Jacornélio M. Gonzaga (*)
Em 1945, Eric Arthur Blair, jornalista inglês, escreveu, sob o
pseudônimo de George Orwell, o seu mais famoso livro, “A Revolução dos
Bichos”, fazendo de sua obra uma inteligente crítica ao sistema
socialista.
A estória se passa na granja de propriedade do Sr. Jones. Insatisfeitos
com a dominação e a exploração, os animais, liderados por um porco
decidem fazer uma revolução. Assim, o inimigo seria todo aquele que
andasse sobre duas pernas. Os animais se organizam e expulsam Sr. Jones
da granja. Os porcos passam a liderar os demais e, considerando-se os
animais mais inteligentes, abandonam as idéias socialistas. Passam a
andar sob duas patas, se isolam dos demais animais e se apegam ao gosto
de tudo que abominavam anteriormente.
Logo após a queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética, a
maioria dos bichos, principalmente os porcos, deixou de ser bípede e
votou a andar de quatro.
No entanto, visando a sobrevivência da espécie, as raposas castristas
(em extinção), contando com a ajuda de porcos latinos, construíram ao
sul do equador, com financiamento do BNDES, uma grande obra de
engenharia, o FOSSO DE SÃO PAULO.
Trata-se de um obstáculo intransponível, que separa Pindorama (atual
Fazenda Brasil) e outras propriedades menores (Granja dos Cocaleiros,
Estação Experimental Paraíso Bolivariano e o Sítio Más Grande del Mundo)
das Terras da MODERNIDADE.
Acompanhando toda extensão do Fosso há uma via expressa, a Marginal
Luís Inácio Lula da Silva, cujas ramificações permitem a ligação com as
outras propriedades.
O Fosso de São Paulo é formado pelas límpidas águas dos rios Tietê e
Pinheiros e nele habitam alguns animais exóticos, tais como: o sapo
barbudo; o bicho-preguiça do altiplano; o gorila bolivariano; a
camaleoa da Patagônia; a anta enlameada (criação transgênica do sapo
barbudo); e, um rol de bichos pré históricos, extintos no mundo
civilizado.
Na Fazenda Brasil a maioria da população é composta por mamíferos
ruminantes bovídeos da sub-família Caprinae: as ovelhas.
E como funciona a máquina?
A princípio não funciona, pois a gestão em Pindorama, se é que existe, é
exercida atualmente pelos componentes do Partido da Tramóia (PT),
agremiação política composta basicamente por sanguessugas (anelídeos da
classe Hirudinea), que detestam o trabalho (1).
Completando a aliança que desgoverna a Fazenda Brasil, encontramos
políticos do Partido Me Dar Bem (PMDB) e de outros menores, que têm
entre si fortes laços de família, são todos roedores: ratazanas, rato de
telhado, rato do campo, rato do esgoto, rato de forro e até pequenos
camundongos, mas, todos ratos.
A política externa da fazenda, outrora capitaneada por Elefantes,
animais inteligentes e de boa memória, passou a ser conduzida por uma
gambá fedida e um bando de sagüis nanicos amestrados.
A defesa física das Terras de Pindorama continuou a cargo de gansos,
leões e águias. Todos, hoje, sob o comando de um jacu. O problema é
que os gansos não sabem mais nadar, os leões estão desdentados e as
águias com catarata.
Não acreditando nas armas institucionais, preocupados com sua segurança
pessoal e com a possibilidade de perder a boquinha, os porcos lulistas,
os ratos adesistas e os sanguessugas petistas resolveram partir para o
cangaço, reforçando a defesa da Casa Grande, por meio de elementos do
bando Marajás Sem Trabalhar (MST).
Para tanto, o sapo barbudo convocou toda a sorte de desocupados para
formar um exército composto pelos Chupa-bolsa (2) e comandados pelo
bicho lixo-dos-lixos, cujo nome me recuso a pronunciar.
Por tradição, em todos os níveis, o poder legislativo pindoramandense é
composto, na maioria, por hienas, ratos, sanguessugas e abutres.
Senadores, deputados e vereadores primam pela astúcia, cara de pau,
sem-vergonhice e amor aos cofres públicos.
O Judiciário lulo-dilmista foi quase todo reformado, com a entrada de
novos membros, todos cervos do PT. Esses ruminantes têm um grande
carinho e respeito pelos seus petralhas tratadores. Possuidores de uma
fidelidade canina, fazem tudo o que o PT ordena, principalmente os da
família "Tolewandobarro".
Dentro desse quadro ocorreram as eleições de 2014, a candidata ANTA, já enlameada pelo petrolão, prometeu à população:
- a bolsa-feno é "imechível", como são todos os direitos dos ovínos;
- o programa "minha baía, minha vida" será ampliado e entendido a carneiros e ovelhas;
- os atuais currais serão climatizados, de modo a não haver a necessidade de tosa no início do verão;
- para aqueles que compraram aparelhos de ar condicionado, o governo vai garantir a energia ao seu funcionamento;
- A indústria de lacticínios terá por base o leite de ovelha, ficando as cooperativas responsáveis pela coleta e distribuição.
Dois meses depois do início do novo governo, o quadro era o seguinte: o
bolsa-feno passou a distribuir um capim de péssima qualidade; as
condições para concretizar o sonho da baia própria foram por água
abaixo, com a inserção de uma nova condição para o candidato – ser
filiado ao Partido da Tramóia; com a falta de energia, os currais
continuaram no clima de churrasqueira e aqueles eleitores da anta foram
os mais atingidos, pois além de não ter grana para pagar o aparelho
comprado, não têm dinheiro para arcar com o absurdo aumento do preço da
energia elétrica; e, acostumados a mamar nas tetas das vacas, os
petralhas não deram a mínima para a exploração do leite das ovelhas.
Revoltados, os carneiros e ovelhas realizaram uma marcha de protesto
contra a gestão da anta. Foi um movimento nunca antes visto, os balidos
ecoaram pelos caminhos da Fazenda Brasil.
A anta, pau mandado do sapo barbudo, mandou que o jacu empregasse os
gansos, os leões e as águias contra os manifestantes, dizendo que caso
não cessassem os movimentos contra sua governança, ela empregaria o
exército do MST.
Jacu reuniu os bichos de farda e deu ordem para baixar o pau no povo.
Aquele animal, investido de ministro da anta, esqueceu que ele era
somente mais um petista e acreditou que sua absurda ordem seria
cumprida, além de ter subestimado o brio dos fardados.
Coisas tinham acontecido: cansado de servir de chacota perante o Cisne
Branco, o Ganso passou a freqüentar, escondido, aulas de natação numa
piscina comunitária na praia de Ramos; o leão, aproveitando verbas
advindas de alguns bicos (segurança em favelas, substituição das forças
públicas em missões policiais, vacinação da cachorrada, etc...) fez
alguns implantes dentários com o material disponível no mercado; e, por
intermédio do SUS, a águia conseguiu realizar a cirurgia da catarata,
passando a usar lentes suecas.
E lá se foi a massa de carneiros e ovelhas, protegida pelos silenciosos
fardados, protestar na casa grande. Estavam preparados para o confronto
que não queriam, mas caso o exército do MST atacasse, o Seu lá estava
para defendê-lo.
(1) Finalmente descobri a forte relação da Deputada Luíza (Hirudinea) com o Partido da Tramóia.
(2) Chupa-bolsa é o cruzamento do chupa-cabra com qualquer bolsista (família, ditadura, reclusão, escola, emprego, etc...)
(*) Jacornélio é um manifestante sem causa. E só!
Revisão: Paul Essence e Paul Word Spin (in memoriam).
Brasília, 23 de março de 2015.
e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@gmail.com
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