PT lança manifesto de reaproximação dos movimentos sociais e militância
Presidente Rui Falcão afirma que partido precisa retomar "tradição contestatória"
Presidente Rui Falcão afirma que partido precisa retomar "tradição contestatória" | Foto: José Cruz/ABr/CP
O PT lançou um manifesto de três páginas durante reunião da Executiva do
partido em São Paulo, nesta segunda-feira, com 27 presidentes de
diretórios regionais e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva. O presidente nacional da sigla, Rui Falcão, afirmou que o partido
pretende se reaproximar dos movimentos sociais, da militância e voltar
às suas origens e bandeiras históricas, deixando os gabinetes e
retornando às ruas e ao diálogo.
Essas diretrizes foram
reforçadas no manifesto assinado pelos 27 presidentes dos diretórios. O
documento deve ser discutido no 5º Congresso do PT, que será realizado
entre os dias 11 e 13 de junho, em Salvador. Segundo Falcão, o partido
tem refletido que é preciso mudar muitas coisas, entre elas o abandono
da democracia participativa. “Muitos dos erros cometidos são por causa
disso”, disse. Ele defendeu a necessidade de retomada da “tradição
contestatória” e que seja articulada uma frente política que defenda a
reforma política e tributária.
“O atual sistema tributário é
injusto e regressivo, porque onera mais os impostos indiretos, ou seja, a
maioria da população com o Imposto de Renda. Quem paga na fonte, não
tem como escapar. E o Imposto de Renda sobre pessoas jurídicas permite
escândalos como este que está sendo apurado, do Carf, que é três vezes
maior do que todo prejuízo da Petrobras. Para não falar do HSBC, cuja
fonte principal é a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro”, acrescentou
Falcão. Ele reforçou que, caso membros do PT sejam condenados em algum
desses escândalos, serão desfiliados do partido.
Para o líder
partidário, é preciso que sejam retomadas as conferências de saúde e de
educação, de modo a ajudar na construção de políticas públicas. Ele
também defendeu um encontro entre a presidente da República, Dilma
Rousseff, e os movimentos sindicais e sociais.
Segundo Falcão, o
PT sofre hoje um forte ataque. “Nenhum dos diretores da Petrobras ou
delatores são filiados ao PT. As doações que recebemos foram também para
PMDB, PSDB, e PSB. Por que para os outros partidos é doação e para o PT
é propina? Isto precisa ser provado. Nossas doações foram legais,
declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, que não nos contestou em
nenhum momento”, salientou.
Nesta terça, o partido participa do
Dia Nacional de Mobilização, cujo slogan é “Democracia sempre mais,
ditadura nunca mais”. Em São Paulo, o ato começa às 18h, na quadra do
Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista, e terá a
presença de Lula.
Sobre João Vaccari Neto, Rui Falcão afirmou que
a situação dele no partido não foi discutida na reunião, principalmente
porque nem todos os membros da Executiva estavam presentes. Mais cedo, o
ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) defendeu o
afastamento de Vaccari Neto do comando da Secretaria de Finanças do PT.
Segundo Falcão, apenas os diretórios de Santa Catarina e do Rio Grande
do Sul entregaram cartas pedindo o afastamento. “Não era local para
deliberação”, esclareceu, ressaltando que isto poderá ocorrer dia 17 de
abril, durante encontro do Diretório Municipal, em São Paulo.
“Ele
é investigado há um ano por essas denúncias. Teve sigilo fiscal,
telefônico e bancário quebrados. Já depôs na Polícia Federal e não está
preso. Ele é acusado, mas quem é acusado não necessariamente é culpado”,
concluiu. Leia as iniciativas propostas no manifesto:
Em concordância com este manifesto, nós, presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates, agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e do governo Dilma;
3.
Participar e ajudar a articular uma ampla frente de partidos e setores
partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos sociais da
cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de mudanças,
que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da
reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do apoio à agricultura familiar;
5.
Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre grandes fortunas e o
projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião, ambos em
tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para
intensificar investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de
melhorar as condições de saneamento, habitação e mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9.
Levar o combate à corrupção a todos os partidos, a todos os Estados e
Municípios da Federação, bem como aos setores privados da economia;
10.
Lutar pela integração política, econômica e cultural dos povos da
América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O momento não é de
pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de recuo; é de
avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos impedirá de
continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso povo.
Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim
será!
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