domingo, 28 de junho de 2015

Aliança impensável, por Jurandir Soares

A mais impensável aliança, entre Israel e Hamas, estaria sendo articulada no Oriente Médio, mediante negociações indiretas entre representantes dos dois lados. E isso surge justo no momento em que a ONU aponta que ambos os lados cometeram crimes de guerra durante o mais recente conflito que travaram na Faixa de Gaza. O fator que estaria levando a essa aliança é o avanço dos Estado Islâmico, que já tomou áreas da Síria e do Iraque e lá anunciou a instalação ali de um califado. Vale destacar que entre as áreas tomadas está a cidade de Mossul, que possui os maiores poços petrolíferos do Iraque e a maior hidrelétrica daquele país.

A intenção do Estado Islâmico, no entanto, não é ficar restrito às áres já tomadas. O grupo tem espalhado seus tentáculos pelas mais diversas partes, sempre com a sua característica básica de ações de impacto. Nesta semana, os fanáticos muçulmanos espalharam um vídeo em que homens são enjaulados e mergulhados em uma piscina. Esses atos conforme ressaltam Jessica Stern e J. M. Berger em seu livro “Estado Islâmico, Estado de Terror”, servem para dar ampla cobertura midiática ao grupo. E o avanço através do terror. E é justamente esse avanço que preocupa palestinos do Hamas e israelenses. Os palestinos, porque em Gaza já surgem bandeiras do EI, fazendo com que sua liderança seja ameaçada. Além disso, caso os jihadistas tomem o poder, sucumbirão seus objetivos de formar o Estado da Palestina. A propósito, outra cogitação que surge é de Israel aprovar a formação desse Estado em Gaza, provocando assim um racha entre palestinos do Hamas e do Fatah e, com isso, mantendo seus avanços territoriais na Cisjordânia – dominada pelo Fatah. Voltando ao avanço do Estado Islâmico, por tudo que se constitui de diferente no Oriente Médio, Israel também teme o grupo radical. Daí então a costura dessa aliança impensável.

A aliança poderá vir a ter presença até das monarquias do Golfo Arábico. Essas, até há pouco, estavam pagando pedágio ao EI para atacar Bashar al-Assad na Síria e não atacar seus territórios. Por imposição do Ocidente tiveram que parar com o pagamento – o que, evidentemente, as coloca em risco.

Fonte: Correio do Povo, página 7 de 28 de junho de 2015.

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