segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Feliz 2016!, por Vilson Antonio Romero*

 O ano de 2015 será nosso Rubicão! Como em janeiro de 49 a.C., o general e estadista romano Caio Júlio César tomou uma decisão crucial: atravessar o Rubicão, nós, brasileiros, neste ano e talvez no próximo, teremos de “apertar o cinto”, poupar, como sinônimo de “pensar grande”, ultrapassar fronteiras. O que significa que teremos à frente, como já alardeado, um caminho difícil e desconfortável. De arrocho e ajuste!
O navio está fazendo água! O iceberg do desgoverno, do clientelismo, do descontrole e da corrupção atingiu em cheio o casco do transatlântico Brasil. Para a operação de resgate foi chamado um engenheiro naval. Como conserto urge, a equipe do engenheiro ameaça promover um ajuste “firme e rápido” na economia, evitando adiar decisões e buscando se antecipar a problemas.
Na contramão do controle das contas públicas, o parlamento deu um excepcional mau exemplo, brindando as cúpulas dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) com aumentos que superam os 30%, a um custo de bilhões ao ano, com repercussão em cascata nos estados. E o povo, ó! Quem vai pagar a conta? Nós, é óbvio!
Quanto ao programa de ajustes ainda em especulação pela nova equipe econômica, devemos ter algo como o que ensinava o pensador e historiador florentino Niccolò di Bernardo dei Machiavelli em sua cantada e recantada obra “O Príncipe”, Maquiavel (portuguesando o nome) deixa claro que o mal deve ser feito de uma única vez e o bem deve ser feito aos poucos. Afinal, a população tem comprovada memória curta, curando rapidamente as feridas do mal sofrido, mas lembrando do bem que continuaria sendo feito (em doses homeopáticas).
Num cenário atual da economia, com a inflação alta, crescimento fraco e dificuldade de caixa, a ordem será preservar a geração de emprego, sem intervencionismo, trabalhando com tarifas realistas, evitando usar recursos públicos para impedir reajustes. Sinaliza-se que será deixada de lado a “contabilidade criativa”, com manobras fiscais para adiar pagamentos, que põem por terra a credibilidade da política fiscal do governo.
Sacrifícios sem “solavancos”, dizem, mas será com certeza, um período difícil, apesar de ninguém reconhecer ainda a crise aguda na economia. Apesar de fraco, o PIB brasileiro pode voltar a crescer. Na fórmula, aumento de receita e corte de despesas, de ordem de R$ 50 bilhões em 2015. Prenuncia-se também a volta da cobrança da Cide (contribuição para regular preços dos combustíveis), aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre importados e mudança na tributação de cosméticos. Além de um contingenciamento no roçamento da União de 2015, que pode superar os R$ 50 bilhões.
Com tudo isso, só nos resta desejar um feliz 2016, pois 2015 não será fácil.

*Jornalista e auditor-fiscal


Fonte: Correio do Povo, página 2 de 29 de dezembro de 2014.

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