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Crítica política dá o tom do desfile do Pacotão em Brasília
Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado
O último dia do carnaval em Brasília teve como destaque os foliões que usaram a criatividade para fazer a crítica social e política. Alguns brincaram com o problema da falta de água em São Paulo, outros sobre as denúncias envolvendo a Petrobras. De colete bege, binóculos e um rifle de fantasia na cintura, o aposentado Paulo Trindade, ao som do Pacotão, um dos blocos mais tradicionais da cidade, tentava, segundo ele, encontrar e "prender" políticos que traem a confiança do eleitor.
Pacotão faz último dia de desfile de 2015 em BrasíliaValter Campanato/Agencia Brasil
“Já prendi um monte [de corruptos] hoje e entreguei para as autoridades competentes”, brincou Trindade, apontando o binóculo para os foliões que acompanhavam o último dia do Pacotão, na contramão da Avenida W3, uma das principais via do centro de Brasília.
As fantasias, inspiradas no contexto político do país, são uma tradição para o aposentado. “Já saí [fantasiado] de programa sede zero, em que usava uma fantasia de uma garrafa de bebida alcoólica, em homenagem ao Programa Fome Zero, e também de lei molhada [uma referência à Lei Seca]”, disse.
Irreverência e sátira política marcam desfile do Pacotão, em BrasíliaValter Campanato/Agencia Brasil
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Em outro ponto do bloco, que, segundo a Polícia Militar, concentrava mais de 7 mil pessoas, a enfermeira Edna Marcos, fantasiada de bailarina, lamentava os últimos momentos do carnaval na capital do país. “O carnaval vai deixar saudade”, ressaltou.
A chuva que ameaçou chegar a Brasília não desanimou os foliões do Pacotão, que este ano comemora 37 carnavais. O jornalista Armando Rollemberg, irmão do governador do Distrito Federal (DF), Rodrigo Rollemberg, participava do desfile sem se importar com a “homenagem” do bloco ao irmão. “Sou um dos fundadores do Pacotão e essa verve do bloco é muito natural. O importante é que Brasília saia deste momento ruim. É vida que segue”, disse.
Este ano, a música do Pacotão aborda a crise econômica do DF e a troca de comando no governo da capital do país. “Saiu o 'Agnulo' e entrou o 'Enrolaoberque'”, diz o refrão, em referência ao ex-governador Agnelo Queiroz e ao sucessor Rollemberg.
O transportador de produtos inflamáveis Claudiano Martins, que chegou a Brasília no domingo (15), mostrou-se surpreso com a folia na capital do país. “Sou maranhense e imaginava que não tinha carnaval em Brasília. Saí hoje para dar uma volta e encontrei essa coisa maravilhosa”, disse em meio ao Pacotão.
O último dia do carnaval em Brasília não foi apenas para os adultos. Mais de 30 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, puderam brincar, dançar e se divertir no bloco infantil Baratinha, que desfilou no Parque da Cidade. “Aqui é muito bom, tranquilo, ambiente muito família”, destacou a aposentada Noquimeria Alves da Silva, que levou duas filhas e uma netinha para a folia. “No carnaval vou mais para retiros, mas quando estou aqui gosto muito do carnaval de Brasília. É muito bonito e sem violência”, completou.
No bloco Baratinha, crianças e famílias brincam o carnaval com muito confete, serpentina e spray de espumaValter Campanato/Agência Brasil
A microempresária Cleia Freitas aproveita a festa para ter uma renda extra. Ela comercializa e fornece a vendedores latas de espuma em spray, muito usada pelos foliões no carnaval deste ano, na capital federal. Nos dias de folia no Parque da Cidade, a comerciante disse que vendeu 40 caixas, cada uma com 12 latas. “Se pudesse estaria na praia, mas como não posso, o retorno é muito bom”, ressaltou.
União da Ilha, Imperatriz e Tijuca fecharam o desfile do Grupo Especial no Rio
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado
A União da Ilha, com o enredo Beleza Pura?, foi a quarta escola a desfilar no Sambódromo já na madrugada de hoje (17). Este ano, a escola da Ilha do Governador, que fica na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, resolveu fazer uma crítica com muito humor sobre o culto ao corpo. O carnavalesco Alex de Souza desenvolveu o enredo destacando a questão da estética nas pinturas e esculturas e até o fenômeno das selfies.
Sambódromo momentos antes de começar o segundo dia do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval do RioTânia Rêgo/Agência Brasil
A atriz Cacau Protásio veio na comissão de frente. Ela, que encarnou a personagem Branca de Neve das histórias infantis, considerou importante poder apresentar uma Branca de Neve fora dos padrões mostrados nos livros.
"Hoje em dia o mundo tem que mudar, porque não existe só mulher magra. É gorda, é baixa, é alta, é magra, é ruiva é cadeirante. É todo tipo de mulher, e a beleza realmente está no interior. Acho também que existem Brancas de Neve, Barbies e Cinderelas, pretas, brancas, gordas e altas, e estou muito feliz", disse a atriz que é gorda e negra.
Cacau ressaltou que foi a primeira vez que ela desfilou na comissão de frente de uma escola de samba. "Foi maravilhoso. O público levantou. Os jurados aplaudiram a nossa comissão de pé".
Ao fim do desfile, vários componentes da escola, empolgados com a apresentação, não queriam sair da Praça da Apoteose e, quando a bateria chegou ao local, a festa ficou completa. O público nas arquibancadas populares vibraram cantando o samba-enredo e, aos gritos, disseram: “é campeã”.
Paulo Amargoso, presidente de honra da União da Ilha, é também um dos fundadores da escola. Aos 91 anos, ele passou na avenida sentado em um banco no último carro da escola junto com a Velha Guarda da Ilha. Deixou o carro, na dispersão, sorrindo ao lado de duas netas. Na avaliação dele, a agremiação fez um excelente desfile e com muita descontração. "Saio com muita satisfação. A Ilha sempre foi assim. Acho que tem condições de ganhar", analisou.
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A Imperatriz Leopoldinense, escola do bairro de Ramos, na zona da Leopoldina, foi a quinta agremiação a se apresentar. Ela levou para o Sambódromo o enredo Axé, Nikenda! Um ritual de liberdade e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.
A escola falou da África, da influência da cultura daquele continente no Brasil e de conquistas dos negros. O último carro trouxe a figura de Nelson Mandela como se ele contasse a sua experiência de vida aos brasileiros.
Uma componente passou mal no alto de um carro. Com ele em movimento, foi acompanhada por uma equipe de socorristas dos Bombeiros. "Acho que não vai dar. Não vou conseguir", dizia a componente antes de receber o atendimento médico.
No fim do desfile da Imperatriz, o carnavalesco Cahê Rodrigues preferiu não fazer uma avaliação do desfile e destacar o tema do enredo. "Eu estou muito emocionado para falar muito. Só tenho a dizer: racismo nunca mais!
A bióloga Iara Bueno chegou ao Rio, no sábado (14) e veio para atender a um desejo da mãe de, pela primeira vez, assistirem aos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial. Mesmo morando em Jaú, no interior de São Paulo, ela gosta da Portela. Iara foi ao sambódromo nos dois dias e fez uma avaliação de algumas escolas que se apresentaram na Sapucaí . "A Imperatriz [merece o título] por estar bonita e porque sempre faz aquele desfile certinho. Gostei da Mocidade, mas achei que o Paulo Barros na Unidos da Tijuca era mais criativo. Gostei da comissão de frente do Salgueiro, que tinha uma Nossa Senhora que se iluminava. A Beija- Flor é Beija-Flor, Mangueira é Mangueira. A águia da Portela estava lindíssima. Também gostei da Unidos da Tijuca, que fez nevar na avenida", disse.
Já a Unidos da Tijuca, sexta e última escola a desfilar no Sambódromo, nesta terça-feira, fez até nevar na Marquês de Sapucaí para falar da Suíça. Os componentes sofreram com roupas pesadas e quentes. Na hora do desfile, a sensação térmica no Sambódromo era 28 graus Celsius.
A moradora da comunidade da Tijuca, na zona norte do Rio, e frequentadora da escola há 16 anos, Efigênia Maria Gonçalves sentiu calor, mas ponderou que o incômodo não é maior do que a alegria de desfilar pela escola do coração. "Vale a pena com certeza. A roupa é quente, mas para sair na Tijuca não tem nada quente", disse.
A Unidos da Tijuca apresentou o enredo Um conto marcado no tempo - O olhar suíço de Clóvis Bornay. Um dos mais importantes foliões do carnaval do Rio de Janeiro, Clóvis Bornay se destacou nos concursos de fantasias que ocorriam no Theatro Municipal, no Copacabana Palace e no Hotel Glória.
Um dos destaques do desfile foi o carro alegórico que ressaltava o chocolate, um dos produtos de exportação da Suíça, país de nascimento de Clóvis Bornay. Além de mostrar uma cascata de chocolate, os componentes no alto do carro distribuíam o produto para o público na Marquês de Sapucaí.
A aposentada Yara Longo, gosta tanto de escola de samba que este ano desfilou em seis. Ela disse que está 67 anos de idade e desde os 17 é envolvida com carnaval. Tem como escola de coração a Vila Isabel, onde é integrante da Velha Guarda. Yara também sai na ala das baianas da Paraíso do Tuiuti e Estácio de Sá, escolas da Série A. No domingo (15), desfilou na Mangueira e, na segunda-feira (16), foi a vez da São Clemente e, mais tarde, desfilou pela Unidos da Tijuca. "A gente vai aproveitando enquanto Deus permite. Para mim, é uma alegria. O ano inteirinho ensaiando e participando", disse, acrescentando que mesmo com a fantasia quente da Tijuca, estava feliz. "Tem veludo, astracan [imitação de pelo]. Acho que aqui dentro faz 30 graus [Celsius]. Ainda bem que não sinto calor", brincou.
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