terça-feira, 10 de março de 2015

Dilma considera protestos naturais, mas não aceita pedidos de impeachment

A presidenta Dilma Rousseff considerou naturais de um país democrático os protestos contra ela e o governo ocorridos ontem (8), mas disse que não há razões para que o conteúdo dessas manifestações sejam pedidos de impeachment. “Aqui [no Brasil] as pessoas podem se manifestar. Eu sou de uma época em que se a gente se manifestasse, acabava na cadeia, podia ser torturado ou morto. Chegamos à democracia e temos que conviver com a manifestação. O que nós não podemos aceitar é a violência”, declarou em entrevista a jornalistas.
Enquanto o pronunciamento de Dilma à Nação era exibido, em cadeia nacional de rádio e TV, houve manifestações em diversas capitais do país, nas formas de panelaço e buzinaço. Pelas mídias sociais, foram registrados protestos desse tipo em regiões de Brasília, do Rio de Janeiro, de São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Curitiba.
"Acho que há que caracterizar as razões para impeachment, e não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve primeiro e segundo turno. Terceiro turno das eleições, para qualquer cidadão brasileiro, não pode ocorrer a não ser que você queira ruptura democrática. Se se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas”, destacou a presidenta.
Ela disse que quem convocar protestos pode organizar do jeito que quiser. “Ela [manifestação] vai ter as características que tiverem seus convocadores; agora, ela em si não representa nem a legalidade nem a legitimidade de pedidos que rompem a democracia.”

Agência Brasil


Trabalhadores do Comperj mantêm ocupação do prédio do TRT no Rio


Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado
Um grupo de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) continua ocupando a sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no centro do Rio. Eles impediram que os funcionários deixassem o local, mas, por volta das 20h, as mulheres foram liberadas e, em seguida, às 21h10, os homens puderam sair.
Um grupo de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ocupam a sede do TRT, no centro do Rio. Eles bloquearam as duas saídas do prédio (Thomaz Silva/Agência Brasil)
Um grupo de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ocupa a sede do TRT, no centro do Rio. Eles bloquearam as duas saídas do prédioAgência Brasil/Tomaz Silva
Mais cedo, os manifestantes bloquearam as duas entradas do prédio com mesas e cadeiras. Uma bomba foi jogada próximo aos elevadores. A ação aconteceu após uma reunião de conciliação entre os trabalhadores e representantes da empresa, da presidência do tribunal, do Ministério Público do Trabalho (MPT) e o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
Os trabalhadores estão há três meses sem receber, depois que a empresa Alumini teve o contrato suspenso com a Petrobras.
A reunião definiu que a Petrobras vai informar até o fim desta semana se reconhece o débito de quase R$ 14 milhões com a Alumini, que se comprometeu usar o dinheiro para pagar as rescisões trabalhistas.
Um grupo de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ocupam a sede do TRT, no centro do Rio. Eles bloquearam as duas saídas do prédio (Thomaz Silva/Agência Brasil)
Um grupo de trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ocupam a sede do TRT, no centro do Rio. Agência Brasil/Tomaz Silva
No entanto, os trabalhadores que não participaram da reunião discordaram do acordo e resolveram ocupar o prédio. Policiais militares do Batalhão de Choque foram chamados e cercam os principais acessos ao local. A presidenta do TRT, desembargadora Maria das Graças Paranhos, cogitou ingressar na Justiça com pedido de reintegração de posse do imóvel, caso não haja a desocupação.
As negociações entre os trabalhadores e a direção do TRT foram feitas pela deputada federal Jandira Feghali  (PCdoB-RJ).  O Ministério Público do Trabalho (MPT) foi convocado para entrar na Justiça com pedido de rescisão dos contratos dos trabalhadores, pois o sindicato da categoria, que seria o autor natural da medida, não é mais considerado o representante legítimo pelos trabalhadores do Comperj.
Os trabalhadores concordaram em deixar o prédio assim que um pedido de liminar redigido pelos procuradores do MPT for deferido pelo juiz de plantão que está no TRT especialmente para analisar a questão, o que deve acontecer ainda esta noite.

Agência Brasil



Comissão da Verdade corrige certidão de óbito de vítima da ditadura


Michèlle Canes - Repórter da Agência Brasil Edição: Luana Lourenço
A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, que atua em Pernambuco, apresentou hoje (9) a retificação do atestado de óbito de mais uma vítima da ditadura militar. A causa da morte de Anatália Melo Alves foi corrigida de suicídio para asfixia por estrangulamento.

Anatália foi morta em janeiro de 1973, na Delegacia de Segurança Social em Recife. Ela era casada com um militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), e segundo depoimentos de seu marido, atuava como base de apoio às atividades do partido. Eles foram presos no mesmo dia e, segundo os registros da época, Anatália teria se enforcado com a alça de sua bolsa após ter ateado fogo em sua própria roupa.
“Para mim esse desfecho com a responsabilização do Estado pela morte dela é um passo importante porque encerra uma etapa dessa história” disse Luiz Alves Neto, viúvo de Anatália. A retificação foi entregue durante um evento de comemoração pelo Dia Internacional da Mulher no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano.
O secretário-geral da comissão, Henrique Mariano, disse que as investigações do grupo permitiram que o laudo e as fotos do corpo fossem encontrados. O material foi enviado a um especialista e um novo laudo sobre a causa da morte de Anatália foi feito. “Essa nova perícia indicou que, pelas características das lesões do pescoço, ela não foi morta for enforcamento mas por estrangulamento”. A alteração da causa da morte foi autorizada pela Justiça.

A Comissão da Verdade de Pernambuco também conseguiu localizar os restos mortais de Anatália. Para o secretário-geral da comissão, a revisão do documento é uma questão de justiça. “O documento original é um documento falacioso. Como a comissão tem como principal objetivo esclarecer as causas e circunstâncias das mortes, nada mais justo que retificá-lo”.
Para o viúvo, além do reconhecimento da responsabilidade do Estado, é importante também que os autores dos crimes sejam identificados. “A gente sabe que poucos deles [responsáveis] estão vivos. O importante não é só responsabilizar o Estado individualmente pelos crimes cometidos. Para mim, essa responsabilização [dos autores] faz parte da história, fica o registro”.
A comissão pernambucana levantou até agora 51 nomes de vítimas da ditadura militar no estado. Segundo a assessoria da comissão, Pernambuco foi o primeiro estado a ter uma comissão da verdade criada por lei pelo Executivo. Anatália foi a segunda vítima a ter a certidão de óbito retificada.
Criada em 1º de junho de 2012, a comissão pernambucana tem até 1º de junho de 2016 para concluir as investigações. O material será entregue ao Ministério Público Federal. No ano passado, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) entregou um relatório final com os nomes de 434 mortos e desaparecidos vítimas da ditadura militar instalada no país. Os dados foram levantados durante dois anos de trabalho.

Agência Brasil


 

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