são
impacientes para reclamações. Destarte, por mais que haja esforço
e compenetração, não é garantido que tudo saia conforme o
planejado. É assim a vida de todas as instituições.
Todavia,
algumas pessoas arrogantes exageram. Tencionam o ambiente,
tornando-se o centro das atenções por meio de seus impropérios
ofensivos. Criam tempestades em copo d'água em face de pequenas
ocorrências. Tudo porque a situação enveredou para o caminho
imprevisto. É tão difícil admitir erros dos outros e seguir em
frente? Erros acontecem tempo inteiro! São típicos de quem é
humano. É humano – e divino – também saber perdoar, administrar
a situação.
Você
“pagou” e não recebeu o produto? Entenda que há muitas
variáveis. Procure saber mais sobre o problema antes de praguejar. A
relação solicitada está demorando para chegar? Já viu a
quantidade de clientes que dispunham a atenção dos garçons? Talvez
a atendente esteja avoada em razão da mãe, que está no hospital.
Menos arrogância, por favor. O fato de você pagar não lhe torna
onipotente. Reclame com cortesia, pois essa cultura do “eu paguei”
não contribui às relações sociais. O respeito, sim, faz a
diferença.
Bacharel
em Direito, estudante de Jornalismo
Fonte:
Correio do Povo, da edição de 19 de junho de 2015, página 2.
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