Brasil entrou em recessão técnica após 2 trimestres de PIB negativo.
Ministro da Fazenda rejeita termo e fala em 'parada prolongada' da economia.
Do G1, em São Paulo
Variação PIB 2012-2014 - matéria (Foto: G1)
A economia brasileira teve dois trimestres seguidos de Produto Interno Bruto (PIB) negativo, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que o país produziu menos riquezas no período, em comparação com anteriores. No "economês", esse fenômeno é chamado de recessão técnica.
ENTENDA O PIB Índice mede a evolução da economia
Na prática, isso serve como um sinal de alerta, explica o professor do departamento de economia da PUC-SP, Claudemir Galvani. Observa-se as quedas no PIB, que indicam que algo não vai bem, mas ainda não há muitos reflexos diretos na economia.
É diferente da recessão de fato, quando a situação do país está se deteriorando significativamente, e há alta do desemprego e dos índices de falência, queda da produção e do consumo.
O argumento é semelhante ao adotado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao comentar o PIB do segundo trimestre, nesta sexta. "Para mim [a recessão] é uma parada prolongada, como nos países europeus, que ficaram vários trimestres consecutivos com o PIB parado", afirmou. "Aqui (no Brasil) estamos falando de dois trimestres, e sabemos que a economia está em movimento. Recessão é quando tem desemprego aumentando e a renda caindo, aqui temos o contrário."
Segundo o IBGE, na recessão técnica é considerada a possibilidade de recuperação no curto prazo. O instituto entende que houve estabilidade na economia no primeiro trimestre, que teve o PIB revisado para -0,2%. "A gente considera crescimento quando o número é de 0,5% para cima e queda quando é de 0,5% para baixo", explica Rebeca de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. No segundo trimestre, o valor ficou em -0,6%.
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"A partir do terceiro trimestre consecutivo com PIB negativo, o país já pode estar em recessão real, porque é muito tempo sem crescimento e passa a ter reflexos no consumo, emprego etc", explica Galvani.
Na contramão do análise do ministro Guido Mantega, o professor de economia da Universidade São Paulo (USP) Simão Silber considera que o Brasil já está, sim, em recessão. "O país vem de uma desaceleração muito grande. O desempenho da economia está desmanchando, a indústria está desmoronando. Para mim não seria surpresa uma estagnação econômica em 2014", afirma.
Resultados
Os principais impactos no PIB entre abril e junho vieram do recuo nos investimentos (5,3%) e na indústria (1,5%). Para analistas ouvidos pelo G1, a Copa e a crise na indústria foram decisivos para o resultado.
"A principal causa foi a queda dos investimentos. Já tem algum tempo que eles estão caindo, mas a queda foi forte nesse trimestre", analisa Rebeca de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
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