O
traficante Pablo Escobar pressentia algo de ruim naquela tarde de 2
de dezembro de 1993. Sozinho – seus amigos mais próximos estavam
todos mortos -, morando num bairro de Medellín, Escobar tinha apenas
um homem para lhe dar segurança e foi ele quem notou uma
movimentação estranha na Rua 79. Um gruo à paisana entrou no
edifício e, em passos largos pelas escadas, logo estava na porta do
apartamento do traficante. Alertado pelo segurança - “El Limon”
-, Escobar achou que poderia escapar pelo telhado. Deu uns poucos
passos, alguns tiros com sua pistola 9 mm e caiu abatido, atingido
nas pernas, nas costas, e a bala que lhe tirou a vida entrou no seu
ouvido.
Dom
Pablo morto era o oposto do homem vaidoso que se gabava de ter ao seu
dispor as mulheres que desejasse na Colômbia. Gordo, com uma barriga
saliente que a camisa desabotoada deixava à mostra, descalço,
Escobar parecia um marginal anônimo, desses que a Polícia encontra
como queima de arquivo. Todo o poder que acumulou a partir de 1975,
quando assumiu sua condição de produtor e exportador de cocaína
para os EUA, não previa o seu final, caçado pela Polícia Nacional
com o apoio dos americanos do DEA (Drugs Enforcement Agency) e por
“Los Pepes” - Pessoas Perseguidas por Pablo Escobar.
As
mortes atribuídas ao Cartel de Medellin, por ordens expressas de
Escobar, chegam a 6 mil pessoas em emboscadas, atentados a bomba e
fuzilamentos a sangue frio. Entre as vítimas, candidatos a
presidente da Colômbia, magistrados da Suprema Corte, juízes que
cuidavam dos processos contra o Cartel de Medellín e inocentes de
atentados a bomba, inclusive os 107 passageiros do voo HK 1803, da
Avianca, que explodiu no ar no dia 27 de novembro de 1989.
Cinco
dias e quatro após esse atentado aéreo chegava a vez de Pablo
Escobar ser eliminado pela Polícia colombiana. No dia anterior, 1º
de dezembro de 1993, Pablo completara 44 anos de idade.
Robin
Hood
Pablo
Escobar Gavíria gostava de se referir a si mesmo pronunciando seu
nome na íntegra. Inteligente e um bom estrategista, Escobar se dizia
“um homem de esquerda que ajudava os pobres, tirando riqueza da
elite colombiana”. Financiou clubes de futebol e construiu casas
populares, ganhando com isso o apoio tático da população pobre e
informantes em todas as esquinas de Medellín sobre ações da
Polícia.
O
Poder
No auge
de seu império, a revida Forbes estimou Pablo Escobar como o sétimo
homem mais rico do mundo, com seu Cartel de Medellín controlando 80%
do mercado mundial de cocaína. Su organização tinha aviões,
lanchas e veículos caros. Vastas propriedades e terras eram
controladas por Escobar durante esse período, onde ele ganhava uma
soma de dinheiro incalculável. Chegou a produzir 500 quilos de droga
por dia. Sua fortuna foi calculada em 30 bilhões de dólares.
A
Vida Documentada
Pablo
Escobar foi personagem de livros, filmes e documentários para a TV.
Gabriel Garcia Márquez escreveu “Notícia de um Sequestro”, um
dos tantos livros motivados pela vida criminosa do maior traficante
de cocaína do mundo.
Na
TV Colombiana (1)
No dia
25 de dezembro, no canal 44 da Net, foi exibido o último capítulo
dos 74 da série “Pablo Escobar, o Senhor do Tráfico”, produzido
pela televisão colombiana. A veiculação da série, em 2012, teve
seu enredo acrescido de diálogos fictícios e muitos cuidado para
não transformar Escobar num herói aos olhos da população pobre.
Na
TV Colombiana (2)
Os
autores da série – Juana Uribe e Camilo Cano – são vítimas de
Escobar. Juana teve sua mãe Maruja Pechón, sequestrada, o que
inspirou o livro de Gabriel Garcia Márquez. Camilo é filho do
jornalista Guillermo Cano, diretor do jornal El Espectador
assassinado pelos pistoleiros de Escobar.
Cientista
Político
O jovem
Pablo Escobar, filho de um agricultor, Abel Escobar, e da professora
primária Hemilda Gavíria, chegou a frequentar os primeiros
semestres da faculdade de Ciências Políticas de Medellín. Desistiu
por não poder pagar as mensalidades. Foi aí que começou a roubar
automóveis e placas de bronze nos cemitérios da cidade, até chegar
ao tráfico de cocaína.
Fonte:
Correio do Povo, página 10 de 4 de janeiro de 2015.
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