O presidente em exercício, Michel Temer, que é de origem libanesa, se viu na contingência esta semana de ter que assinar a ordem de fechamento do Consulado Geral do Brasil em Beirute. A decisão decorre da redução de R$ 40,7 milhões que foi imposta ao orçamento do Itamaraty, em função do programa de contingenciamento do governo. Embora o Líbano seja um país de longa tradição no relacionamento com o Brasil, o fechamento não terá maiores implicações, porque a embaixada continuará fazendo todo o serviço que era do consulado. Fica apenas o constrangimento de Temer.
O fechamento, no entanto, não será uma exclusividade de nossa representação na capital libanesa. Envolverá, muito possivelmente , as 77 embaixadas, consulados ou representações diplomáticas que foram criadas durante o governo Lula, quando o então presidente entendia que o Brasil deveria ser uma liderança internacional. Esta, lógico, era a explicação oficial. Na realidade, Lula estava era agindo como ponta de lança das empreiteiras brasileiras, para abrir negócios pela África, América Latina e Ásia. Negócios esses financiados com recursos do BNDES. Aliás, não dá para entender – ou até dá – por que a presidente Dilma Rousseff vetou a medida provisória que estabelecia o levantamento do signatário do BNDES. Mas, voltando a Lula, foi assim que foram abertas embaixadas no Congo, Burkina Faso, Camarões, Gana, Azerbaijão, Sri Lanka, Antígua e Barbuda, etc.
Como se observa, representações diplomáticas em países de “lata importância no contexto internacional”. Imagine-se o que a abertura dessas embaixadas representou em custos para o Brasil! No entanto, eram representações tão insignificantes que o Itamaraty teve enorme dificuldade em mandar gente para elas. Poucas tiveram o preenchimento do número necessário de funcionários. Tanto que o assunto passou a ser visto no Ministério das Relações Exteriores com um “mico”. Até porque pelo menos cinco embaixadas receberam multa por falta de pagamento de aluguel e funcionários chegaram a ter três meses de atraso nos salários. Situação agravada pela crise, o que fez com que missões comerciais e participações do Brasil em feiras internacionais caíssem de 180 em 2013 para 50 em 2014. Ou seja, deixamos de prospectar negócios em grandes eventos por causa do gasto em países sem importância.
Fonte: Correio do Povo, página 8 de 31 de maio de 2015.
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