Por Alexa Salomão – via Época Negócios
Versa o discurso que as empresas estão loucas para criar novos produtos e
assumir a vanguarda do mercado e dos lucros. Versa também que elas investem
nos talentos da casa para alcançar objetivo tão essencial à evolução dos
negócios e dos ganhos. Uma pesquisa da consultoria Fellipelli com 700
executivos sinaliza que a realidade não é tão eletrizante assim.
O estudo, divulgada pelo CanalRH, o portal de informação mantido pelo grupo
VR, identificou que os executivos preferem cumprir ordens e executá-las da
forma mais eficiente possível. Nada menos que 58% declararam dedicar tempo e
esforço para promover e organizar tarefas. Apenas 9% investem energia na
busca de novas idéias.
A consultoria avaliou que a falta de inovadores estaria relacionada a traços
de caráter. Primeiro, pouca gente tem perfil arrojado para questionar e
empreender. Segundo, a maioria se intimida com a ideia de fazer diferente.
Imagina que criar é conceber algo grandioso e não percebe que há inovação em
transformar pequenos vícios cotidianos do trabalho.
Será que é só por isso?
Talvez a definição de inovação adotada na pesquisa possa explicar melhor
tamanha predileção pela introspecção criativa. O inovador “diverge, avalia
possibilidades, apoia mudanças, desafia o ‘status quo’, conecta ideias com
necessidades e necessidades com ideias”.
Falando francamente: são os chefiados que não estão prontos para falar ou os
chefes que preferem não ouvir? Quantos realmente estão preparados para
liderar e aproveitar o talento de pessoas que “divergem e desafiam o status
quo”? E em que gavetas se guardam os egos? E onde fica o medo de perder a
cadeira para o outro? Afinal, se a orientação é valorizar gente criativa
como é que os meros executores são maioria e ainda estão lá, bem remunerados
e firmes em seus postos?
Sem querer, a pesquisa denuncia uma faceta nebulosa da cultura corporativa
brasileira – o culto ao puxa-saquismo. Dizer “sim senhor” ainda é muito mais
seguro, confortável e valorizado do que levantar a mão no meio da reunião e
contra-argumentar: “discordo e tenho uma sugestão para fazermos mais e
melhor”. Talvez seja pelo traço cultural – e não pela deficiência financeira
– que a falta de inovação seja um dos piores males das empresas brasileiras.
Comentário:
Sempre vi os inovadores como inconformados que não aceitam a estagnação das
empresas. E não é uma crítica, muito pelo contrário, pois sou assim. Detesto
a mesmice e acho que sempre há algo que pode ser melhorado em cada processo.
Existe o estado da arte, claro, mas ele não é eterno; um dia vai se tornar
obsoleto e inovações serão necessárias. Sempre.
Quem foi mesmo que disse que “a mudança é a única constante”? – Parece que
foi Heráclito de Éfeso… – Pois é.
A nossa área de atuação, a Gestão da Qualidade, tem como traço fundamental o
conceito da melhoria contínua. O texto da Alexa evidencia o que estamos
cansados de enfrentar no dia a dia: propomos mudanças, melhorias, mas
sofremos enorme resistência na implementação…
As frases comuns como “Sempre foi assim…” e “Em time que está ganhando não
se mexe” parecem ser as máximas da maioria das corporações. Nunca me
conformei em ouví-las, mas às vezes, por auto-preservação, tive que engolir…
até poder provar que estavam erradas e usar na hora certa…
Ah! Uma frase que define bem o espírito dos inovadores:
“As coisas podem chegar até aqueles que esperam, mas são somente sobras
deixadas por aqueles que lutam”. Abraham Lincoln.
Murilo Muniz
(67) 8468 1968
Dourados - MS
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