À medida
que a unidade da China sobre os Han se desintegrava, a fé budista,
que tinha sido importada da Índia na metade do século I d.C., foi
ganhando adeptos, enquanto o confucionismo estatal entrava em
declínio. O barbarismo e a religião seguiram-se ao colapso do
Império Han, como aconteceu ao Império Romano. Mas os resultados na
China foram diferentes dos da Europa.
O
mecanismo básico do declínio da dinastia Han foi o de sempre: o
surgimento de poderes locais ou regionais que eclipsaram os da
dinastia central. A fraqueza do centro adveio de diversas causas: a
sucessão de Imperadores Han incompetentes, sua dominação pela
família da imperatriz, a usurpação de poder por eunucos e muitas
outras rivalidades entre facções na corte. O favoritismo e a
corrupção resultaram na nomeação de pessoal inadequado,
exploração do povo, desconsideração dos interesses das famílias
de comerciantes e magnatas e um enfraquecimento da capacidade militar
da dinastia.
Essas
fraquezas internas interagiram com o crescimento do poder local e
regional nas mãos das famílias aristocráticas donas de latifúndios
e cidades muradas, bem como das indústrias dentro delas.
O
desastre definitivo foi em 220, com uma revolta de famílias
aristocráticas ex-nômades do Norte da China e seus servos, que
tinham se estabelecido dentro da Muralha, mas mantido suas
habilidades e propensões bélicas.
À época
dessas rebelião, estavam em marcha dois processos que acarretariam
mais três séculos de desunião entre o Norte e o Sul da China –
primeiro, a incursão recorrente de povos nômades ao norte da China,
e segundo (em parte como consequência disso), a migração dos
chineses da dinastia Han para áreas mais amenas e férteis do vale
Yangzi, mas para o sul. Isso foi a base para um duplo do
desenvolvimento de pequenas dinastias regionais ao norte e ao sul.
Após a era conhecida como a dos Três Reinos, de 220 a 265 d.C., e
uma reunificação temporária do país entre 280 e 304, seguiu-se,
nos séculos de 317 a 589, uma sucessão conhecida como as Ses
Dinastias no Sul da China ao longo e abaixo do Yangzi e, no Norte da
China, basicamente uma arena de disputa entre todos os Dezesseis
Reinos.
Os
principais invasores ao norte já não eram Xiongnu turcos, cuja
confederação se tinha rompido, mas um povo nômade protomongol
conhecido como os Xianbei, que organizava estados em Gansu, ao oeste,
e Hebei e Shandong ao leste. Em vez de barbarizarem a cultura chinesa
local, esses invasores menos civilizados logo se entrosaram com as
características chinesas, casaram-se com gente do povo Han da região
e constituíram cortes ao estilo chinês. Os mais proeminentes eram
os turcos de Toba, que constituiram sua dinastia ao norte de Wei do
Norte (386-535), primeiro em Datong, no norte de Shanxi, e depois
(quando tinham conquistado e reunificado o Norte da China) em sua
segunda capital, Luoyang, logo ao sul do rio Amarelo, que fora a
capital dos Han posteriores. Outras das grandes conquistas dos Wei no
Norte era sua devoção ao budismo e os grandes entalhes em pedra que
fizeram próximo às suas duas capitais.
O
budismo espalhou-se rapidamente não só no Norte como também entre
as Seis Dinastias do Sul. Na época áurea do budismo na China, do
século V ao IX, o confucionismo foi eclipsado, e os ensinamentos
budistas, assim como a arte budista, tiveram um efeito profundo na
cultura chinesa, tanto ao norte como ao sul.
Fonte:
China – Uma Nova História, página 83.
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