O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse na tarde desta terça-feira, 16, que, ao fim de 2014, será possível que a inflação fique abaixo do teto da meta, de 6,5% ao ano. Ele mencionou o limite de 0,86% para a inflação de dezembro. Até esse patamar, a inflação medida pelo IPCA encerraria o ano abaixo do teto da meta, segundo cálculos do próprio IBGE. "Acreditamos que a inflação em dezembro será menor que isso e estaremos abaixo de 6,50%", disse Tombini.
Na parte da audiência em que responde às considerações dos parlamentares, Tombini disse que a incidência de tributos indiretos com maior força nas camadas de renda menos favorecidas é um traço universal e evitou comentar sobre "temas específicos" relacionados ao assunto. "Certamente nossos colegas estarão bem posicionados para entrar em detalhes", disse.
Tombini ainda destacou avanços na área de inclusão financeira e a ampliação do uso do sistema de pagamentos brasileiro. "Nós no BC temos trabalhado na regulação para permitir essa expansão e temos visto progresso importante na inserção social do brasileiro", disse. Sobre a obra de Thomas Piketty, "O capital no século XXI", sobre concentração de renda, Tombini disse que "novos estudos com novas bases ajudam a entender padrão de evolução da distribuição da renda no País". O presidente do BC ponderou, entretanto, que é necessário "olhar os estudos delimitados no período estudado e lembrar da limitação da base de dados utilizadas".
Para o presidente do BC a atual situação econômica internacional "recomenda políticas adequadas" para enfrentar o atual cenário de crise. "É importante que tenhamos políticas bem ajustadas para enfrentar esse período". Ele admitiu que não será fácil o governo cumprir a meta de economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o pagamento dos juros da dívida "numa conjuntura que não é das mais benignas, para usar um eufemismo". No entanto, segundo Tombini, a entrega desse superávit primário em 2015 ajudará a fortalecer a confiança dos consumidores e dos empresários.
Tombini citou rapidamente a crise da Rússia, de onde os investidores estão fugindo por conta das sanções internacionais e de uma perspectiva cada vez mais sombria sobre a economia do país. "Esse processo decorre de um movimento maior: a queda acentuada do preço do petróleo, que está refletindo em importantes países", explicou. Segundo ele, a Rússia aumentou em quase sete pontos os juros na tentativa de estabilizar o rublo.
De acordo com ele, em momentos de crise como esse, há um impacto em todos os países, assim como aconteceu quando o Federal Reserve anunciou que o plano de retirada de estímulos à economia americana. "Mas ao longo do tempo os países vão sendo separados: políticas mais sólidas, colchões de proteção, tudo isso vai ajudar nesse processo de normalização das condições monetárias", afirmou.
Estadão Conteúdo e R7
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