O ano de
2015 será nosso Rubicão! Como em janeiro de 49 a.C., o general e
estadista romano Caio Júlio César tomou uma decisão crucial:
atravessar o Rubicão, nós, brasileiros, neste ano e talvez no
próximo, teremos de “apertar o cinto”, poupar, como sinônimo de
“pensar grande”, ultrapassar fronteiras. O que significa que
teremos à frente, como já alardeado, um caminho difícil e
desconfortável. De arrocho e ajuste!
O navio
está fazendo água! O iceberg do desgoverno, do clientelismo, do
descontrole e da corrupção atingiu em cheio o casco do
transatlântico Brasil. Para a operação de resgate foi chamado um
engenheiro naval. Como conserto urge, a equipe do engenheiro ameaça
promover um ajuste “firme e rápido” na economia, evitando adiar
decisões e buscando se antecipar a problemas.
Na
contramão do controle das contas públicas, o parlamento deu um
excepcional mau exemplo, brindando as cúpulas dos três poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário) com aumentos que superam os
30%, a um custo de bilhões ao ano, com repercussão em cascata nos
estados. E o povo, ó! Quem vai pagar a conta? Nós, é óbvio!
Quanto
ao programa de ajustes ainda em especulação pela nova equipe
econômica, devemos ter algo como o que ensinava o pensador e
historiador florentino Niccolò di Bernardo dei Machiavelli em sua
cantada e recantada obra “O Príncipe”, Maquiavel (portuguesando
o nome) deixa claro que o mal deve ser feito de uma única vez e o
bem deve ser feito aos poucos. Afinal, a população tem comprovada
memória curta, curando rapidamente as feridas do mal sofrido, mas
lembrando do bem que continuaria sendo feito (em doses homeopáticas).
Num
cenário atual da economia, com a inflação alta, crescimento fraco
e dificuldade de caixa, a ordem será preservar a geração de
emprego, sem intervencionismo, trabalhando com tarifas realistas,
evitando usar recursos públicos para impedir reajustes. Sinaliza-se
que será deixada de lado a “contabilidade criativa”, com
manobras fiscais para adiar pagamentos, que põem por terra a
credibilidade da política fiscal do governo.
Sacrifícios
sem “solavancos”, dizem, mas será com certeza, um período
difícil, apesar de ninguém reconhecer ainda a crise aguda na
economia. Apesar de fraco, o PIB brasileiro pode voltar a crescer. Na
fórmula, aumento de receita e corte de despesas, de ordem de R$ 50
bilhões em 2015. Prenuncia-se também a volta da cobrança da Cide
(contribuição para regular preços dos combustíveis), aumento da
alíquota de PIS/Cofins sobre importados e mudança na tributação
de cosméticos. Além de um contingenciamento no roçamento da União
de 2015, que pode superar os R$ 50 bilhões.
Com tudo isso, só nos
resta desejar um feliz 2016, pois 2015 não será fácil.
*Jornalista e
auditor-fiscal
Fonte: Correio do Povo,
página 2 de 29 de dezembro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário