(Osmar José de Barros Ribeiro, em 06 Fev 2015)
Uma
nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos. Mas não pode
sobreviver à traição gerada dentro de si mesma. Um inimigo exterior não é
tão perigoso, porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertamente.
Mas o traidor se move livremente dentro do governo, seus melífluos
sussurros são ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do
Estado. E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com
familiaridade a suas vítimas, usa sua face e suas roupas e apela aos
sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas. Ele arruína as
raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para
demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto
que este sucumbe." (Cícero, 42 a.C.)
Por
anos, sobrevivemos aos idiotas e aos gananciosos. Mas os traidores
uniram-se a ambos os grupos e, em 1988, fizeram constar na atual
Constituição o parágrafo único do Art. 4º: A República Federativa do
Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações. Foi a primeira de muitas traições.
Em
1990, Fidel Castro e Luiz Inácio Lula da Silva criaram o Foro de São
Paulo para congregar a fina flor do esquerdismo sul-americano e
caribenho. Mantido
nas sombras e ignorado pela maioria dos brasileiros antes de
escancarada a trama entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido
Comunista de Cuba, dele partiram as ações voltadas para a criação da comunidade latino-americana.
A
partir de janeiro de 2003, com Lula na presidência da República, os
traidores abalaram as fundações nacionais, infectaram seu corpo político
e plantaram a cizânia. Em 2004, o deputado federal pelo PT/PR, Dr. Rosinha, foi autor
de projeto (convertido em lei em 2009), determinando que a bandeira do
Mercosul seria hasteada junto com a Bandeira Nacional, posto que tal ato
representaria uma identidade latino-americana... e que um símbolo como o da bandeira ajudará a criar um sentimento de solidariedade regional.
Sob
o guarda-chuva do parágrafo único do Art. 4º, sem protesto ou reparo da
oposição, o Poder Executivo lançou-se, sob a presidência de Lula, à
formação da tal comunidade latino-americana de nações: criação
da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) em dezembro de 2004;
modificação do nome dessa Comunidade para União das Nações
Sul-Americanas (Unasul) em 2007 e, no ano seguinte, a sua oficialização
como organismo internacional.
Em 2014, face um
quadro econômico que beira a falência e atinge seus principais
integrantes, a Unasul criou uma Unidade Técnica de Coordenação
Eleitoral para concentrar as atividades de observação dos processos eleitorais na América do Sul, estabelecendo um padrão de observação e a Escola Sul-Americana de Defesa, destinada a ser um
centro articulado de altos estudos para formação de civis e militares,
com cursos compartilhados e troca de experiências de defesa. Difícil entender o que isso possa significar, numa região onde as disparidades nacionais são marcantes.
Mas
não para aí o planejamento de ações voltadas para a futura criação da
União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL). A presidente
do Brasil listou projetos que comporão uma agenda de avaliação pelos
países da Unasul: definição de sete projetos multinacionais de
infraestrutura (entre 12 e 14 bilhões de dólares); criação de um banco
de preços de medicamentos e de um fundo para bolsas de estudo entre os
países; cooperação na gestão de riscos de desastres naturais e a
discussão sobre a possibilidade de abertura do espaço aéreo dentro da
Unasul.
Estamos no rumo do desastre!
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