por JAMIL CHADE
Elite já acumula riqueza equivalente a tudo o que os demais 99% das pessoas detêm
GENEBRA - A riqueza acumulada por 1% da população mundial será superior a tudo o que os demais possuem. Os dados foram apresentados nesta segunda-feira, 19, pela entidade Oxfam, às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos e que justamente reúne a cúpula do planeta.
Segundo a entidade, a fortuna de 99% da população mundial será equivalente a tudo o que acumula apenas a nata da sociedade, cerca de 1% do mundo.
Para a entidade, a crise econômica mundial que começou em 2008 resultou em uma "explosão da desigualdade". Hoje, uma a cada nove pessoas ainda passa fome no planeta que produz alimentos para três planetas e mais de 1 bilhão de pessoas ganham menos de US$ 1,25 por dia.
O que chama a atenção da entidade, porém, é que a concentração de riqueza é cada vez maior. Em 2009, a parcela de 1% mais rica da população mundial acumulava 44% do PIB do planeta. Em 2014, essa taxa chegou a 48% e, em 2016, ela atingirá 50%.
Em média, cada pessoa dessa elite do planeta mantém uma renda de US$ 2,7 milhões. Dos demais 52% do PIB global, quase tudo está nas mãos da camada dos 20% mais ricos.
O restante da população do mundo - cerca de 80% - precisa dividir 5,5% da riqueza do planeta e acumula uma renda de apenas US$ 3,8 mil. O valor é 700 vezes menor que a renda da elite.
Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam, espera usar o encontro de Davos para insistir que a desigualdade social precisa ser alvo dos governos e de líderes do setor privado, alertando para os riscos que essa situação cria na política internacional.
Entre as medidas defendidas por ela está um maior rigor fiscal contra multinacionais e mesmo um acordo para o clima. "Queremos mesmo viver em um mundo onde 1% detém mais que todos nós juntos?"questionou. "A escala da desigualdade global é assustadora e, apesar do tema estar na agenda política, a diferença entre pobres e ricos apenas aumenta", atacou.
Segundo ela, líderes como Barack Obama e a gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, de fato estão falando cada vez mais sobre o assunto. Mas a Oxfam alerta que pouco tem sido feito além de discursos.
Fonte: Estadão Notícias - 19/01/2015 e Endividado
Empresas envolvidas na Lava Jato já demitiram mais de 12 mil em 2 meses
por RENÉE PEREIRA
Maior número de cortes ocorreu nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Comperj, no Rio; nas próximas semanas, número deve crescer ainda mais, já que a situação das empresas é delicada e já há pedidos de recuperação judicial
Em menos de dois meses, consórcios formados por empresas envolvidas na operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção em contratos da Petrobrás, demitiram mais de 12 mil trabalhadores em todo o Brasil, segundo balanços das centrais sindicais. Para as próximas semanas, são esperadas novas rescisões, especialmente por causa da deterioração financeira de muitas empresas que caminham para a recuperação judicial - ou já entraram nesse processo.
A situação é grave. De um dia para o outro, centenas de trabalhadores ficaram sem emprego e sem dinheiro - muitos deles ainda não receberam a indenização da rescisão e estão em sérias dificuldades financeiras. Os piores casos são verificados na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), dois megaempreendimentos da Petrobrás que envolvem centenas de contratos com empreiteiras. Mas, segundo os sindicatos, as demissões também atingem projetos no Rio Grande do Sul e Bahia.
Os problemas surgiram com a sétima fase da operação Lava Jato, da Polícia Federal, desencadeada na primeira quinzena de novembro e que prendeu executivos de várias construtoras, como Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior, UTC, Engevix, Iesa, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão. No fim de dezembro, a situação se complicou ainda mais com a lista de 23 empresas proibidas de participar de novas licitações da Petrobrás.
Sem crédito no mercado e com o caixa debilitado pela falta de pagamento da estatal, que também não tem reconhecido aditivos bilionários das contratadas, as construtoras começaram a atrasar salários e a demitir. A campeã de desligamentos é a Alumini (ex-Alusa), que pediu recuperação judicial na quinta-feira. Na Refinaria Abreu e Lima, demitiu 5 mil funcionários, mas pagou apenas 58% do valor da rescisão, afirma o diretor do Sindicato das Indústrias de Construção de Pernambuco (Sintepav), Leodelson Bastos.
Segundo ele, a irregularidade no pagamento das rescisões tem sido geral nas obras da Abreu e Lima. "Na Engevix, 700 funcionários foram demitidos e, por enquanto, eles só receberam o FGTS. Na Galvão, apenas 60% dos mil demitidos receberam." No consórcio Coeg, formado pelas empresas Conduto e Egesa, 500 funcionários foram mandados embora e 337 ainda não receberam a indenização, completou ele. "Aqueles que continuam trabalhando para o consórcio estão com os salários atrasados." A Engevix afirmou que, como as demissões ocorreram em dezembro, nem todos os processos foram concluídos.
Férias. Na Bahia, a crise afetou o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, formado por Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki. A empresa demitiu 970 trabalhadores entre dezembro e janeiro, afirmou o vice-presidente do Sintepav-BA, Irailson Warneaux. Segundo ele, para evitar um número maior de demissões, já que a Sete Brasil (companhia que faz a contratação das sondas de perfuração) interrompeu os repasses para o estaleiro, a forma encontrada entre o sindicato e a empresa foi dar férias para mil funcionários até 31 de janeiro.
Além disso, diz o sindicalista, ficou estabelecido que os demitidos terão prioridade na contratação quando as obras voltarem ao ritmo normal. Em nota, a companhia afirmou que, com 82% do projeto concluído, foi orientada a fazer um ajuste no quadro de funcionários para readequar o planejamento da construção. "Apesar de reconhecer o período de dificuldade enfrentando pela indústria naval brasileira, a empresa mantém sua operação industrial na Bahia para fabricação das seis sondas de perfuração para exploração do pré-sal."
No Comperj, as demissões também estão se alastrando. A maior dor de cabeça dos sindicalistas é a Alumini, que não paga nem os salários dos 2,5 mil trabalhadores ativos nem a terceira parcela da rescisão dos 469 demitidos. Como não cumpriu um acordo com o sindicato de Pernambuco, um juiz de Ipojuca (PE) bloqueou a conta da empresa.
O balanço de trabalhadores demitidos no Comperj aponta para 4,1 mil funcionários, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Montagem e Manutenção Industrial da Cidade de Itaboraí (Sintramon).
Segundo o vice-presidente da central sindical, Marcos Hartung, outros consórcios como o TE-AG (da Techint e Andrade Gutierrez), CPPR (Odebrecht, Mendes Junior e UTC) e a empresa GDK também demitiram nos últimos dias. Alguns alegam que as demissões ocorreram por causa do fim das obras.
Na avaliação do economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, em outra circunstância, essa mão de obra seria rapidamente absorvida. Mas ele lembra que o País vive um cenário de diminuição do nível de emprego. "A gente já vem observando uma geração negativa no setor da construção."
Fonte: Estadão - 18/01/2015 e Endividado
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