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terça-feira, 31 de março de 2015

PT lança manifesto de reaproximação dos movimentos sociais e militância

Presidente Rui Falcão afirma que partido precisa retomar "tradição contestatória"
Presidente Rui Falcão afirma que partido precisa retomar
Presidente Rui Falcão afirma que partido precisa retomar "tradição contestatória" | Foto: José Cruz/ABr/CP

O PT lançou um manifesto de três páginas durante reunião da Executiva do partido em São Paulo, nesta segunda-feira, com 27 presidentes de diretórios regionais e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente nacional da sigla, Rui Falcão, afirmou que o partido pretende se reaproximar dos movimentos sociais, da militância e voltar às suas origens e bandeiras históricas, deixando os gabinetes e retornando às ruas e ao diálogo.

Essas diretrizes foram reforçadas no manifesto assinado pelos 27 presidentes dos diretórios. O documento deve ser discutido no 5º Congresso do PT, que será realizado entre os dias 11 e 13 de junho, em Salvador. Segundo Falcão, o partido tem refletido que é preciso mudar muitas coisas, entre elas o abandono da democracia participativa. “Muitos dos erros cometidos são por causa disso”, disse. Ele defendeu a necessidade de retomada da “tradição contestatória” e que seja articulada uma frente política que defenda a reforma política e tributária.

“O atual sistema tributário é injusto e regressivo, porque onera mais os impostos indiretos, ou seja, a maioria da população com o Imposto de Renda. Quem paga na fonte, não tem como escapar. E o Imposto de Renda sobre pessoas jurídicas permite escândalos como este que está sendo apurado, do Carf, que é três vezes maior do que todo prejuízo da Petrobras. Para não falar do HSBC, cuja fonte principal é a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro”, acrescentou Falcão. Ele reforçou que, caso membros do PT sejam condenados em algum desses escândalos, serão desfiliados do partido.

Para o líder partidário, é preciso que sejam retomadas as conferências de saúde e de educação, de modo a ajudar na construção de políticas públicas. Ele também defendeu um encontro entre a presidente da República, Dilma Rousseff, e os movimentos sindicais e sociais.

Segundo Falcão, o PT sofre hoje um forte ataque. “Nenhum dos diretores da Petrobras ou delatores são filiados ao PT. As doações que recebemos foram também para PMDB, PSDB, e PSB. Por que para os outros partidos é doação e para o PT é propina? Isto precisa ser provado. Nossas doações foram legais, declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, que não nos contestou em nenhum momento”, salientou.

Nesta terça, o partido participa do Dia Nacional de Mobilização, cujo slogan é “Democracia sempre mais, ditadura nunca mais”. Em São Paulo, o ato começa às 18h, na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista, e terá a presença de Lula.

Sobre João Vaccari Neto, Rui Falcão afirmou que a situação dele no partido não foi discutida na reunião, principalmente porque nem todos os membros da Executiva estavam presentes. Mais cedo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) defendeu o afastamento de Vaccari Neto do comando da Secretaria de Finanças do PT. Segundo Falcão, apenas os diretórios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul entregaram cartas pedindo o afastamento. “Não era local para deliberação”, esclareceu, ressaltando que isto poderá ocorrer dia 17 de abril, durante encontro do Diretório Municipal, em São Paulo.

“Ele é investigado há um ano por essas denúncias. Teve sigilo fiscal, telefônico e bancário quebrados. Já depôs na Polícia Federal e não está preso. Ele é acusado, mas quem é acusado não necessariamente é culpado”, concluiu.

Leia as iniciativas propostas no manifesto:


Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:

1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;

2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;

3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;

4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;

5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em tramitação na Câmara dos Deputados;

6. Apoiar iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de melhorar as condições de saneamento, habitação e mobilidade urbana;

7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;

8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;

9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da economia;

10. Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo. Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim será!

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