terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Pablo Escobar, el patron, por Rogério Mendelski

O traficante Pablo Escobar pressentia algo de ruim naquela tarde de 2 de dezembro de 1993. Sozinho – seus amigos mais próximos estavam todos mortos -, morando num bairro de Medellín, Escobar tinha apenas um homem para lhe dar segurança e foi ele quem notou uma movimentação estranha na Rua 79. Um gruo à paisana entrou no edifício e, em passos largos pelas escadas, logo estava na porta do apartamento do traficante. Alertado pelo segurança - “El Limon” -, Escobar achou que poderia escapar pelo telhado. Deu uns poucos passos, alguns tiros com sua pistola 9 mm e caiu abatido, atingido nas pernas, nas costas, e a bala que lhe tirou a vida entrou no seu ouvido.
Dom Pablo morto era o oposto do homem vaidoso que se gabava de ter ao seu dispor as mulheres que desejasse na Colômbia. Gordo, com uma barriga saliente que a camisa desabotoada deixava à mostra, descalço, Escobar parecia um marginal anônimo, desses que a Polícia encontra como queima de arquivo. Todo o poder que acumulou a partir de 1975, quando assumiu sua condição de produtor e exportador de cocaína para os EUA, não previa o seu final, caçado pela Polícia Nacional com o apoio dos americanos do DEA (Drugs Enforcement Agency) e por “Los Pepes” - Pessoas Perseguidas por Pablo Escobar.
As mortes atribuídas ao Cartel de Medellin, por ordens expressas de Escobar, chegam a 6 mil pessoas em emboscadas, atentados a bomba e fuzilamentos a sangue frio. Entre as vítimas, candidatos a presidente da Colômbia, magistrados da Suprema Corte, juízes que cuidavam dos processos contra o Cartel de Medellín e inocentes de atentados a bomba, inclusive os 107 passageiros do voo HK 1803, da Avianca, que explodiu no ar no dia 27 de novembro de 1989.
Cinco dias e quatro após esse atentado aéreo chegava a vez de Pablo Escobar ser eliminado pela Polícia colombiana. No dia anterior, 1º de dezembro de 1993, Pablo completara 44 anos de idade.

Robin Hood

Pablo Escobar Gavíria gostava de se referir a si mesmo pronunciando seu nome na íntegra. Inteligente e um bom estrategista, Escobar se dizia “um homem de esquerda que ajudava os pobres, tirando riqueza da elite colombiana”. Financiou clubes de futebol e construiu casas populares, ganhando com isso o apoio tático da população pobre e informantes em todas as esquinas de Medellín sobre ações da Polícia.

O Poder

No auge de seu império, a revida Forbes estimou Pablo Escobar como o sétimo homem mais rico do mundo, com seu Cartel de Medellín controlando 80% do mercado mundial de cocaína. Su organização tinha aviões, lanchas e veículos caros. Vastas propriedades e terras eram controladas por Escobar durante esse período, onde ele ganhava uma soma de dinheiro incalculável. Chegou a produzir 500 quilos de droga por dia. Sua fortuna foi calculada em 30 bilhões de dólares.

A Vida Documentada

Pablo Escobar foi personagem de livros, filmes e documentários para a TV. Gabriel Garcia Márquez escreveu “Notícia de um Sequestro”, um dos tantos livros motivados pela vida criminosa do maior traficante de cocaína do mundo.

Na TV Colombiana (1)

No dia 25 de dezembro, no canal 44 da Net, foi exibido o último capítulo dos 74 da série “Pablo Escobar, o Senhor do Tráfico”, produzido pela televisão colombiana. A veiculação da série, em 2012, teve seu enredo acrescido de diálogos fictícios e muitos cuidado para não transformar Escobar num herói aos olhos da população pobre.

Na TV Colombiana (2)

Os autores da série – Juana Uribe e Camilo Cano – são vítimas de Escobar. Juana teve sua mãe Maruja Pechón, sequestrada, o que inspirou o livro de Gabriel Garcia Márquez. Camilo é filho do jornalista Guillermo Cano, diretor do jornal El Espectador assassinado pelos pistoleiros de Escobar.

Cientista Político

O jovem Pablo Escobar, filho de um agricultor, Abel Escobar, e da professora primária Hemilda Gavíria, chegou a frequentar os primeiros semestres da faculdade de Ciências Políticas de Medellín. Desistiu por não poder pagar as mensalidades. Foi aí que começou a roubar automóveis e placas de bronze nos cemitérios da cidade, até chegar ao tráfico de cocaína.


Fonte: Correio do Povo, página 10 de 4 de janeiro de 2015.

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