Ao mencionar a "confusão" de informações veiculadas na imprensa, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou hoje (7) que não há indícios nem fatos que justifiquem a abertura de investigação contra a presidenta Dilma Roussef no âmbito da Operação Lava Jato. Ele negou qualquer interferência do Executivo na abertura de inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e destacou a autonomia de instituições públicas que atuam nas investigações.
“Dos fatos que constavam na delação premiada, não há sequer indícios que possam envolver a presidenta da república. Nada há a arquivar, porque, quando você tem fatos narrados que não justifiquem a abertura de inquéritos, arquiva-se, como foi dito em vários dos arquivamentos referidos nas decisões do ministro Teori Zavascki”, disse Cardozo.
Saiba Mais
- Lista de inquéritos da Lava Jato tem parlamentares ex-integrantes do Executivo
- Lava Jato: Apesar de ter nome citado por Costa, Dilma não será investigada
Ele ressaltou que no caso da presidenta Dilma, Zavascki não disse “arquive-se”, e sim conclui que não há nada para arquivar. Esse discurso, segundo Cardozo, leva ao entendimento de que não há indicativo contra a presidenta. “Aliás, ainda que assim não fosse, é certo que, nos termos da Constituição Federal, 'o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos aos exercícios de suas funções'”, disse Cardozo ao citar o ministro do STF.
Cardozo considerou “absolutamente inverossímil” a possibilidade de o governo ter interferido e influenciado depoimentos prestados nos acordos de delação premiada, firmados com o Ministério Público. Além disso, afirmou que o governo não tem participação “na abertura de investigações em relação a pessoas com foro privilegiado, em decorrência da Operação Lava Jato”.
“Imaginar que o governo possa ter algum tipo de interferência para proteger aliados ou para punir quem quer que seja é algo que não se sustenta pela mera análise fática e da realidade institucional que o Brasil tem hoje”, disse referindo-se à autonomia de instituições como Polícia Federal e Ministério Público (MP). “É incorreto imaginar que o governo tenha influenciado, tenha colocado palavras na boca de pessoas que prestaram depoimentos na presença de membros do MP, da força-tarefa que está lá no estado do Paraná coletando informações”, completou Cardozo.
Na sexta-feira (6), o Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou a lista com os nomes de políticos sobre os quais o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de inquérito no caso da Operação Lava Jato. Entre eles, estão os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, deferiu 21 pedidos de abertura de inquérito.
Mostra Múltiplo Leminski reúne mais de mil objetos do artista
Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil Edição: Beto Coura
Exposição Múltiplo Leminski é atração em São PauloCosta Neto/Divulgação Caixa Cultural SP - Todos direitos Reservados
A exposição Múltiplo Leminski, aberta neste sábado (7), em São Paulo, reúne mais de mil objetos que retratam a vida e a obra de Paulo Leminski (1944-1989). O acervo, catalogado após anos de pesquisa, revela a multiplicidade do artista, que, além de músico e compositor, era poeta, romancista, tradutor, ensaísta e judoca.
A exposição passou por cinco cidades, começando por sua cidade natal, Curitiba, onde recebeu mais de 330 mil pessoas. Na Caixa Cultural São Paulo, até 3 de maio, a montagem destaca a relação do poeta com a capital paulista. A curadoria é feita por Alice Ruiz, casada por 20 anos com o artista, e das filhas, Aurea Leminski e Estrela Ruiz Leminski.
Os objetos da exposição fazem parte do acervo da família do artista. Os visitantes podem conhecer a máquina de escrever, livros escritos e traduzidos por ele; obras que faziam parte da biblioteca particular, cadernos e recortes de jornais; entrevistas, cartas, poesias escritas em guardanapos, além de originais manuscritos e datilografados e histórias em quadrinhos.
A escrivaninha original, onde ele produziu grande parte de suas obras durante dez anos, é uma novidade nesta montagem. O móvel passou a integrar o espaço que reproduz o escritório do artista. Aurea Leminski contou que a família tem um acervo amplo e, a cada montagem, novos elementos são apresentados.
A Exposição Múltiplo Leminski apresenta mais de mil objetos do escritorJosé Vieira/Divulgação Caixa Cultural SP - Todos direitos Reservados
“Quando vamos [expor], garimpamos o acervo dele, buscamos coisas que possam acrescentar, para a exposição estar sempre viva”, disse. “Em cada uma das montagens, fazemos uma interação da obra dele com a cidade. Em Salvador, o enfoque maior foi na música. Em São Paulo, é a poesia concreta”, explicou a curadora.
Na capital paulista, Leminski estudou no Colégio do Mosteiro de São Bento, foi amigo dos poetas Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Eles passaram a influenciar a obra do escritor quando ele tinha 19 anos. Na cidade, Leminski tinha grandes parceiros na música, como Itamar Assumpção e José Miguel Wisnik.
O acervo apresenta painéis e vitrines e é dividido em temas, como Linha da Vida e Obra, Poesia, Música, Prosa, HQs, Haikaista e Judoca e Jornalista.
Há um espaço infantojuvenil, que apresenta referências sobre dois livros escritos para as crianças: Guerra dentro da gente e Lua no cinema. Além disso, elas terão acesso às músicas de Pirlimpimpim, um disco gravado por Guilherme Arantes, com músicas dele e letras de Leminski.
Mulheres lutam pela igualdade na política
Dia Internacional da Mulher é oportunidade para refletir sobre discriminação
Polícia
Dupla é presa ao arrombar banco em Santo Antônio da Patrulha
“Dilma não será investigada porque não há indícios contra ela”
Deputados do PP-RS teriam mesada em esquema de corrupção
Secretaria usa "multa moral" no Rio para resolver pequenas infrações de trânsito
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante
A secretaria municipal de Ordem Pública começa a aplicar no Rio a chamada multa moral, um modelo de advertência educacional inspirado nas ações de cidadania realizadas em Bogotá, na ColômbiaTânia Rêgo/Agência Brasil
Já pensou que tomar uma bronca em público pode ajudar a melhorar o trânsito? É nisso que aposta a prefeitura do Rio de Janeiro. A partir de hoje (7), inspirada em uma medida adotada em Bogotá, na Colômbia, fiscais da Secretaria de Ordem Pública, responsáveis por organizar o tráfego de veículos, passaram a aplicar a chamada "multa moral".
De acordo com o subsecretário de Ordem Pública, Marcelo Maywald, a ideia é fazer uma abordagem educativa, esclarecendo o motorista sobre o impacto de pequenas infrações no trânsito. “A segunda maior reclamação na prefeitura é o estacionamento irregular. São carros parados na calçada, em rampa de deficiente, em faixa de pedestre e na vaga de idoso. Então, estamos fazendo esse trabalho educativo para tentar mudar. O fiscal procura o condutor, aborda e conversa sobre a consciência no trânsito e respeito ao próximo”, disse, ao acrescentar que a medida não substitui a multa em dinheiro.
A primeira fiscalização feita pela equipe da "multa moral" ocorreu no centro da cidade, onde o Corcel 2 do comerciante Evandro Simões foi encontrado parado em uma vaga reservada a idosos. Os fiscais da secretaria encontraram o motorista, pediram para ele não repetir o ato e aplicaram adesivos da "multa moral" no carro dele. Envergonhado, Evandro, desculpou-se e retirou o carro da vaga proibida.
“Para mim, essa abordagem não foi boa, fui logo o primeiro”, brincou. “Mas eles foram amigáveis, às vezes, [os fiscais] chegam multando tudo. Melhor assim”, completou. Ele justificou que costuma parar naquela vaga específica para retirar mercadorias do carro. “Vou tirar o carro agora, tem que obedecer a lei, não é?”
Em geral, segundo o subsecretário, os motoristas alegam que pararam rapidinho em áreas proibidas, se desculpam e prometem não repetir a prática. “Estamos dando uma chance aos motoristas de evitar que equipes [da guarda municipal que] aplicam a multa de verdade, em dinheiro, fazerem o mesmo flagrante”, explicou. Maywald frisa que outras equipes continuam nas ruas aplicando as penas pecuniárias.
Novidade no Rio, a “multa moral”, no entanto, divide opiniões. Pessoas que assistiram à abordagem acreditam que a multa em dinheiro funciona. “O pessoal só sente quando dói no bolso”, disse o vendedor de plástico Fernando Freitas. “Os motoristas fizeram autoescola, já sabem muito bem que é errado e o que é certo, agora, tem ter multa.”
A “multa moral” foi uma das medidas adotadas pelo prefeito de Bogotá Antanas Mokus, na década de 1990, para regenerar a cidade, que já foi uma das mais violentas do mundo. Ele também substituiu guardas de trânsito por mímicos, parte de uma política de educação no trânsito e cultura cidadã, que transformou a capital colombiana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário