terça-feira, 3 de março de 2015

Governo oferece fortificação alimentar para crianças de 6,8 mil creches públicas

A ministra de Desenvolvimento Social e Combate a fome, Tereza Campelo, durante coletiva sobre os dados do Pnad, divulgada pelo IBGE(Fábio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)

Tereza Campello:  já  nasceu  a  primeira geração de crianças sem fome Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Os ministros da Saúde, Arthur Chioro, e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, lançaram hoje (2), em Niterói, região metropolitana do Rio, o programa NutriSUS, que oferece fortificação alimentar a mais de 6,8 mil creches públicas do país.

A iniciativa tem por objetivo reduzir a incidência de anemia e carências nutricionais na infância, principalmente no Nordeste, região que concentra dois terços das creches atendidas.

A ministra Tereza Campelo informou que o lançamento foi simbólico, porque o programa já estava sendo experimentado em 151 municípios "Não fizemos o lançamento de uma promessa. O NutriSUS já está ocorrendo e será ampliado a partir deste semestre. É uma ação concreta. As crianças brasileiras têm direito à alimentação pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)", disse a ministra.

De acordo com a ministra, a fortificação coloca o Pnae em nova fase.

"Já nasceu a primeira geração de crianças livres da fome e que estão na escola. O Brasil saiu do mapa da fome, mas isso não é suficiente. Queremos nossas crianças sem anemia e crescendo. E o NutriSUS veio para complementar esse conjunto de ações", acrescentou a ministra.

Arthur Chioro afirmou que a ação vai além da redução da mortalidade infantil por desnutrição. "É fundamental para garantir o pleno desenvolvimento na infância, enfrentar a mortalidade infantil, as infecções, a desnutrição, a obesidade e, ainda, uma série de problemas de saúde da idade, por conta da anemia, da deficiência de ferro e de microorganismos."

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, anuncia um conjunto de medidas para o reajuste e regulação do mercado de medicamentos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Iniciativa é fundamental para enfrentar  mortalidade infantil, diz Chioro  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda no primeiro semestre deste ano letivo, sachês com ferro, vitaminas, zinco e outros nutrientes serão adicionados à alimentação das creches selecionadas. Ao todo, 40 milhões de sachês devem ser comprados este ano, resultando em investimento de R$ 12,5 milhões.

Parceria com o Laboratório Farmacêutico da Marinha do Brasil permitirá a transferência da tecnologia de produção do sachê, que atualmente é importado. Durante 60 dias, os sachês serão misturados à refeição diária das crianças. Após pausa de quatro meses, a criança voltará  a receber a forificação por mais 60 dias. Segundo o ministro da saúde, a suplementação não tem restrições: as crianças sem deficiência de nutrientes os eliminarão naturalmente, sem que haja prejuízos à saúde.  

Para participar da iniciativa, os municípios precisaram se inscrever no Programa Saúde na Escola. Neste ano, são prioridade creches com pelo menos 95% de crianças com idade entre 6 meses e 4 anos e 10 meses. Outro critério é atender municípios do Norte e do Nordeste e creches do Sudeste, Sul e Centro-Oeste com ao menos 110 alunos na faixa etária priorizada.

De acordo com a última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), de 2006, 20,9% das crianças brasileiras com menos de 5 anos têm anemia. O percentual atinge 25,5% no Nordeste e 22,6% no Sudeste. No Norte, a taxa é 10,4%. Comunidades indígenas também estão no radar do programa, já que, conforme a pesquisa, a anemia nesses locais chegou a 50%.

A diretora adjunta da Unidade Municipal de Ensino Infantil Professora Odete Rosa da Mota, Viviane Evangelista, disse que as crianças não reclamam do gosto do suplemento. Segundo Viviane, quando a creche foi selecionada para o período experimental, iniciado em setembro de 2014, os pais foram informados e concordaram com o programa.

Para evitar desperdício dos nutrientes, os professores misturam o conteúdo do sachê nas primeiras colheres oferecidas às crianças. "Ainda não houve qualquer tipo de reação e todas as que iniciaram o programa estão recebendo [o fortificante]."

 

 

Agência Brasil

 

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