O fascínio e repulsa
estão associados quando se trata de psar a II Guerra Mundial .E essa
contradição se soma à interrogação sobre seu real significado,
nunca completamente respondida, por mais que se escreva sobre ela.
Por que, 20 anos após o encerramento da I Guerra Mundial, ocorreu
outra ainda mais violenta?
Sem dúvida ela está
associada à crise do sistema mundial, iniciada um quarto de século
antes da eclosão da Grande Guerra de 1914-1918, e o desequilíbrio
gerado pela Revolução Soviética. Mas o elemento catalisador foi o
impacto desigual da Grande Depressão sobre as potências da época.
A caixa de Pandora já estava aberta, mas a crise permitiu a
manutenção do ovo da serpente.
Interesses econômicos
e geopolíticos se apoiaram em aventureiros e fanáticos, num mundo
desorganizado. E o conflito se transformou, também, numa luta
ideológica e guerra civil de intensidade nunca vista, com
progressismo e reacionismo se enfrentando mortalmente em cada país.
Tecnicamente, apesar
dos discursos, se tratou de duas guerras paralelas: um conflito
terrestre na Europa entre o III Reich e a União Soviética (com o
apoio anglo-americano nos ares e nos mares) e uma guerra aeronaval no
Oceano Pacífico entre os Estados Unidos e o Império Japonês. O
resultado foi ambíguo, gerando nova Guerra, embora Fria.
Em 1945, houve a
derrota da ultra esquerda, mas não a sua destruição, pois era uma
aliada importante contra o comunismo. Ela sobreviveu nas sombras e,
70 anos depois, está de volta sob uma forma populista na Europa, mas
sempre racista e darwinista, mal e mal contida por democracias
desbotadas. Hoje, seus adversários estão desunidos e sem projeto.
Da mesma forma que antes, há crise econômica, rivalidade entre
potências e conflitos localizados se expandem e se fundem numa
guerra em expansão.
A forma militar do
conflito é impulsionada pelo jihadismo “muçulmano” do Boko
Haram e do chamado Estado Islâmico, novas expressões do fascismo no
Terceiro Mundo. Uma pergunta fica no ar: quem os apoia e contra quem
lutam? Mais uma vez se observa interesses econômicos e geopolíticos
manipulando aventureiros e fanáticos. Outra questão inquietante, já
não mais tão especulativa é: seria possível uma nova Guerra
Mundial? A memória histórica dura menos de setenta anos?
Paulo Fagundes
Visentini é historiador, professor titular de Relações
Internacionais da UFRGS.
Fonte: ZH Poa, página
11 de 3 de maio de 2015.
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