segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Doutrina de Babeuf

Para justificar a insurgência, Babeuf mandaria imprimir o seu programa onde claramente ataca os direitos da propriedade em nome da República dos Iguais, que substituiria o Diretório.

1 – A natureza deu a todo homem o direito de usufruir de todo os seus bens.
2 – O propósito da sociedade é defender essa igualdade, tão costumeiramente atacada pelos maus e pelos mais fortes, e incrementar, por meio da cooperação universal, o usufruto em comum dos benefícios da natureza.
3 – A natureza impôs a todos a obrigação de trabalhar, ninguém pode esquivar-se dessa tarefa sem que com isso esteja cometendo um crime.
4 – Todo o trabalho e o gozo dos seus frutos deve ser em comum.
5 – A opressão existe quando uma pessoa se exaure no trabalho da terra carente de tudo, enquanto outra nada na abundância sem que tenha feito nenhum esforço para isso.
6 – Ninguém pode apropriar-se dos frutos da terra ou da indústria exclusivamente para si sem com isso cometer um crime.
7 – Numa verdadeira sociedade não pode haver pobres nem ricos.
8 – Aqueles homens ricos que não desejam renunciar aos seus excessos de bens em favor dos indigentes são inimigo do povo.
9 – Ninguém pela acumulação de todos os recursos da educação, pode privar um outro da instrução necessária ao seu bem-estar: a instrução deve ser comum a todos.
10 – O objetivo da revolução é destruir a desigualdade e restabelecer o bem-estar coletivo.
11 – A revolução não acabou porque os ricos absorveram todas as riquezas, colocando-as exclusivamente sob seu comando, fazendo com que os pobres fossem colocados em estado de virtual escravidão, definhando na miséria e não sendo nada no Estado.
12 – A Constituição de 1793 é a verdadeira lei dos franceses, em razão do povo tê-la solemente a aceitado.

Julgamento e Execução

O plano dos revolucionários nem chegou a ser executado. Os membros do Diretório haviam infiltrado espiões no meio dos babovistas, o suficiente para saberem os detalhes do complô bem como quem eram os seus mentores. Babeuf e os demais, uns 65 militantes ao todo, foram detidos e levados à prisão. O julgamento deles se estendeu por quase cinco meses, de 20 de fevereiro a 26 de maio de 1797, concluindo com a condenação à morte de Graco Babeuf e do seu companheiro Augustin Darthé. Ambos foram supliciados na guilhotina em 27 de maio de 1797. Os demais receberam a absolvição ou sentenças de degredo na Guiana Francesa, onde fizeram companhia aos ex-jacobinos seguidores de Robespierre que lá já estavam há três anos.
O público francês só tomou conhecimento dos detalhes da intentona muitos anos depois, 34 para ser mais exato, quando Filippo Buonarroti a descreveu num livro que tornou-se um clássico no assunto, intitulado Conspiration pour l'Egalité dite de Babeuf, 1830, fazendo com que desde então época o militante-chefe dos niveladores franceses fosse considerado como um ícone da revolução igualitária.


Fonte: História por Voltaire Schilling

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