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quarta-feira, 1 de abril de 2015

NÃO TEMOS O DIREITO DE ESQUECER

                                                                                                                                                                                                Gen Div Gilberto Rodrigues Pimentel - Presidente do Clube Militar
         Prezados amigos do Clube Militar:
         Em mais um 31 de março, em modesta homenagem da Casa da República, dirigimo-nos a nossos ilustres associados, comentando brevemente o motivo de nossa comemoração.
         Todos sabemos qual a situação do Brasil no início da década de 1960, após a inesperada renúncia do Presidente Jânio Quadros. A ela seguiu-se um torvelinho de tensões econômicas, políticas e sociais que ameaçavam levar de roldão nosso país na direção do ponto central que tudo tragava.
         Vivíamos, o que muitos propositadamente ignoram, o auge da Guerra Fria. No final de 1962 o mundo estivera perigosamente perto do conflito nuclear entre as superpotências da época, na Crise dos Mísseis em Cuba.
         A União Soviética agregava territórios a seus domínios, sufocava qualquer tentativa de insurreição nos países escravizados, como acontecera em Budapeste. Dominava metade da Alemanha, e Berlim Ocidental era uma ilha cercada pelos muros vermelhos. Dirigentes comunistas, impostos pela força e fiéis a Moscou, governavam com mão de ferro e apoio de tropas soviéticas a Polônia, Romênia, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária e Albânia. No Oriente, os comunistas assumiram a Coréia do Norte, a China continental, e acabariam estendendo seus tentáculos sobre o Camboja, Vietnã e Laos.
Na África, a campanha de expansão comunista ensanguentou Guiné Bissau, Cabo Verde, Congo, Argélia, Namíbia, Angola e Moçambique.
         Os ventos da Guerra Fria também chegaram ao Caribe: Cuba transformara-se em um satélite de Moscou, um verdadeiro porta-aviões ancorado a poucas milhas do território norte-americano, e a luta estendeu-se a Honduras, Panamá, Nicarágua, El Salvador.
Na América do Sul, as bases comunistas se ampliavam no Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia. E no alvo mais cobiçado, o gigantesco e aparentemente indefeso Brasil.
Esta visão do avanço vermelho pelo mundo inteiro e do perigo que isso representava para nossa Pátria é, em muitas ocasiões, menosprezada pelos estudiosos do período, às vezes por ignorância, às vezes por falta de visão estratégica, quase sempre por má-fé.
Para a seleta audiência que hoje nos honra com sua atenção, não é preciso detalhar a ação deletéria de Goulart, Prestes, Brizola, Arraes, Francisco Julião, do PCB, CGT, PUA, UNE, das Ligas Camponesas, dos Grupos dos 11.
Toda essa conspiração, esses movimentos solertes para empolgar o poder e implantar o comunismo no Brasil, toda a agitação, a violência, a baderna, a crescente confiança e o crescimento da atitude desafiadora, a falsa certeza de que as Forças Armadas estavam infiltradas e dominadas por um grande número de comunistas, prontas a aderir à revolução socialista iminente, tudo foi rápida e eficientemente dominado pelas lideranças democráticas e pelos bravos e dedicados militares que atenderam ao chamado desesperado da sociedade brasileira, expresso na imprensa, nas igrejas, nos lares e nas ruas.
O ponto máximo da subversão foi atingido em 30 de março de 1964, quando o Presidente João Goulart, em comício aqui ao lado, no Automóvel Clube, conclamou os sargentos a tomarem os quartéis e prenderem os oficiais, anunciando para dentro em breve as nebulosas reformas que sairiam, “a despeito do Congresso ou dos generais fossilizados e ultrapassados”. O Comandante Supremo das Forças Armadas atacava os seus pilares básicos: a hierarquia e a disciplina.
O Exército não falou, agiu. Na manhã de 31 de março iniciou-se o deslocamento das tropas de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro.
A sorte estava lançada e o aparentemente sólido castelo da subversão, inflado pela demagogia e pela propaganda, acreditando numa força que era apenas retórica, desmoronou ao primeiro embate.
A Nação estava salva, tínhamos cumprido nosso dever.
Hoje, quando o Brasil vive instantes de tanta instabilidade, em que os aproveitadores usam todas as armas para manter-se no poder e sangrar os cofres públicos, lembremos aqueles companheiros que, há 51 anos, souberam decidir na hora exata e agir sem temor para recolocar nossa Pátria nos rumos da liberdade e da democracia.
Recordemos, finalmente, o que escreveu nosso saudoso companheiro e amigo, o Gen Sergio Augusto de Avellar Coutinho:

“Esquecer 1964 é uma atitude de capitulação moral e intelectual. É ocultar das atuais gerações o papel exemplar das Forças Armadas, impedindo a criação da república sindicalista e da ditadura do proletariado.”
                    

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