O mais
ineréu dos viventes quando se depara com a passagem de ano fica um
pouco supersticioso. Será que em 2015 vou conquistar as minhas
metas, essas que não suplantei no ano que terminou? Não estou
falando dessas bobagens de vestir a cor da moda no Reveillon, mas sim
daqueles pedidos bem secretos que fazemos para nós mesmos quando
termina a contagem regressiva e o novo ano começa.
Duvido
quem não pede para si, quase que egoisticamente, com voz interior,
“muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”, como na
tradicional canção que se torna um sucesso popular nesta época do
ano.
Mas é
possível de se definir quais são as esperanças de cada um de nós,
deixando de lado as apostas na sorte – como ganhar sozinho na
megassena – e dedicar a elas (as esperanças) nossas reflexões e
possibilidades?
Enfrentar
2015, podem apostar, talvez seja bem mais difícil do que foi em
2014, mesmo que nosso empenho esteja pleno de boas intenções. Por
exemplo: qual o brasileiro decente que não gostaria de ver todos os
ladrões do dinheiro público na cadeia? Sim, na cadeia, atrás das
grades, como estão hoje dezenas e dezenas de milhares de criminosos,
mas tal desejo depende do lado honesto deste país.
O Brasil
começa 2015 com uma classe política eleita em outubro. É dela que
poderá vir o recado de esperança e renovação para todos os
brasileiros, mas sentimos no ar essa alternativa? Confiamos no novo
Congresso e nas casas legislativas que as urnas elegeram? Ou essa
confiança, já faz muito tempo, se desvaneceu pelos exemplos diários
de comportamentos reprováveis em qualquer sociedade civilizada?
2015
será no nosso âmbito familiar, no círculo de nossas amizades e dos
compromissos profissionais, perfeitamente administrável e possível
de ser vencido dia após dia. O perigo está naquilo que não
controlamos e sequer influenciamos, mas que nos cobram altos tributos
me nome da cidadania.
Meu
desejo é singelo para 2015: “Não vamos nos entregar para
improvisos oficiais. Sejamos cidadãos 24 horas nos 365 dias deste
ano que começa. Tal disposição pode mudar nossas vidas”.
O
ano de Dilma
Se a
presidente Dilma Rousseff quiser cumprir algumas de suas promessas
eleitorais que aproveite 2015 para realizá-las. Medidas cirúrgicas
governamentais no Brasil só podem ser formadas em ano de eleição.
O
ano da oposição
O
resultado das urnas fortaleceu uma oposição no Congresso Nacional.
Pode ser o ano que o Brasil irá conhecer em uma oposição que já
existiu naqueles anos difíceis quando o Brasil carecia de todas as
suas instituições democráticas.
Resultado
simples
As urnas
de outubro traçaram o destino do Brasil para os próximos quatro
anos, o qual começa agora em 2015. Quem ganhou governa e quem perdeu
vai para a oposição. Oposição é a maior garantia de um regime
legítimo e democrático. O Brasil não pode continuar dividido entre
“nós” e “eles”.
Não
é pessimismo
Por
favor, este colunista não é pessimista. Tancredo Neves sempre
dizia: “o pessimista é apenas um otimista bem informado”.
Correio
do Povo, edição de 31 de dezembro de 2014, página 14.
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