Para
justificar a insurgência, Babeuf mandaria imprimir o seu programa
onde claramente ataca os direitos da propriedade em nome da República
dos Iguais, que substituiria o Diretório.
1 – A
natureza deu a todo homem o direito de usufruir de todo os seus bens.
2 – O
propósito da sociedade é defender essa igualdade, tão
costumeiramente atacada pelos maus e pelos mais fortes, e
incrementar, por meio da cooperação universal, o usufruto em comum
dos benefícios da natureza.
3 – A
natureza impôs a todos a obrigação de trabalhar, ninguém pode
esquivar-se dessa tarefa sem que com isso esteja cometendo um crime.
4 –
Todo o trabalho e o gozo dos seus frutos deve ser em comum.
5 – A
opressão existe quando uma pessoa se exaure no trabalho da terra
carente de tudo, enquanto outra nada na abundância sem que tenha
feito nenhum esforço para isso.
6 –
Ninguém pode apropriar-se dos frutos da terra ou da indústria
exclusivamente para si sem com isso cometer um crime.
7 –
Numa verdadeira sociedade não pode haver pobres nem ricos.
8 –
Aqueles homens ricos que não desejam renunciar aos seus excessos de
bens em favor dos indigentes são inimigo do povo.
9 –
Ninguém pela acumulação de todos os recursos da educação, pode
privar um outro da instrução necessária ao seu bem-estar: a
instrução deve ser comum a todos.
10 – O
objetivo da revolução é destruir a desigualdade e restabelecer o
bem-estar coletivo.
11 – A
revolução não acabou porque os ricos absorveram todas as riquezas,
colocando-as exclusivamente sob seu comando, fazendo com que os
pobres fossem colocados em estado de virtual escravidão, definhando
na miséria e não sendo nada no Estado.
12 – A
Constituição de 1793 é a verdadeira lei dos franceses, em razão
do povo tê-la solemente a aceitado.
Julgamento
e Execução
O plano
dos revolucionários nem chegou a ser executado. Os membros do
Diretório haviam infiltrado espiões no meio dos babovistas, o
suficiente para saberem os detalhes do complô bem como quem eram os
seus mentores. Babeuf e os demais, uns 65 militantes ao todo, foram
detidos e levados à prisão. O julgamento deles se estendeu por
quase cinco meses, de 20 de fevereiro a 26 de maio de 1797,
concluindo com a condenação à morte de Graco Babeuf e do seu
companheiro Augustin Darthé. Ambos foram supliciados na guilhotina
em 27 de maio de 1797. Os demais receberam a absolvição ou
sentenças de degredo na Guiana Francesa, onde fizeram companhia aos
ex-jacobinos seguidores de Robespierre que lá já estavam há três
anos.
O
público francês só tomou conhecimento dos detalhes da intentona
muitos anos depois, 34 para ser mais exato, quando Filippo Buonarroti
a descreveu num livro que tornou-se um clássico no assunto,
intitulado Conspiration pour l'Egalité dite de Babeuf, 1830,
fazendo com que desde então época o militante-chefe dos niveladores
franceses fosse considerado como um ícone da revolução
igualitária.
Fonte:
História por Voltaire Schilling
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