segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Política da Morte do Nazismo

Mais ou menos ao tempo em que Babeuf recém saíra dos cárceres dos jacobinos, onde esperara uma condenação que não veio, o poeta Sylvain Maréchal, um outro radical, talvez mais nivelador do que ele, escrevia em 1796 o seu candente Minisfeste des Égaux, o Manifesto dos Iguais, no qual dizia, ao dirigir-se num belo tom oratório ao povo da França, que a Revolução de 1789, era apenas um heraldo da verdadeira revolução que iria brevemente ocorrer, “maior, bem mais solene, a que seria a última delas todas”, a que traria a igualdade de fato para a humanidade. Que o povo não desse atenção aos que diziam que a igualdade era uma quimera, uma fantasia irrealizável, e que a única possível era aquela alcançada perante a lei. Se o povo marchara sobre o corpo do rei e dos padres, também o fará sobre o dos tiranos recentes, os novos políticos hipócritas que assumiram o lugar dos antigos. Cidadãos, exclamou ele, “não importa que todas as artes pereçam se assim for necessário para que a verdadeira igualdade se afirme entre nós”.
Uma lei agrária permitirá a instauração da comunidade dos bens, pois a terra não pertence a ninguém. Demandamos, desejamos, o usufruto em comum dos frutos da terra: “os frutos pertencem a todos”. Não vamos mais tolerar que a grande maioria dos homens labutem e suem ao serviço e ao prazer de uma insignificante minoria. A posteridade não irá acreditar nesse grande escândalo. Que desapareçam enfim “as diferenças entre ricos e pobres, entre grandes e pequenos, entre senhores e escravos, governantes e governados”. Se todos estão satisfeitos em ter o Sol e o ar em comum, porque não aceitar a mesma porção e a mesma qualidade de alimentos para todos? O caos até então reinante na história da humanidade será sucedido pela ordem que tomará o seu lugar de direito. Deixem os elementos da justiça e da felicidade serem organizados em resposta à voz da igualdade. Era esse o momento para fundar a República dos Iguais: o grande refúgio aberto a todos os homens. O dia da restituição geral e chegou as famílias sofreras sentarão por fim na mesa em comum que a Natureza preparou para todos os seus filhos.

Frnaçois Noël torna-se Graco

Como não podia deixar de ser, os destinos de Babeuf e de Maréchal não demoraram a se encontrar. Babeuf ao ser solto voltou-se imediatamente para o jornalismo político, abraçando a causa da igualdade. Parece que só então ele deu-se conta que a queda de Robespierre havia enfraquecido a causa dos radicais. Não tardou em ser novamente preso, só que dessa vez pelo Diretório (1795-1799). O regime que havia sucedido a ditadura jacobina, acusou-o de tentar lançar o povo, com seus artigos no jornal Le Tribun du Peuple, as autoridades legítimas. Foi dessa vez, nessa segunda feita em que o encarceraram, que ele resolveu adotar o nome do líder dos plebeus romanos à época da República, denominando-se de “Graco” Babeuf. Na prisão, encontrando-se com ex-jacobinos e outros radicais, gente que seguira Marat, Hébert e Robespierre, tornou-se pela ideia de uma grande conspiração para por abaixo o governo do Diretório e dar os primeiros passos para a implementação da República dos Iguais. O grupo, além de fundar a Sociedade do Panteão, já tinha um manifesto e um propósito, faltava partir para a ação.

O Plano do Golpe

Em vista da apatia das massas (exaustas pela tensão causada por sete anos de intensas lutas políticas, por estrondosas polêmicas, por enfrentamentos com os contrarrevolucionários, ela mobilização geral para deter a invasão estrangeira da França, e pelas matanças do terror jacobino), os revolucionários reunidos por Babeuf decidiram-se assumir o poder por meio de um golpe. As massas só acompanhariam, assim esperavam, depois do sucesso da tentativa deles de acabarem com o Diretório, regime burguês por excelência. Dessa forma os babovistas terminaram por elaborar uma técnica do golpe de Estado que irá influenciar. Os movimentos revolucionários no século e meio seguinte. Novamente libertado, Graco Babeuf tratou então de organizar uma pequena comissão responsável pelos preparativos do putsh: o Diretório Secreto da Segurança Pública, composto por sete membros (Babeuf, Debon, Sylvain Maréchal, Félix le Peletier, Darthé e Filippo Buonarroti).
O dia marcado para o levante – o Dia “J” foi fixado para 8 de maio de 1796, quando uma concentração programada por babovistas e jacobinos que estavam na clandestinidade, junto com os comitês militares insurgentes, mobilizaria uns 17 mil homens para tomar de assalto o Diretório, restaurando a Constituição de 1793, considerada por Babeuf e os seus próximos como a mais democrática de todas.


Fonte: História por Voltaire Schilling

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