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quinta-feira, 5 de agosto de 2004

A moderna endoscopia já é coisa do passado

A endoscopia tradicional já tem seus dias contados. Há certa de um ano, chegou ao Brasil uma novidade que prometia acabar com o exame do aparelho digestivo que tanto incomodava os pacientes. A cápsula endoscópica fez sucesso, está sendo adotada por vários hospitais do país e os pacientes não se assustam mais com o fato de engolir um objeto eletrônico.

Quando caminha pelo aparelho digestivo, a cápsula envia até 50 mil imagens para um pequeno computador localizado no cinturão. O exame dura oito horas e, enquanto isso, o paciente mantém normalmente suas atividades diárias.

Depois que a cápsula é evacuada (e não-reutilizada) pelo organismo, as imagens que foram capturadas por meio de sensores fixados ao abdômen do paciente são descarregadas para um gravador.

Em seguida, o Data Recorder é processado no Rapid Workstation, um programa que permite ao médico visualizar e analisar o intestino delgado por meio de um filme de vídeo. O recurso possibilita o congelamento das imagens e o arquivamento em CD.

COMPOSIÇÃO – A cápsula de vídeo é do tamanho de uma pílula de vitamina (aproximadamente 1 centímetro de comprimento por 8 milímetros de largura) e é usada junto com um aparelho endoscópio, uma câmera e fonte de iluminação próprias à prova d'água e resistente a mordidas e ao meio ácido.

Esta tecnologia evita cirurgias, permite diagnosticar doenças e sangrentos do sistema digestório e é o único meio eficaz de identificação da Doença de Crohn no intestino delgado.

A Clínica Ana Rosa, de Santo André (SP), foi uma das primeiras empresas do Brasil a adquirir a cápsula endoscópica, assim como os hospitais Sírio Libanês e Albert Eistein, em São Paulo. Ronaldo Oliveira, médico gastroenterologista da clínica explica que a cápsula é indicada principalmente para o diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais.

“Além disso, usamos este recurso para detectar sangramentos digestivos de origem obscura, anemia crônica e tumores intestinais benignos e malignos em que, na maioria dos casos, outros procedimentos frequentemente não alcançaram os resultados esperados”, destaca o especialista.

INVESTIMENTO – o Hospital Albert Eisntein inaugurou a divisão da Cápsula Endoscópica no dia 21 de julho do ano passado e o equipamento custou 60 mil dólares (cerca de 183 mil reais). A última versão do aparelho (adquirida pelo hospital) possui um sistema de localização espacial (tipo GPS) que facilita a localização exata do ponto de sangramento ou da lesão encontrada.

O recurso tem sido utilizado também para diagnosticar problemas no aparelho digestivo e acabar com o sofrimento dos pacientes que passam pela endoscopia tradicional.

Em São Paulo, o exame não é coberto por nenhum plano de saúde e custa entre 3 mil reais e 7 mil reais, dependendo do valor dos honorários do médico que analisa as imagens. (Cibele Gandolpho/AE)

Fonte: O Sul, página 9 do Caderno de Reportagem da edição de 5 de agosto de 2004.

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