Uma confusão entre parlamentares e manifestantes que ocupavam as galerias do plenário do Congresso Nacional levou o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) a suspender e adiar para amanhã (3), às 10h, a sessão do Congresso Nacional para votar dois vetos e o projeto de lei que altera o cálculo do superávit primário.
Presidente do Senado, Renan Calheiros, preside sessão plenária do Congresso Nacional para apreciar e votar vetos e projeto de lei que muda a meta fiscal /Valter Campanato/Agência Brasil
O tumulto com os manifestantes começou durante o discurso da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Incomodada com a situação, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) interpelou Renan, solicitando que ele providenciasse a retirada das pessoas das galerias. O presidente do Congresso então determinou aos seguranças que esvaziassem as galerias, mas parlamentares da oposição reagiram e se juntaram aos manifestantes.
Os seguranças agiram para cumprir a ordem de Renan. Houve empurrões entre os seguranças, parlamentares e manifestantes. Eles chegaram a usar os equipamentos de choque. O professor de história Alexandre Ângelo, de Goiânia, disse que um segurança lhe pediu para deixar a galeria e, como não obedeceu, foi agredido com choque elétrico. “Pediram para eu sair. Eu disse não. Então, o segurança disparou a arma de choque e desmaiei”, ressaltou.
A aposentada Ruth Gomes, de 79 anos, disse que também foi empurrada e depois sofreu uma “gravata” de um dos seguranças, chegando quase a desmaiar. Enquanto o tumulto tomava conta das galerias, agressões verbais e até empurrões ocorriam dentro do plenário, envolvendo parlamentares contra e a favor da aprovação do projeto que muda a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor para alterar o superávit primário.
O senador Renan Calheiros tentou, mas não conseguiu, negociar uma saída para o impasse e teve que encerrar a sessão sem votar nada. “Esta obstrução é única em 190 anos do Parlamento. Vinte e seis pessoas assalariadas impedindo os trabalhos do Congresso. Isao não é possível”, disse. Ao mesmo tempo, na mesa de trabalho, alguns deputados agrediam verbalmente os colegas.
Parlamentares da oposição permaneceram durante todo o tumulto ao lado dos manifestantes, prestando apoio e solidariedade. “Nunca aconteceu uma coisa dessas aqui no Parlamento. Isso foi deprimente. É inaceitável. É inadmissível. Eles não vão conseguir transformar o Congresso no Parlamento bolivariano”, disse o líder da oposição, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). “Na época em que fomos governo, a esquerda sempre ocupou as galerias e nunca aconteceu nada do que se viu hoje. Estamos vendo muita truculência”.
Em acareação na CPMI, ex-diretores da Petrobras divergem sobre propina
Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil Edição: Jorge Wamburg
A acareação dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró está sendo realizada, neste momento, na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na petroleira. O primeiro assunto colocado pelos parlamentares para esclarecimento entre os dois foi o pagamento de propina no contrato da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Na condição de diretor responsável, à época, pela compra da refinaria, Cerveró negou que tenha havido pagamento de propina nos contratos referentes a essa transação e em outros da Petrobras. “Eu desconhecia. Pelo fato de desconhecer, para mim, não havia [pagamento de propina]”, voltou a afirmar Cerveró hoje. Em seguida, questionado sobre uma carta escrita por ele que propiciou a compra da refinaria, ele disse que não recebeu propina por isso. “Eu não recebi nada, eu fiz um procedimento normal. Eu não recebi nada por essa carta”, reiterou.
Sobre o assunto, Paulo Roberto Costa se limitou a dizer que reitera o que já disse ao juiz Sérgio Moro, nos depoimentos que prestou em Curitiba. Em setembro, o Jornal Nacional, da TV Globo,informou que Costa havia admitido para o juiz ter recebido, ele próprio, R$ 1,5 milhão de propina pelo contrato da Refinaria de Pasadena.
No início da acareação, Costa foi o primeiro a falar e começou dizendo que tudo o que já disse nos depoimentos da delação premiada tem comprovação. “Não tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. Porque a delação é um instrumento extremamente sério, não podem ser usados artifícios, não pode haver mentira, nem coisas que não se possa confirmar depois”, afirmou. “Falei de fatos, falei de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas serão conhecidas”, enfatizou.
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Paulo Roberto é apontado pela Polícia Federal como uma das pessoas no topo de uma organização que intermediava o pagamento de propina de empreiteiras a partidos políticos e agentes públicos para conseguir contratos com a Petrobras. Na condição de diretor de Abastecimento da empresa, ele admitiu à Justiça – em depoimento aberto, fora da delação premiada – que era responsável pelo recebimento do dinheiro de propina que posteriormente seria repassado ao PP, ao PT e ao PMDB.
CPMI da Petrobras faz acareação de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró Antonio Cruz/Agência Brasil
No início do depoimento de hoje na CPMI, ele se disse arrependido do que fez e até mesmo de ter aceitado uma indicação política para chegar ao cargo de diretor da Petrobras. Segundo ele, foi essa indicação que o levou à condição de réu atualmente. “Mas, em todos os governos, desde o governo Sarney, o governo Collor, o governo Itamar, o governo Fernando Henrique, o governo Lula e o governo Dilma, em todos os governos, só se chega ao cargo de diretor da Petrobras se tiver uma indicação política. E eu aceitei essa indicação, da qual me arrependo amargamente, porque agora estou aqui”, disse. De acordo com ele, o mesmo esquema que ocorre com obras da Petrobras repete-se em todos os contratos públicos feitos no país, incluindo ferrovias, portos e aeroportos.
Logo em seguida, Cerveró disse que sua defesa está sendo paga pela Petrobras por meio de um seguro que é feito pela companhia para custear a defesa de seus funcionários em processos que estejam relacionados à gestão. “Esse seguro só cobre a defesa. No caso de condenação ou dolo comprovado, o seguro tem que ser ressarcido pelo responsável”, esclareceu em seguida.
Nestor Cerveró começou a acareação comunicando aos parlamentares que não iria responder a perguntas formuladas com base em vazamento de informações do processo à imprensa. “Não vou responder a perguntas que sejam extraídas de possíveis vazamentos ou ilações da mídia. Não vou responder a perguntas que eu desconheço e que os senhores também desconhecem”, disse.
A acareação continua e os dois respondem a perguntas dos membros da CPMI.
CURIOSIDADES NO ORÇAMENTO DA PREFEITURA DO RIO DE 2015!
1. Secretaria de Saúde: Pessoal e Encargos R$ 1 bilhão 571 milhões / Despesas com as OSs - organizações sociais: R$ 1 bilhão e 679 milhões.
2. Comlurb: R$ 1 bilhão e 769 milhões de reais. (Em 2008 a Comlurb gastou R$ 638 milhões e em 2009 gastou R$ 700 milhões).
3. Gasto com OSs + Comlurb = R$ 3 bilhões 448 milhões / Receitas com IPTU R$ 2.026 milhões + ITBI R$ 768 milhões + IPVA R$ 653 milhões = R$ 3.447 milhões.
4. Despesas com Juros e Amortização da Dívida Pública: R$ 1 bilhão 331 milhões + Encargos Patronais R$ 741 milhões + Câmara Municipal R$ 345 milhões + TCM R$ 169 milhões = R$ 2 bilhões 586 milhões. / Receita com ICMS R$ 2 bilhões e 780 milhões.
5. Investimentos: R$ 6 bilhões 302 milhões / Receitas de ISS R$ 5 bilhões 826 milhões + FPM R$ 313 milhões + Royalties do Petróleo R$ 84 milhões = R$ 6 bilhões 223 milhões.
6. Previsão para 2015 de Resultado Primário (Receitas e Despesas Primárias): Déficit (menos - R$ 2 bilhões 526 milhões).
7. Receitas Tributárias: R$ 9 bilhões 716 milhões. As Receitas Tributárias em 12 meses até agosto de 2014: R$ 8 bilhões e 646 milhões. Um crescimento de 12,7% quase o dobro da inflação (6,10%) + crescimento previsto para o PIB no orçamento de 2015 (+ 1,5%).
Ex-Blog do Cesar Maia
Principal atração do Dia Nacional do Samba, trem só sai no sábado
Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
Comemorado oficialmente em 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba tem, há cinco anos, sua principal atração no Rio de Janeiro transferida para o primeiro sábado do mês sempre que a data cai em um dia útil. A mudança se deu a pedido da SuperVia, a concessionária de trens urbanos, para não prejudicar a circulação das composições no horário de pico do fim da tarde. O Trem do Samba arrasta multidões no trajeto entre a Central do Brasil e o bairro Oswaldo Cruz, na zona norte da cidade.
Este ano não será diferente. No próximo sábado (6), a 19ª edição do evento terá pelo menos 20 rodas de samba a partir das 13h, na Estação da Central, dando início à festa , e 36 dentro dos vagões, no percurso até o bairro vizinho a Madureira e também considerado celeiro de gerações de sambistas cariocas. A grande homenageada este ano será a compositora Dona Ivone Lara, que está com 93 anos.
A tradição do samba nos trens do subúrbio carioca começou na década de 20 com um dos fundadores da Escola de Samba Portela, Paulo Benjamin de Oliveira, mais conhecido como Paulo da Portela. Somente em 1992, no entanto, por iniciativa do portelense Marquinhos de Oswaldo Cruz, é que foi criado o Trem do Samba, que começou com apenas um carro de uma composição, reunindo algumas dezenas de sambistas.
Hoje, o Trem do Samba é formado por cinco composições. A primeira partirá às 18h, levando a velha guarda das escolas de Samba Mangueira, Portela, Império Serrano e Vila Isabel, além de Marquinhos de Oswaldo Cruz. Em seguida, mais quatro composições sairão a cada 20 minutos, levando grupos, blocos e sambistas animando cada um dos vagões.
“Desta vez, vamos reforçar ainda mais a memória. O trem vem para colorir esse grande museu de bens imateriais, que é o bairro Oswaldo Cruz”, antecipou Marquinhos. “Vamos ter aquelas rodas de samba de sempre, partido alto, mas também shows em três palcos. Vamos ter o Baile do Almeidinha, com um dos maiores bandolinistas do mundo, Hamilton de Holanda”.
Apesar de profundamente ligada ao Trem do Samba, a data foi lembrada nessa terça-feira com outros eventos, como um show da Velha Guarda da Mangueira no auditório do Serpro, no Andaraí, e a inauguração da exposição Cenários da Mangueira, no Centro Cultural Cartola, localizado na própria comunidade, na zona norte. Para o ator, escritor, produtor cultural e sambista Haroldo Costa, o Dia Nacional do Samba é uma data que pegou.
“Há datas que não pegam, mas o Dia Nacional do Samba pegou. É uma data séria. Foi resultado de um congresso [1º Congresso Nacional do Samba, em 1962]. O samba é o ritmo que está presente no Brasil inteiro. Todos nós devemos parabenizá-lo por essa data”, disse.
Filme sobre dom Pedro Casaldáliga tem pré-estreia em São Félix do Araguaia
Michèlle Canes - Enviada Especial da Agência Brasil/EBC Edição: Graça Adjuto
Pré-estreia do filme Descalço sobre a Terra Vermelha, que conta a história de dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (Wilson Dias/Agência Brasil)Wilson Dias/Agência Brasil
Olhos atentos. Ninguém queria perder nenhuma das cenas. Na tela, o filme Descalço sobre a Terra Vermelha conta a história da vida e da luta de dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), ao lado da população da cidade, pelos direitos dos menos favorecidos. Cerca de 300 pessoas estiveram ontem (2) à noite na pré-estreia da obra. A exibição foi no centro comunitário da cidade e contou com a presença do próprio dom Pedro, o que emocionou muita gente.
Na plateia, pessoas de todas as idades acompanhavam a narrativa. Entre elas estava o agente comunitário de saúde José Carlos Abreu que, muito emocionado, falou sobre sua presença no filme como figurante. “A gente foi criado praticamente na Prelazia. Dez irmãos, família pobre e tivemos total apoio da Prelazia. Me ver hoje gravando a cena, atirando em dom Pedro, me emocionou demais. Estou tremendo até agora e me sinto na obrigação de pedir perdão a ele pela cena que fiz”, comenta.
A servidora pública Maria Lúcia de Souza também participou das filmagens. “Durante todo o filme, senti nossa história viva. Achei muito forte também pelo fato de Pedro estar assistindo junto”. Assim como ela, outro morador de São Félix, o agente pastoral Chico Machado, se viu pela primeira vez na produção. “A gente nem acredita que a história que se passou está sendo mostrada ali, no cinema, de maneira muito cruel e conflitiva, mas muito bonita. A juventude precisa ver isso e entender que o sonho, os ideais, a utopia estão muito presentes”. Os três fazem parte de um grupo de aproximadamente 1.300 moradores da região que trabalharam nas filmagens como figurantes.
Morador da cidade, Raimundo Oliveira também não perdeu a chance de ver a obra e ficou até o fim. “Eu gostei muito do filme e a gente fica muito satisfeito de ver o mundo tomar conhecimento da vida do povo de São Félix. É importante porque fica uma lembrança do sofrimento daquelas pessoas”.
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Não foram só os moradores de São Félix que prestigiaram a produção. A policial militar Mirian Dias veio de Barra do Garças e pôde conhecer um pouco mais da vida do bispo. ”Foi possível ver a outra versão da história porque muitas pessoas criticam sem conhecer a vida dos posseiros, dos indígenas”. Para ela, o registro é muito importante. “É fundamental repassar o que dom Pedro viveu naquele período porque esse tipo de situação ainda está impregnado na região. Foi reconhecer tudo o que ele fez, para o mundo saber quem é ele”.
Outra moradora de Barra do Garças, a estudante Nágila Oliveira, falou emocionada sobre o filme a que tinha acabado de assistir e a importância do registro para as futuras gerações. “Guardei um monte de lágrimas em muitas horas. Deu para conhecer muito bem a luta dele, que vai continuar por meio desse filme, porque ela não acabou”.
O autor do livro que deu origem ao filme, Francesc Escribano, veio para acompanhar a pré-estreia e disse que a história de Pedro precisa ser conhecida pelo mundo. “É uma história muito importante, que fez o povo da região ganhar a sua dignidade e liberdade”. Para Escribano, a participação da população no filme foi essencial. “O apoio de ter a gente daqui fez com que todo mundo colocasse o coração no filme e isso se mostrou no resultado final. Por isso, em todos os festivais de que participamos, ganhamos prêmios”
Pré-estreia do filme Descalço sobre a Terra Vermelha. Dom Adriano, bispo de São Félix do Araguaia, e dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito (Wilson Dias/Agência Brasil)Wilson Dias/Agência Brasil
Uma das premiações ocorreu neste ano. Dirigido pelo cineasta catalão Oriol Ferrer, o filme ganhou os prêmios de melhor ator (Eduard Fernández que interpreta dom Pedro) e melhor trilha sonora original na 27ª edição do Festival Internacional de Programas Audiovisuais (Fipa), na França. A produção também foi premiada no New York International TV & Film Awards.
A obra é uma coprodução da TV Brasil com a televisão espanhola TVE e a catalã TVC. O diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Eduardo Castro, disse que outras emissoras públicas vêm demonstrando interesse na produção e destacou a importância do registro. “É uma história que não é só emocionante, mas que precisava ser contada, e a gente tem muito orgulho de fazer parte disso”. A diretora de Jornalismo da EBC, Nereide Beirão, e a diretora interina de Produção, Myriam Porto, também estiveram presentes na pré-estreia.
O secretário nacional de Articulação Social da Presidência da República, Paulo Maldos, participou do evento. Ele disse que durantes muitos anos acompanhou de perto os acontecimentos na região, o que o aproximou também das filmagens da obra. “Quando eu soube que o filme estava pronto, vi uma primeira parte, causou muito impacto. Ver aquilo foi marcante”.
Dom Pedro Casaldáliga ficou no centro comunitário até o fim da exibição. Em conversa com a equipe da EBC, o bispo, que tem dificuldade para falar devido ao mal de Parkinson , disse que tinha receio de ser retratado como protagonista da luta de São Félix e ressaltou que as conquistas foram resultado da luta e da caminhada de muitos.
A produção poderá ser acompanhada pelos espectadores da TV Brasil nos dias 13, 20 e 27 de dezembro, sempre às 22h30 (horário de Brasília).
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