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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Lava Jato: donos de empreiteiras têm bens bloqueados

 Juiz manda reter R4 20 milhões. Desvios podem chegar a R$ 700 milhões

Os presidentes das empreitiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, presos ontem em mais uma etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e outros dez executivos das duas empresas, tiveram o bloqueio de contas e investimentos bancários de valores de até R$ 20 milhões determinados pelo juiz Sérgio Moro. “Considerando os valores milionários dos supostos crimes, resolvo decretar o bloqueio das contas de todos os investigados até o montante de 20 milhões de reais”, escreveu Moro na decisão.
Cerca de 220 policiais federais participaram da operação que prendeu Odebrecht e Azevedo, na manhã de ontem, cujas empreiteiras atuam nas obras dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, e no cumprimento de mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “Não temos nenhuma dúvida de que (as companhias) Odebrecht e Andrade Gutierrez comandavam esquema de cartel dentro da Petrobras”, disse o procurador da República Carlos dos Santos Lima, em entrevista na qual afirmou existirem provas de um sofisticado esquema de pagamentos ilegais a ex-diretores da Petrobras no exterior, sobretudo no Panamá, Suíça e Mônaco.
O delegado da PF, Igor Romário de Paula, estimulou que os subornos podem somar o equivalente a US$ 230 milhões, segundo dados fornecidos por pessoas envolvidas no caso, que colaboram com a Justiça no âmbito de um redução de suas penas, entre eles, ex-diretores da Petrobras. “Usando como base os 3% usualmente mencionados pelos delatores, daria quase R$ 210 milhões da Andrade Gutierrez e R$ 510 milhões da Odebrecht”, informou, em alusão ao percentual do valor dos contratos multimilionários que teriam sido desviados, segundo os depoimentos já registrados pela PF e pelo Ministério Público.


PF diz que há rede de suborno


O Ministério Público Federal e a Polícia Federal afirmaram ontem que têm provas de que as construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez e seus donos comandavam o esquema de cartel e fraudes em licitações “como prática de negócios”. “Não temos dúvida de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez capitaneavam o cartel na Petrobras”, disse o procurador Carlos Lima. O delegado da PF, Igor de Paula, acrescentou que há indícios de que os presidentes “tinham o domínio de tudo que acontecia nas empresas”.


Mandado de busca na Capital


A Polícia Federal foi acionada no Rio Grande do Sul para o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão e de um mandado de condução coercitiva em Porto alegre, como parte da operação desencadeada ontem em São Paulo e que prendeu os donos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez.
Eduardo de Oliveira Freitas Filho, sócio-gerente da empresa Freitas Filho Construções, suspeito de pagar propina em nome das empreiteiras, prestou depoimento na PF e negou qualquer envolvimento com o caso.


E-mail da Braskem levanta suspeitas


A Braskem confirmou ontem que a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em sua sede, em São Paulo. Em nota, a empresa negou que o conteúdo do e-mail que levou à prisão de Marcelo Odebrecht tenha relação com a Braskem.
O e-mail, escrito em 2011 por Roberto risco Ramos, por meio de endereço eletrônico da Braskem, para Marcelo Odebrecht, faz referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia no contrato de operação de sondas. A Braskem disse que vai colaborar com as investigações.


Os presos

O ESQUEMA
Odebrecht
Andrade Gutierrez
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal acreditam que as empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez agiam de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. O diferencial seria o pagamento de propina a diretores da estatal via contas bancárias no exterior.
Marcelo Odebrecht, presidente, prisão preventiva.
– João Antônio Bernardes, ex diretor, prisão preventiva

– Alexandrino de Salles, prisão temporária

– Cristina Maria da Silva Jorge, consultora, prisão temporária

– Márcio Faria da Silva, prisão preventiva

– Rogério Santos de Araújo, prisão preventiva

– César Ramos Rocha, prisão preventiva
– Otávio Marque de Azevedo, presidente, prisão preventiva

– Antônio Pedro Campelo de Souza, prisão temporária

– Flávio Lúcio Magalhães, prisão temporária



Fonte: Correio do Povo, página 3 de 20 de junho de 2015.

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