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sábado, 30 de abril de 2005

Suicídio de Hitler completa 60 anos

Ditador nazista se matou com um tiro na cabeça.

Nas ruas de Berlim, as forças soviéticas e alemãs se enfrentavam no fim apocalíptico da II Guerra Mundial. O pó era a única coisa que restava sobre o entulho de prédios inteiros destruídos.

Mas nove metros sob a terra, no bunker de Adolf Hitler, era possível escutar o barulho de um alfinete caindo.

O primeiro-sargento da SS Rochus Misch, guarda-costas de Hitler, havia recebido a ordem de que ninguém deveria perturbar o Führer. Todos sabiam o que isso significava.

  • Não ouvimos nenhum disparo, não escutamos nada, mas um de nós se virou e disse: “Acho que acabou” - recorda Misch.

    Misch lembra claramente do momento em que entrou na sala. O que viu ficou guardado para sempre na memória: Hitler estava caído sobre uma mesa, com uma mancha de sangue escorrendo da ferida aberta pelo tiro que deu na cabeça.

O estudante de arte e soldado da I Guerra Mundial que abriu caminho para o poder entre lutas e intrigas, que conquistou boa parte da Europa no início da década de 40 e que foi o responsável pelo Holocausto – o assassinato de 6 milhões de judeus –, pôs fim a sua vida, aos 56 anos, no dia 30 de abril de 1945, há exatamente 60 anos. Uma semana depois, a guerra terminaria com a capitulação incondicional da Alemanha.

Perto de Hitler, estava sua mulher, Eva Braun, morta pelo efeito de cianeto.

  • Eva estava deitada no sofá, com os joelhos para cima e a cabeça voltada na direção dele – afirmou Misch.

Em um momento, o silêncio se transformou em caos. Misch subiu correndo as escadas para dar a notícia a seu superior. Quando voltou ao porão, o cadáver de Hitler havia sido colocado em um lençol no chão. O líder nazista e sua mulher foram levados a um jardim na superfície. Seus corpos foram incinerados. Um guarda da SS gritou para Misch:

  • Estão queimando o chefe. Vem ver.

Misch preferiu continuar escondido no bunker. Temia que a Gestapo chegasse para matar as testemunhas do suicídio. Ele tinha 27 anos. Hoje, tem 87. Suas histórias já foram contadas muitas vezes, mas segue sendo repetida em um mundo que ainda tenta afugentar aos demônios que criaram o ditador nazista.

Fonte: Zero Hora, página 24 de 30 de abril de 2005.

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Um bispo que fabricou o futuro

Aquele bispo de Santo André que em abril de 1980 carregava pelas ruas a cruz de uma greve perdida poderá ser eleito papa. Pelo que se entende, o franciscano Cláudio, cardeal Hummes, está na lista dos prováveis sucessores de João Paulo II, caso o novo Pontífice não seja italiano.

Já que não se pode saber o que sucederá em Roma no futuro, vale revisitar o que se sucedeu em Santo André no ano passado. Dom Cláudio substituiu naquela diocese a uma das grandes figuras do clero brasileiro do século XX. Chamava-se Jorge Marcos Oliveira. Foi o primeiro bispo da cidade e morreu em 1989, aos 73. Hoje na lembrança está embacada, nasce o ABC paulita e produziu bispos como Hummes e políticos como Lula, isso se deveu em boa parte ao descortínio, iniciativa e coragem de dom Jorge Marcos.

O “Bispo dos operários”, como viria a ser chamado, chegou a Santo André em 1954, antes da indústria automobilística. Foi ele quem abençoou a primeira fábrica de motores à gasolina do Brasil, a da Willys, diante de JK. Tinha 38 anos e vinha da incubadora de lideranças da arquidiocese do Rio, comandada pelo regalista Jaime Câmara.

Dom Jorge Marcos foi um estimulador da Juventude Operária Católica, a JOC. Seu objetivo era criar uma liderança cristã no chão das fábricas. Nessa época, Lula, com 9 anos, ainda morava em Santos. Cláudio Hummes, com 20, estava no seminário.

Como ensinou o professor José de Souza Martins: “Lula não sabia, porque ainda não era senão o anônimo, mas essa opção da Igreja começava o movimento de constituição de uma força partidária católica de esquerda, anticomunista.”

O bispo de Santo André ia conseguindo criar essa nova militância, até que em 1964 veio a ditadura. Dom Jorge Marcos desentendeu-se com o cardeal de São Paulo Agnello Rossi (que se estendia bem mais com os generais). Em 1966 foi proibido de falar na PUC e acabou abrigado pelos dominicanos. A Central Intelligence Agency americana descreveu-se o dizendo que “até os comunistas o olham como um fanático”.

Ele não era um fanático. Batalha nos anos 60 por coisas que pareceriam maluquice nos anos 70 para tornarem-se audaciosas nos anos 80 e banais nos 90. O desgosto com a política levou-o à bebida e à debilidade física. Renunciou à diocese em dezembro de 1975, aos 60 anos. Desde abril daquele ano, o sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo era presidido por Luiz Inácio Lula da silva. Em dezembro, dom Cláudio Hummes tornou-se bispo de Santo André.

Dom Jorge Marcos está sepultado na igreja em cuja nave se realizaram algumas delas reuniões de trabalhadores. Na hora em que o cardeal Hummes e Lula voam para Roma levando esperanças, algumas palavras de dom Jorge Marcos merecem eco.

Em abril de 1980, durante a greve dos metalúrgicos, dois dias depois da prisão de Lula, e da mobilização de centenas de PMs, dom Jorge Marcos mandou uma corta manuscrita ao presidente João Figueiredo. Ele perguntava:

“Por que, Exmo. Sr., os milhões gastos no aparato de guerra se viu no ABC, não foram usados contra os corruptos, contra a violência que graça no Brasil, ou pela salvação dos menores carenciados e dos favelados do próprio ABC?

Passou o tempo e mudaram os aparatos onde se queima o dinheiro da viúva. Lula, por exemplo, comprou um avião. A agenda de dom Jorge Marcos está intacta.

Fonte: Correio do Povo, coluna de Elio Gaspari, página 2 de 6 de abril de 2005.

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Por que azul para menino e rosa para meninas?

A associação é tão comum que nem parece precisar de explicação, mas nem meninos vestiram azul e meninas vestiram rosa. Segundo o livro Dictionary of Omens and Supersticions (“Dicionário de Agouros e superstições”, sem tradução em português), o costume já existia na era pré-cristã, quando se acreditava que algumas cores podiam expulsar os espíritos que rondavam os recém-nascidos. Como bebês do sexo masculino eram mais valiosos, passaram a ser vestidos com roupas azuis, com associada aos espíritos do bem (por ser a mesma do céu). As meninas, quando recebiam alguma atenção, ganhavam roupas pretas, cor símbolo da fertilidade na cultura oriental, de onde possivelmente veio a crença nos espíritos.

Foi no século 19 que o rosa ganhou alguma ligação com a feminilidade, influenciado por uma lenda europeia que diz que as meninas nascem de rosas e os meninos de repolhos azuis. Esse padrão, no entanto, não se disseminou por todo o mundo. Por um bom tempo, na França, as meninas se vestiam de azul, por causa da tradição católica, que associa a cor à pureza da Virgem Maria.

Fonte: Revista Super Interessante, abril de 2005, página 37.

Síndrome de Down

Nosso material genético, os cromossomos andam aos pares. Em que tem Down há um único cromossomo a mais, o 21, formando um trio que provoca alterações por todo o organismo. Algumas estão na cara, com maior ou menor sutileza: os olhos amendoados, o nariz ligeiramente mais achatado. Os portadores em geral têm dificuldade para falar. Sua língua tende a ficar para fora e a boca costuma viver aberta. Isso é minimizado quando a criança com Down faz exercícios específicos, orientados por um fonoaudiólogo.

Outro fator associado é o fraco tônus muscular. “Portadores da síndrome devem fazer mais esforço físico para atingir os mesmos resultados de uma outra pessoa”, compara o médico Zan Mustacchi, do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo. Desse modo, com os movimentos são mais cansativos, a obesidade é uma ameaça constante. Mas ela pode ser controlada com uma dieta equilibrada e, espantando a preguiça justificável no caso, ginástica.

Fonte: Revista Saúde! É Vital, abril de 2005, página 57.