Não é criando slogans falaciosos que Dilma sairá de sua encruzilhada
Por Roberto Freire, para a Gazeta do Ipiranga e o Primeira Página
“Brasil,
pátria educadora”, o novo slogan criado pelo marqueteiro oficial do
lulopetismo para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, é mais
uma peça de ficção que tenta esconder a incompetência de um governo
marcado por estelionatos eleitorais em série.
Enquanto
a máquina de propaganda do PT vende à sociedade a ideia de que Dilma
priorizará a educação como “nunca antes neste país”, os fatos da vida
real, sem qualquer maquiagem ou pirotecnia, insistem em desmentir mais
uma falácia do Palácio do Planalto.
De
acordo com reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” na
última segunda-feira (26), o primeiro governo Dilma registrou a menor
média de gasto efetivo do orçamento para a educação desde 2001 –
penúltimo ano da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dados
analisados a partir de um estudo da Diretoria de Análise de Políticas
Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) mostram que, entre 2011 e
2014, o Ministério da Educação (MEC) gastou apenas 77% do dinheiro
disponível, percentual inferior à execução de fato do orçamento total no
período (82%).
Mesmo
a melhor marca alcançada pelo governo Dilma, de 79% de execução
orçamentária para a educação, registrada no ano eleitoral de 2014, é
menor do que a de todos os anos entre 2001 e 2010.
O
pior índice foi o de 2012, quando apenas 73% do dinheiro direcionado à
educação foi efetivamente investido, enquanto a média de gasto do
orçamento total do governo naquele ano chegou a 83%.
Com
a desfaçatez, Dilma se desmoraliza ainda mais diante da opinião pública
e dos milhões de brasileiros que a reelegeram por estreita margem de
votos em outubro do ano passado.
A
impressão que se tem é de que a presidente da República sofre de
mitomania, um desequilíbrio psíquico caracterizado pela tendência
incontrolável à mentira, à fabulação, à simulação. Se cortou verbas para
a educação, por que, afinal, criou o tal slogan?
A
“pátria educadora” de Dilma e do PT, como consequência da falta de
investimentos e do contingenciamento irresponsável do governo, é aquela
que registrou em 2012, pela primeira vez em 15 anos, um aumento do
índice de analfabetismo, que vinha em declínio desde 1997.
Dados
do IBGE no período revelaram que, entre 2011 e 2012, houve um acréscimo
de cerca de 300 mil pessoas de 15 anos ou mais ao grupo daqueles que
não sabem ler nem escrever, totalizando uma legião de 13,2 milhões de
brasileiros incapazes de se comunicar pela escrita.
O
maior estelionato eleitoral de nossa história republicana se avoluma a
cada dia do segundo mandato de Dilma, que vem fazendo, no governo, tudo
aquilo que combateu durante o processo eleitoral.
A
presidente que se cuide, pois a indignação da sociedade só aumenta com
as promessas não cumpridas e as sucessivas mentiras que já se acumulam
em menos de um mês de governo. O próprio PT dá sinais inequívocos de
esgotamento e sofre com graves fraturas internas, entre as quais se
destacam as duras críticas da senadora Marta Suplicy, liderança
histórica da legenda, que vem apontando de forma firme o descalabro da
atual administração.
A
crise econômica, o isolamento político da presidente e o julgamento dos
envolvidos no “petrolão” – escândalo que atinge o PT, os partidos
aliados, o alto escalão da Petrobras e, de forma inescapável, o próprio
governo Lula/Dilma – formam um cenário que se assemelha ao vivido por
Fernando Collor às vésperas do melancólico fim de sua passagem pelo
Planalto.
Neste
momento, ainda é cedo para prever os desdobramentos da crise e o que
será do país. Mas não é criando slogans falaciosos como o “pátria
educadora” ou usando a mentira como método que Dilma sairá de sua
encruzilhada e fará o Brasil avançar.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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