sábado, 6 de junho de 2015

A reunificação na era budista

À medida que a unidade da China sobre os Han se desintegrava, a fé budista, que tinha sido importada da Índia na metade do século I d.C., foi ganhando adeptos, enquanto o confucionismo estatal entrava em declínio. O barbarismo e a religião seguiram-se ao colapso do Império Han, como aconteceu ao Império Romano. Mas os resultados na China foram diferentes dos da Europa.
O mecanismo básico do declínio da dinastia Han foi o de sempre: o surgimento de poderes locais ou regionais que eclipsaram os da dinastia central. A fraqueza do centro adveio de diversas causas: a sucessão de Imperadores Han incompetentes, sua dominação pela família da imperatriz, a usurpação de poder por eunucos e muitas outras rivalidades entre facções na corte. O favoritismo e a corrupção resultaram na nomeação de pessoal inadequado, exploração do povo, desconsideração dos interesses das famílias de comerciantes e magnatas e um enfraquecimento da capacidade militar da dinastia.
Essas fraquezas internas interagiram com o crescimento do poder local e regional nas mãos das famílias aristocráticas donas de latifúndios e cidades muradas, bem como das indústrias dentro delas.
O desastre definitivo foi em 220, com uma revolta de famílias aristocráticas ex-nômades do Norte da China e seus servos, que tinham se estabelecido dentro da Muralha, mas mantido suas habilidades e propensões bélicas.
À época dessas rebelião, estavam em marcha dois processos que acarretariam mais três séculos de desunião entre o Norte e o Sul da China – primeiro, a incursão recorrente de povos nômades ao norte da China, e segundo (em parte como consequência disso), a migração dos chineses da dinastia Han para áreas mais amenas e férteis do vale Yangzi, mas para o sul. Isso foi a base para um duplo do desenvolvimento de pequenas dinastias regionais ao norte e ao sul. Após a era conhecida como a dos Três Reinos, de 220 a 265 d.C., e uma reunificação temporária do país entre 280 e 304, seguiu-se, nos séculos de 317 a 589, uma sucessão conhecida como as Ses Dinastias no Sul da China ao longo e abaixo do Yangzi e, no Norte da China, basicamente uma arena de disputa entre todos os Dezesseis Reinos.
Os principais invasores ao norte já não eram Xiongnu turcos, cuja confederação se tinha rompido, mas um povo nômade protomongol conhecido como os Xianbei, que organizava estados em Gansu, ao oeste, e Hebei e Shandong ao leste. Em vez de barbarizarem a cultura chinesa local, esses invasores menos civilizados logo se entrosaram com as características chinesas, casaram-se com gente do povo Han da região e constituíram cortes ao estilo chinês. Os mais proeminentes eram os turcos de Toba, que constituiram sua dinastia ao norte de Wei do Norte (386-535), primeiro em Datong, no norte de Shanxi, e depois (quando tinham conquistado e reunificado o Norte da China) em sua segunda capital, Luoyang, logo ao sul do rio Amarelo, que fora a capital dos Han posteriores. Outras das grandes conquistas dos Wei no Norte era sua devoção ao budismo e os grandes entalhes em pedra que fizeram próximo às suas duas capitais.
O budismo espalhou-se rapidamente não só no Norte como também entre as Seis Dinastias do Sul. Na época áurea do budismo na China, do século V ao IX, o confucionismo foi eclipsado, e os ensinamentos budistas, assim como a arte budista, tiveram um efeito profundo na cultura chinesa, tanto ao norte como ao sul.


Fonte: China – Uma Nova História, página 83.



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