quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O ÚLTIMO CARIMBO EM PASSAPORTE NO MURO DE BERLIM!

1. Ex-Blog: Conte essa história que você conseguiu o último carimbo da polícia de fronteira da Alemanha Oriental no Muro de Berlim. Cesar Maia: Não foi assim. Mas foi quase. Um dia depois do início da derrubada do Muro de Berlim, um grupo de deputados e senadores brasileiros voltava de uma viagem de estudos em usinas nucleares produtoras de energia elétrica na Alemanha Ocidental. O roteiro final cortava a Alemanha Oriental, quando se poderia comparar os cuidados ambientais, até pela cor das fumaças.
     
2. Ex-Blog: E como ocorreu o carimbo? CM: Estava previsto atravessar a fronteira entre as Alemanhas exatamente no Muro de Berlim. Nosso ônibus tinha todas as autorizações. Quando chegamos à altura do Muro, este estava sendo demolido por centenas e centenas de pessoas. Os policiais de fronteira vibravam e davam ou trocavam seus uniformes. A passagem era alegre e os ônibus atravessavam rapidamente, buzinando e saudando.
     
3. Ex-Blog: E o que ocorreu? CM: Eu pedi que nosso ônibus parasse em frente ao escritório da polícia de aduana. Não disse o que ia fazer. Falei que ia ao banheiro. Entrei e pedi aos policiais que carimbassem meu passaporte. Eles disseram que já não era necessário, eu insisti e eles cravaram o carimbo com letras verdes maiúsculas: DDR, ou seja, República Democrática Alemã.
    
4. Ex-Blog: E o que fez? CM: Em vez de ficar calado e até comprar os carimbos que certamente trocariam por dólares, resolvi sair pulando e gritando: É O ÚLTIMO CARIMBO! É O ÚLTIMO CARIMBO! Resultado, todos no ônibus em que eu estava desceram para conseguir o mesmo carimbo. Um ônibus que vinha atrás quis saber o que estava havendo. Quando soube, desceram todos. E outros ônibus que chegavam, a mesma coisa. Formou-se uma fila de pessoas para conseguir o último carimbo. Resultado, aquilo que poderia ser O ÚLTIMO CARIMBO NO MURO DE BERLIM, foi apenas um entre carimbadas em passaportes de centenas de pessoas.
     
5. Ex-Blog: Do que se arrepende? CM: Claro, de não ter comprado os carimbos. Vendiam-se quepes, cintos e jaquetas, claro que venderiam os carimbos. E eu ficaria com a exclusividade do último carimbo. Atravessamos a fronteira e todos nós descemos, compramos marteletes que camelôs vendiam e levamos as nossas pedras do Muro de Berlim...

Ex-Blog do Cesar Maia

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