sábado, 6 de junho de 2015

A História da Lapa

  1. Primórdios
Não obstante a falta de elementos positivos, admite-se que os primeiros civilizados a realizarem incursões na região dos Campos Gerais foram Aleixo Garcia, que comandou a primeira bandeira paulista, em 1526 e, mais tarde, em 1531, as bandeiras de Pero Lobo e Francisco Chaves.
O terceiro expedicionário a penetrar a região foi Alvaro Nuñes Cabeza de Vaca, em 1541, na viagem que realizou da Espanha ao Paraguai, na qualidade de “adelantado” (governador) daquela província espanhola na América do Sul.
Trazendo a missão de tomar posse para a coroa de Castels das terras situadas ao ocidente da linha limítrofe com as de Portugal, na América, Cabeza de Vaca apontou em Cananeia, que considerava pôrto espanhol e em São Francisco, desembarcando a 29 de março de 1541 na Ilha de Santa Catarina. O 'adelantado' castelhano tomou posse, em nome do rei de sua pátria, das três localidades visitadas.
Acompanhado de um contingente de 250 homens de armas, 36 cavalos e alguns índios “vaqueanos”, Cabeza de Vaca subiu o Itapocu, atravessou à Serra do Mar, à margem oriental do Campo do Tenente e o rio Iguaçu, nas proximidades da atual cidade de Araucária.
Trazendo a missão de tomar posse para a coroa de Castela das terras situadas ao ocidente da linha limítrofe com as de Portugal, na América, Cabeza de Vaca aportou em Cananeia, que considerava porto espanhol e em são Francisco, desembarcando a 29 de março de 1541 ria ilha de Santa Catarina. O 'adelantado' castelhano tomou posse, em nome do rei de sua pátria, das três localidades visitadas. Acompanhado de um contingente de 250 homens de armas, 36 cavalos e alguns índios “vaqueanos”, Cabeza de Vaca subiu o rio Itapocu, atravessou à Serra do Mar, à margem oriental do Campo do Tenente e o ria Iguaçu, nas proximidades da atual cidade Araucária.
Antonio Raposo Tavares, no segundo ataque que levou a efeito aos 'pueblos' espanhóis de Vila Rica do Espirito Santo e Ciudad Real del Guaira, transpôs o rio Paraná, atingindo o 'pueblo' de Santiago Xéres. Em 1636, o mesmo aguerrido bandeirante, chefiando uma bandeira de 120 paulistas e mais 1.000 índios tupis, atingiu a localidade de Tapes, em São Pedro do Rio Grande do Sul. Diz Ellis Júnior que “tomou a bandeira o caminho do Guaíra, passando pelo Açungui e sertão dos Carijós.
Em que pese a falta de referência, é livre de dúvida que Raposo Tavares passou pelos Campos Gerais, na região onde se encontra a legendária cidade da Lapa. No ano de 1720 Zacarias Dias Côrtes organizou uma expedição levada aos Campos de Palmas, com resultados satisfatórios e promissores, tendo feito importantes descobrimentos, com que se entusiasmou o governo da Capitania de São Paulo, a determinar uma verificação no caminho para o Rio Grande do Sul. Aliás, a abertura de uma via de comunicação dessa natureza já havia sido sugerida pelo sertanista Bartolomeu Paes. Preciso lhes corrigir as “diretrizes”. Nova bandeira foi levantada, para proceder à retificaçao, e Manoel Rodrigues da Mota manteve-se no sertão à sua custa. Deve-se, portanto, a abertura da Estrada do Mota, que tantos serviços prestou ao povoamento dos Campos Gerais de Curitiba e do Rio Grande do Sul, ao bravo bandeirante curitibano Manoel Rodrigues da Mota. Esta denominação foi facilmente alterada, mais tarde, para “Estrada da Mata”; isso porque, do Rio Negro para o sul, o caminho atravessava uma região de intensa floresta virgem. A abertura do caminho foi iniciada em 1730 e concluídas em 1731. O trecho que aqui recebeu a denominação de Estrada da Mata era apenas uma parte do histórico Caminho de Sorocaba-Viamão.
Ao longo dessa estrada foram surgindo os “pouso” ou “invernadas” dos tropeiros e comerciantes de gado com a famosa feira de Sorocaba. Um desses “pousos” recebeu a denominação de Capão Alto. Co ma abertura da Estrada da Mata, em 1731, o governo da Capitania de São Paulo resolveu criar um Registro para cobrança do pedágio do gado que transitava por aquele caminho, o qual foi instalado à margem do rio Iguaçu que, por esse motivo, ficou sendo conhecido por rio do Registro.

II Vila Nova do Príncipe

O Capão Alto estava localizado no ponto em que a lenda, um século depois, veio consagrar a um famoso asceta, quando então passou a chamar-se Gruta do Monge. Era ali o final da etapa diária para aqueles, que , pela manhã, deixavam as margens do rio Negro e que, ao anoitecer, buscavam local próprio para o repouso mereceido. Em torno do Registro, que outra coisa não era senão um Posto fiscal, foram paulatinamente se estabelecendo alguns moradores. João Pereira Braga e sua mulher, D. Josefa Gonçalves da Silva, forma os primeiros a se estabelecerem na localidade de Capão Alto.
Os primitivos moradores dedicaram-se às atividades agrícolas, o que contribuiu para o desenvolvimento da localidade. Em consequência, o antigo pouso de Capão Alto, em meados do século XVIII, já contava com regular número de habitantes. Já existia uma capelinha tosca sob a invocação de Nossa Senhora do Capão Alto, erigida pelos Padres Carmelitas do Tamanduá, e que teve por primeiro vigário o padre João da Silva Reis, filho do primeiro casal que chegou à localidade. A povoação foi elevada à categoria de freguesia no dia 13 de junho de 1797, tendo como padroeiro Santo Antônio. Nessa época chegou ali o capitão Francisco Teixeira Coelho, de nacionalidade portuguesa, que se interessou pela localidade, prestando reais serviços ao seu progresso.
Por ocasião das expedições para descoberta dos sertões do Tibagi, levadas a efeito por determinação do tenente-coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza, estacionou na povoação uma companhia de auxiliares, que recebeu a inspeção daquele militar a 10 de fevereiro de 1771, tendo o mesmo providenciado “o mais que era preciso para aumento de nova Freguesia”. O progresso da freguesia era cada vez mais empolgante, despertando, por isso, nos povoadores, a esperança de conseguirem a sua elevação a vila.
Contava já com “trezentos e tantos fogos”, apresentando aspecto agradável à vista, com suas ruas bem alinhadas quando, em 1806, o seu comandante mandou edificar o prédio que deveria servir de Câmara e Cadeia. Nessa altura, os habitantes do lugar, 'tendo à frente o capitão Francisco Teixeira Coelho, comandante das funções da freguesia, passaram procuração ao coronel José de Carvalho e capitão José de Andrade e Vasconcelos, para que qualquer deles solicitasse ao governador-geral da Capitania de São Paulo a elevação da freguesia à categoria de vila, com Justiça Ordinária e Juiz de Órfãos”.
Desempenhando-se da missão que lhe foi confiada, o coronel José Vaz de Carvalho, como procurador dos habitantes da freguesia do Capitão Alto, requereu a graça da ereção da vila no dia 26 de fevereiro de 1806. Em sua petição alegava, entre outras coisas, a circunstâncias de achar-se a referida freguesia muito distante da vila de Curitiba, o que dificultava sobremaneira os negócios forenses.
Lembrava ainda, o requerente, os limites para o distrito da nova vila, que seriam o rio do Registro (Iguaçu), com os distritos de Curitiba e Lages, o rio da Estiva, hoje catarinense. A petição teve despacho favorável, chegando a notícia da criação da vila à florescente povoação no dia 6 de junho de 1806.
Em regozijo pelo auspicioso acontecimento, realizaram-se nesse dia solenes festas populares procedendo-se, na casa da Câmara Municipal, a eleição dos juízes de paz e vereadores, que deveriam exercer o mandato na primeira legislatura. Foram eleitos Gabriel da Silva Sampaio, juiz Presidente; José França, José Vieira e Manoel Maciel, vereadores; e, João Ferrasores, procurador do Conselho. A povoação tomou então a denominação de Vila Nova do Príncipe.
Em carta datada de 20 de junho de 1806, o capitão Francisco Teixeira Coelho comunicava ao Governador de São Paulo a satisfação de que se achava possuído o povo da vila, pelo atendimento as suas aspirações. Em 1829 chegaram ao Paraná os primeiros imigrantes alemães, em número de 60 pessoas, que se estabeleceram na antiga Estrada da Mata, dando início à fundação do Senhor Bom Jesus do Rio Negro, núcleo colonial que contribuiu de forma notável para o progresso do Paraná. Os colonos tedescos se compunham de 12 famílias e chegaram à Capela da Estrada da Mata no dia 6 de fevereiro de 1829.
Durante o seu governo, Catarina II, da Rússia, que era de origem germânica, promoveu o desenvolvimento de uma colonização alemã de grandes proporções, às margens poéticas do Volga. A grande Czarina deu todo o paoio a essa colonização, porém, em 1877, o novo Czar revogou as disposições de Catarina II, passando a oprimir os alemães com impostos e serviço militar obrigatório.
Foi assim que naquele ano, da população alemã do Volga, que atingia vinte mil habitantes, partiu a primeiro grupo de imigrantes, com destino às terras livres do Brasil. Em aqui chegando, esses colonos escolheram para seu estabelecimento um lugar no planalto paranaense, nas proximidades da então Vila Nova do Príncipe.
Os núcleos coloniais fundados pelos alemães do Volga, em território do atual município da Lapa, foram denominados Mariental, Johannisdorf, Wirmond e outros. Esse núcleos progrediram rapidamente e, dentro em breve, surgiram diversos outros localizados no planalto paranaense. Documentos históricos merecedores de fé informam que já em 1829, à época da fundação do núcleo alemão da Estrada da Mata, alguns imigrantes se estabeleceram na Vila Nova do Príncipe, dedicando-se aos trabalhos da construção da estrada. Aos poucos esse número foi aumentando. O patriarca da família alemã da Lapa foi Eugênio Westphalen, farmacêutico, natural de Berlim, que chegou ali em 1830. Homem culto e trabalhador, chefe de família numerosa, Eugênio Wetphalen deu notável contribuição ao progresso e desenvolvimento da vila.


  1. Guerra dos Farrapos

Durante a Guerra dos Farrapos, a Lapa constituiu-se em ponto de concentração das forças legais, principalmente, quando José Garibaldi invadiu Santa Catarina, em 1843.
Com a criação da Província do Paraná, em 1853, e sua consequente organização judiciária, a Vila do Príncipe passou a ser o 5º termo judiciário e policial da comarca de Capital, sendo-lhe jurisdicionada a freguesia do Rio Negro, que já contava com 421 fogos, uma população de 1884 habitantes e dois eleitores para o colégio da Vila do Príncipe.
Por decreto nº 1.418, de 16 de agosto de 1854, foi criado o juízo Municipal e de órfãos da vila, sendo nomeado primeiro o juiz o Dr. Manoel de Barros Wanderley Lins que, ao que tudo indica, não assumiu o cargo.
A 30 de maio de 1870, Vila Nova do Príncipe foi elevada à cabeça de comarca, deixando, assim, de ser termo judiciário de Curitiba. A instalação da nova comarca ocorreu a 11 de junho de 1871, pelo seu primeiro juiz de Direito, Dr. Antônio Cândido Ferreira de Abreu.
Em 1872, Vila Nova do Príncipe recebeu foros da cidade, passando a denominar-se cidade da Lapa, nome por que era conhecida a povoação desde os princípios de sua história, mas que não era adotado oficialmente.
Após a proclamação da República, por Decreto número 28, do Governo do Estado do Paraná, foi instalada a primeira Intendência Municipal e a Câmara, que ficou constituída pelos senhores Eduardo Alberto de Andrade Wirmond, Presidente; Francisco Manoel da Silva Braga, Vice-Presidente; e Olympio Westphalen, Tobias Cardoso Moreira, João Pacheco dos Santos Lima. Dr. Cândido Ferreira e Américo Pereira de Rezende, vogais.

  1. Revolução Federalista

A cidade da Lapa tem uma página épica de sua história, nas lutas que ali se desenrolaram por ocasião da Revolução Federalista, no ano de 1894.
No início daquele ano, a parte sul do município foi invadida pelas tropas revolucionárias rio-grandenses. Então, de um momento para outro, a pacífica e calma cidade campesina foi transformada em autêntica praça de guerra, onde, por vários dias seguidos, se verificaram sangrentos acontecimentos. Os exércitos revolucionários sob o comando de Gumercindo Saraiva, vitoriosos nas campinas do Rio Grande do Sul, depois de haverem conquistado grande parte do território catarinense, tencionavam apoderar-se das unidades legalistas, apossando-se de Curitiba. E já no dia 27 de dezembro de 1893, vários piquetes do inimigo apareciam nas proximidades de Lapa, que contava com uma guarnição de pouco mais de 700 homens.
Visando obstar a marcha vitoriosa do inimigo, a general Argolo organizou uma Divisão do Exército de 1800 homens, para defender o Paraná, lutando contra as hostes de Gumercindo e Aparício Saraiva. Essa Divisão ficou constituída de quatro brigadas mistas, ficando a primeira, segunda e quarta na cidade de Lapa, e a terceira em Tijucas, na encruzilhada, sob o comando do coronel Adriano Pimentel. Em virtude de ordens do Comando Geral, alguns dias depois, o grosso das tropas governistas era desfalcado. Diversos efetivos partiram para Tijucas, Ambrósios e Paranaguá, a fim de reforçar as guarnições dessas cidades. Outros destacamentos guerrilhavam o inimigo no Campo do Tenente, Várzea e Rio Negro.
Finalmente, a 15 de janeiro de 1894, apresentaram-se frente à cidade de Lapa, as hostes federalistas, compostas por um efetivo de cerca de 1200 homens, surgindo pela estrada do Rio Negro.
As forças legais, sob o comando do bravo general Antonio Ernesto Gomes Carneiro, logo que os revolucionários se aproximaram numa distância de quatro quilômetros, romperam fogo de artilharia. Imediatamente os exércitos inimigos estenderam as linhas de atiradores, flanqueada por numerosa cavalaria e responderam à saudação com tiros de quatro canhões Krup.
Poucas horas após cessava o primeiro combate e, de lado a lado apresentava-se os contentadores para a batalha que seria travada no dia seguinte. Ainda durante esse dia, os atacantes canhonearam por diversas vezes os legalistas, que não puderam responder ao fogo inimigo, dando pouca distância em que se achavam da Praça e por medida de economia. No dia 17 de janeiro, pela manhã, partiu para Curitiba o capitão Lauro Müller, a fim de se entender com o comandante do Distrito sobre o concerto de um novo plano de defesa.
Logo após a partida do trem, que se movimentou com grande velocidade, os revolucionários romperam cerrado fogo contra a praça, realizando, imediatamente, um ataque pela retaguarda, pois durante a noite haviam contornado a cidade, ocupando posições no alto da Gruta do Monge. A peleja foi renhida durante todo o dia, sendo mantidas pelos defensores todas as posições que ocupavam. Do dia 18 a 21 continuou o ataque de lado a lado, tendo os legalistas, construído trincheiras em diversas ruas da cidade, que se achava completamente sitiada.
A 22 continuou o combate, tendo os revolucionários descido para as matas entre a Gruta do Monge e a cidade, ocupando posições também atrás do Cemitério. As 7 horas da manhã desse dia, três cavaleiros desceram do Monge, exibindo uma bandeira branca, para parlamentarem. Intimados a pararem à distância, não atenderam, recebendo, por isso, uma saraivada de balas que os obrigou a regressar.
Em represália, romperam os atacantes cerrada fuzilaria contra a Praça. Mas, como a demora do sítio roubava aos revolucionários o tempo de que tanto precisavam para outras conquistas, cessaram eles o fogo por alguns instantes, enquanto José Loureiro e Artur Balster, negociantes em Curitiba, procuravam servir de intermediários, evitando o derramamento de sangue. O general Gomes Carneiro, comandante da Praça, porém, não os recebeu, fazendo-os retornar ao local de origem.
Novamente recomeçou a renhida peleja, ocupando os sitiantes à Estação Ferroviária, o Cemitério Municipal e o Engenho Lacerda, enquanto os sitiados se recolhiam às trincheiras. Mas não puderam ainda os revolucionários contar com a vitória. Os sitiados, encorajados pelo admirável valor do seu comandante, iniciaram a reconquista dos pontos tomados pelo inimigo. Clementino Paraná, à frente das forças do Regimento de Segurança, assaltou e conquistou a Estação; Inacio Costa expulsou os sitiantes das matas da direita. O número de baixas foi elevado de parte a parte.
De 23 a 26 foi diário e de sol a sol o bombardeio de Lapa pelos quatro canhões Krup dos atacantes. A defesa foi reduzida em seu raio e limitada às zonas de trincheiras. O inimigo ocupou a Rua das Tropas e o Alto da Lapa.
De 28 de janeiro a 1º de fevereiro, a cidade, exposta aos tiros dos sitiantes, foi inclementemente batida. Em qualquer das ruas o trânsito se tornou perigoso. “Não raro viam-se caírem feridos ou mortos aqueles que, por necessidade do serviço ou por atos comuns de imprudência, transitavam por elas”.
De 2 a 6 de fevereiro, os atacantes consolidaram suas posições e mantiveram seguido tiroteio. A 7, já o inimigo tiroteava dos quintais da Rua da Boa Vista, e as forças, muito numerosas, atacavam todos os flancos da cidade.
“Trava-se então renhido e mortífero combate, no qual os contendores, se não chegaram ao uso da arma branca, fuzilavam-se, entretanto, apenas separados por cercas de tábuas que dividiam os quintais ou fechavam os lances de rua onde não existiam casas”.
Serra Martins dirigia os setores de um lado da cidade e Joaquim Lacerda, os de outro lado: Gomes Carneiro, a cavalo, estava em toda a parte, dando o exemplo e animando a resistência. Foi assim que apareceu na trincheira erguida no cruzamento da Rua das Tropas com a da Boa Vista entre as casas de Francisco de Paula e do coronel João Pacheco, onde a fuzilaria estava dizimando a guarnição. Apenas chegara, uma bala de fuzil inimigo o prostrou gravemente ferido. Foi recolhido à casa próxima, do professor Pedro Fortunato de Souza Magalhães, onde ficou em tratamento, aos cuidados do Dr. João Cândido Ferreira, médico da segunda Brigada.
O duelo entre a trincheira e os atacantes recrudesceu. Os patriotas lapeanos, do Batalhão Floriano Peixoto, Henrique José dos Santos e alferes Fidêncio Guimarães, comandante e subcomandante desse setor, quase que ao mesmo tempo caíram mortos. O alferes aluno Gustavo Leblon Régis, que manobrava, com eficiência, um canhão Krup, era posto fora de combate, gravemente ferido.
Mortos ou feridos, caíram todos os defensores da heróica e fatídica trincheira. Calou-se, finalmente, o canhão. Emudeceram as carabinas. Pela trincheira, defendida agora pelos mortos, ia passar triufante o inimigo. Mas, num supremo instante apareceram para combater ao lado deles, o coronel Lacerda, o major Menandro Barreto e o capitão Sisson, com reforços de patriotas lapeanos e do 17º de Infantaria de Linha.
E o canhão rimbombou de novo. E as carabinas estalaram outra vez, no ritmo agônico dos tiroteios, num suremo esforço de defesa da praça e da legalidade. As casas da Rua Boa Vista começaram a ser invadidas pelo inimigo. Numa luta fratricida e feroz, caíam de parte a parte, dezenas de combatentes.
No fragor de um desses assaltos, tombou, atingindo por uma bala, o Dr. José Amintas de Barros, Comandante do Batalhão Floriano Peixoto e que havia sido promovido ao posto de tenente-coronel na véspera desse dia aziago.
Noutro setor é mortalmente ferido pelo coronel Cândido Dulcídio Pereira, ídolo dos seus soldados e comandante do Regimento de Segurança. A luta foi por todos os lados árdua e mortífera. Mas a vitória era das armas inimigas. Daí resultaram, desânimos e deserções. A causa da defesa perdia entusiasmo e esperanças. Reinava o fatalismo quase em desalento.
No dia 8 de fevereiro os soldados do Regimento de Segurança foram informados da morte do seu bravo comandante, coronel Dulcídio Pereira. Foi preciso antecipar o seu enterramento, para que os soldados voltassem aos seus postos.
Findava-se, também, quase à mesma hora, o general Gomes Carneiro, comandante-geral da Praça.
A situação era extremamente grave. Havia, contudo munição e víveres para mais alguns dias. Diante disso, reunidos todos os comandantes de unidades, o coronel Lacerda propôs que assumissem todos o compromisso da honra, de defender a cidade, até que se esgotassem os últimos recursos.”De pé, braços estendidos e mão sobrepostas, - foi essa promessa solenemente feita”.
No dia 10, a notícia da morte do general Gomes Carneiro era conhecida de todos. A desolação foi geral. O cadáver do grande herói, envolto na bandeira do 17º Batalhão de Infantaria, foi sepultado na sacristia da Matriz de Lapa. Na manhã do dia 11, um emissário dos sitiantes trouxe um ofício do general Laurentino Pinto Filho, comandante do 2º Corpo do Exército Revolucionário, dirigido ao coronel Joaquim Lacerda, propondo a capitulação. Já então a impressão geral era a de que, a resistência se tornara impossível e a derrota rondava as fortificações da cidade. O ofício foi assinado. Terminou assim a histórica resistência que à pequenina e pacífica cidade de Lapa trouxe o galardão de heroica e legendária.

  1. Século XX

Em 1895, foi fundada a colônia Antônio Olinto, na fertilíssima região compreendida entre as águas dos rios Negro e Iguaçu, próximo a sua confluência.
Com a criação do município de Rio Negro, foram alterados os limites do município, que perdeu a zona compreendida entre os rios Várzea e Negro, passando a servir de divisa uma linha que partindo do rio Palmito, pelas fraldas orientais da serra do Quicé, vai alcançar as cabeceiras do ribeirão Vermelho, por onde segue até a sua confluência com o rio Várzea.
Depois do acordo que dirimiu as questões de limites entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, ficando o município de Rio Negro com uma pequena área, foi ainda desmembrado do município de Lapa extenso território de 1.000 quilômetros quadrados que foi incorporado ao município de Rio Negro.
Em 1955, o distrito de Contenda, uma de suas mais antigas colônias formada quase que exclusivamente por imigrantes polacos, foi elevado à categoria de município, motivo por que foi Lapa ainda uma vez desmembrada.

Fonte: Lapa – Cidade Histórica



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