A Marcha Republicana convocada para domingo em Paris será uma das maiores manifestações dos últimos anos na capital francesa. Deverá reunir mais de 1 milhão de pessoas, intelectuais e religiosos, além de personalidades e políticos de diversos países.
A manifestação convocada após o assassinato de 12 jornalistas e cartunistas da publicação satírica Charlie Hebdo, na quarta-feira, reafirmará o repúdio ao terrorismo e à defesa dos valores republicanos, como a liberdade de expressão e de opinião.
Entre os políticos que confirmaram presença no domingo estão chefes de estado e de governo de Portugal, da Espanha, Itália, do Reino Unido, da Turquia e Alemanha, e representantes da Rússia e do Egito, país que mantém uma tensa relação diplomática com a França.
Para além da manutenção do mais alto estado de alerta na capital francesa, uma vez que são mantidas as ameaças terroristas, haverá mais 5.500 homens nas forças de segurança.
Hoje, cerca de 700 mil pessoas manifestaram-se por toda a França em solidariedade aos 17 mortos nos ataques terroristas desta semana, informou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
Agência Lusa e Agência Brasil
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TRÂNSITO
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VERÃO
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Verão deve terminar com chuvas abaixo da média no Centro-Sul do país
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger
Nos próximos dez dias, as chuvas também ficarão escassas no estado de São PauloArquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
A expectativa de que as chuvas de verão amenizariam a queda dos reservatórios no Centro-Sul do país não se concretizou. Um sistema de alta pressão vindo do Oceano Atlântico, que atua em boa parte do país desde o fim de dezembro, reduziu a média de chuvas no Sudeste, no Centro-Oeste e no Nordeste em janeiro, único mês em que os índices poderiam ficar acima do normal. Para fevereiro e março, as previsões também não são animadoras, indicando que o país terá o quarto ano seguido com verão menos chuvoso que a média.
Chamado de Alta Subtropical do Atlântico Sul (Asas), o sistema responsável pela falta de chuvas no Nordeste, no Centro-Oeste e em parte do Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo e norte do estado do Rio de Janeiro) se intensificará neste fim de semana. Nos próximos dez dias, as chuvas também ficarão escassas no estado de São Paulo e no sul do estado do Rio, piorando a situação dos reservatórios de usinas hidrelétricas e dos sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo.
Normalmente com ocorrência no meio da porção sul do Oceano Atlântico, a Alta Subtropical do Atlântico Sul teve o centro deslocado para a costa brasileira desde a semana do Natal. Nesta semana, o centro da área de alta pressão aproximou-se ainda mais do litoral fluminense, elevando a temperatura para a casa dos 40 graus no Rio. A Asas funciona como um tampão que bloqueia frentes frias e impede a formação de nuvens pelo calor. Uma corrente de vento que sopra do alto da atmosfera impede que a evaporação gere nuvens pesadas do tipocumulus nimbus, que são associadas às chuvas.
Segundo a meteorologista Bianca Lobo, da Climatempo, a expectativa é que o sistema só comece a voltar para o oceano na última semana de janeiro. A partir de então, a umidade da Amazônia voltará a chegar ao Sudeste e trazer novamente chuvas para a região. No entanto, as frentes frias continuarão fracas e as pancadas ocorrerão apenas de forma localizada, provocadas pelo tempo abafado.
“A Alta Subtropical do Atlântico Sul vai impactar o regime de chuvas no verão porque fará janeiro fechar com precipitação abaixo da média. Prevemos chuvas pouco abaixo do normal em fevereiro e muito abaixo do normal em março”, ressalta a meteorologista.
A Asas é o mesmo sistema de alta pressão que provocou o bloqueio atmosférico do início de 2014, levando à queda dos reservatórios em todo o Centro-Sul e gerando a crise hídrica em São Paulo. “O fenômeno está menos intenso neste ano, até porque as condições dos oceanos estão diferentes, mas assistimos a um processo semelhante ao do verão do ano passado”, diz Bianca.
Com a perspectiva de mais um verão com chuvas abaixo do normal, a situação dos reservatórios não é otimista. “A preocupação com o abastecimento de água e a geração de energia só aumenta. Desde 2012, o Brasil tem tido verões pouco chuvosos, o que afeta os reservatórios do Centro-Oeste e do Sudeste”, explica Bianca. Ao tomar posse na última sexta-feira (9), o novo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, admitiu a possibilidade de a crise hídrica agravar-se nos próximos meses no estado.
O deslocamento da área de alta pressão traz outra consequência: a água que falta no Centro-Oeste e no Sudeste sobra na Região Sul. Desde o fim de dezembro, quando a Asas se aproximou do país, o Rio Grande do Sul enfrenta uma série de temporais, que provocaram a cheia do Rio Uruguai. “Na verdade, o sistema de alta pressão deslocou o canal de umidade para o Paraguai, o norte da Argentina e o Sul do Brasil”, explica o diretor-geral da Metsul Meteorologia, Eugenio Hackbart.
Com novas regras, planos de saúde não precisam pagar cesarianas agendadas
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Beto Coura
As novas regras de estímulo ao parto normal para os associados aos planos de saúde, divulgadas nesta semana, preveem que as operadoras não serão mais obrigados a pagar por cesarianas desnecessárias. Apesar de a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) julgar que esta é a opção pela saúde da mulher e do bebê, movimentos feministas e o Conselho Federal de Medicina acham que a nova regra fere a autonomia da mulher na escolha do parto.
Pelas novas regras de estímulo ao parto normal, as operadoras não serão mais obrigados a pagar por cesarianas desnecessáriasMarcelo Camargo/Agência Brasil
O diretor adjunto da diretoria de produtos da ANS, João Barroca, acredita que o direito à escolha deve ser relativizado diante do direito à saúde. “Ninguém vai contra a cesariana, desde que haja indicação do procedimento cirúrgico. A opção é pelo direito à saúde”, defendeu Barroca. Para ele, aos poucos, a cultura do parto natural ganhará mais força no Brasil. As operadoras de plano de saúde apoiaram as novas regras.
A ideia é que, em pouco menos de seis meses, quando a Resolução Normativa 368 começar a ser obrigatória, o parto normal será a regra, enquanto as cesarianas só serão feitas com indicação clínica, quando há riscos para o bebê ou para a mãe. Atualmente, o índice de partos cirúrgicos na saúde suplementar é 84%, enquanto na rede pública não passa de 40%. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o índice de cesáreas não ultrapasse os 15%.
Segundo o Ministério da Saúde, a cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê, aumentando em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e três vezes o risco de morte da mãe.
Com a vigência da norma, os médicos terão por regra que preencher um documento que relata a evolução do trabalho de parto da mulher, e, caso não haja condições para o parto normal, estará registrado o motivo. Este documento será necessário para que o médico seja pago pela operadora de plano de saúde, mas, em casos de urgência e em que a cesariana é recomendada, anteriormente ao trabalho de parto, o médico poderá justificar.
Segundo Mauro Ribeiro, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, há mulheres que, por motivos pessoais, escolhem ter o filho por cesariana, e dar o direito de o plano de saúde não pagar pela cirurgia agendada, é violar a autonomia da mulher. “Como negar à mulher o direito dela escolher como quer ter o filho?”, indagou.
Ribeiro reconhece que o índice de partos cirúrgicos no Brasil tem que cair, mesmo assim, ele avalia negativamente a nova resolução. “[Para estimular o parto natural] precisamos de pré-natal de qualidade, que os planos de saúde tenham clínicas obstétricas com equipes de plantão, é preciso ter condições”.
O vice-presidente reconhece que há médicos que optam por fazer o parto cirúrgico por comodismo, pois, enquanto este é agendado e rápido, o normal pode acontecer a qualquer momento, e, muitas vezes, leva mais de 10 horas para a conclusão. Na avaliação de Ribeiro, o governo está responsabilizando injustamente os médicos pelo alto índice de partos cirúrgicos, e deixando de lado pontos importantes como a falta de uma estrutura que estimule o parto natural.
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